Papo calcinha: desvendando o coletor menstrual

Por: Vitória Trescastro

Sustentável, confortável e econômico, o coletor menstrual (ou “copinho”, para as íntimas) é a nova sensação no mundo feminino

Como disse a escritora Elika Takimoto em uma publicação em sua página pessoal do Facebook, “homens, essa postagem não é para vocês. A partir de agora é papo reto só com quem tem útero”. A autora carioca fez voltar à cena o coletor menstrual nesta semana com a postagem que conta a sua experiência com o produto.

Se para muitas mulheres o grande vilão da menstruação é o absorvente, seja ele interno ou externo, o coletor veio para apaziguar essa relação. Em formato de cálice e feito 100% com silicone medicinal (um material macio e flexível), o produto pode ser comprado no Brasil por valores que variam dos R$80 a R$155, dependendo da marca e do modelo. Mesmo que criado na década de 30, o coletor só ficou conhecido aqui na brazuca em meados de 2010.

O coletor ainda levanta dúvidas entre os médicos, mas quem usa garante: é mega confortável, limpinho e prático. O grande bicho de sete cabeças na hora que se conhece o produto é como usar. Antes de colocar pela primeira vez, deve-se fervê-lo por, pelo menos, 5 minutos em uma panelinha esmaltada ou de ágata, ou em um recipiente de vidro no micro-ondas. Depois,é só ver uma das várias dobrar para facilitar a inserção, e pode-se ficar com ele por até 12h, dependendo do fluxo menstrual ou da curiosidade (nas primeiras vezes, a vontade de ver o copinho com sangue é tanta que tem mulher que verifica de hora em hora!).

O coletor não precisa ficar tão próximo ao colo do útero como os absorventes internos, pois como ele cria um vácuo, impede que o sangue escape dali, podendo então ficar mais próximo da entrada da vagina.

A cineasta Kelly Christ, de 23 anos, usa o coletor há mais de 6 meses e conta que conheceu o copinho pela internet, num grupo do Facebook. “Nem sabia do que se tratava, e para falar a verdade nem dei muita bola, porque achava que era uma dessas tecnologias novas que nunca popularizam. Só que com o tempo comecei a ouvir cada vez mais a respeito dele em diversos lugares e contextos”, conta. Depois de uma primeira vez desastrosa, com vazamentos, cólicas e bastante desconforto, ela quase se arrependeu. Mas aí resolveu dar uma segunda chance ao copinho. “Pensei ‘gastei dinheiro à toa, não vou me adaptar!’ Bem dramática. Mas aí depois eu vi mais uns vídeos explicando melhores formas de colocar, descobri que isso só aconteceu porque tinha criado o tal do vácuo, e na segunda vez já deu tudo certo”, explica.

Algumas usuárias dizem que a higiene e a saúde íntima melhoraram muito depois que aderiram ao coletor, já que o produto requer vários cuidados (fervura antes e depois de cada uso, lavar as mãos em cada troca), e ameniza problemas comuns como a candidíase. Parece que o coletor só tem vantagens, porque, além de tudo isso, ele também proporciona segurança para nadar, fazer qualquer exercício e pode durar até 10 anos. Inclusive, melhora o conhecimento feminino acerca do próprio corpo, pois para escolher o copinho perfeito há alguns passos para seguir, como medir a altura do colo do útero, força da musculatura vaginal e fluxo.

Se você, mulher, ficou curiosa e quer conhecer mais sobre o coletor, ou adquirir um, pode obter mais informações no grupo Coletores Brasil – menstrual cups, um dos maiores grupos sobre o tema no Facebook. Mas se você ainda está desconfiada do conforto, Kelly garante que o copinho é tão bom que ela até esquece dele: “Eu preciso colocar o celular despertar para lembrar de tirá-lo”.

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Foto: Laís-Andrade. O coletor é confortável e limpo ao contrário dos absorventes descartáveis que deixam cheiro.

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