Pequeno Mapa do Tempo – Belchior
Por Douglas Dutra
Alguns artistas, como Raul Seixas, atingem a fama e marcam o imaginário popular. Outros, como Hermes Aquino, fazem um breve sucesso e caem no esquecimento.
Entre esses dois polos há um limbo, habitado por artistas de uma magnitude que, mesmo não alcançando o ápice da fama e da popularidade, marcam profundamente a alma de fãs e ultrapassam gerações. Um destes artistas é o cearense Belchior.
Belchior, que o mundo perdeu em abril, nunca foi exatamente esquecido. Belchior fez do seu auto-exílio sua última obra-prima. O sumiço foi uma ode a sua obra, em consonância com o que sempre cantou.
A coletânea “Pequeno Mapa do Tempo: Belchior 70 anos”, lançada há poucas semanas pela Warner, traz um novo fôlego a sempre viva obra do compositor cearense.
Dividida em duas partes, a primeira apresenta os maiores sucessos de Belchior, como “Coração Selvagem”, “Todo Sujo de Batom” e “Paralelas”, enquanto a segunda parte traz versões raras e inéditas.
A segunda parte começa com versões de “Apenas Um Rapaz Latino Americano” e “Como Nossos Pais” gravadas nos anos 80. Na sequência, “Meu Nome é Cem”, country gravada em 1981 para uma coletânea da gravadora. “Sorry, Baby”, uma música pouco conhecida até mesmo por seus fãs, e “A Palo Seco” são apresentadas nas versões lançadas em um compacto de 1973. Lado B do lado B.
O álbum encerra com uma faixa que contém Belchior cantando o Salmo 50 em latim, uma apresentação do produtor Mazzola e uma versão de “Galos, Noites e Quintais”, gravada para um disco promocional da WEA que iniciava suas atividades no Brasil.
Para o fã Fábio Andrade, de Minas Gerais, Belchior é um ícone da utopia na música brasileira. “Aquela casca de resmungão e desistente esconde um homem com muita esperança e fé”. Segundo ele, a coletânea é uma excelente porta de entrada para a obra do artista, “principalmente por relembrar os grandes sucessos, o que é interessante para atrair quem ainda não conhece a obra”.
Sobre a música lançada nessa obra ele comenta, “gostei também de ouvir a canção inédita, já que ele não lançava nada há mais de vinte anos. Isso deixa uma lacuna difícil de ser preenchida. Espero que haja mais material para ser lançado, a gente merece e precisa.”
Pequeno Mapa do Tempo: Belchior 70 Anos já pode ser adquirido em CD nas lojas físicas ouvido pela