O novo formato do Prêmio Multishow 2023
A 30ª edição do Prêmio Multishow trouxe um novo formato e novas categorias, além de ter homenageado grandes nomes da música brasileira
Por Jaime Lucas Mattos / Em Pauta
Realizado na terça-feira, 07, o Prêmio Multishow da Música Brasileira (ou apenas Prêmio Multishow), maior premiação de música do país, chegou à sua 30ª edição trazendo grandes novidades em seu repertório.
Uma das principais mudanças foi no sistema de voto. Antes, o voto popular decidia a maior parte dos vencedores, enquanto um pequeno júri especializado definia os vencedores de apenas algumas categorias. Neste ano, uma mudança interna motivou a criação de uma academia composta por 794 profissionais da música. Essa academia definiu os vencedores em 17 categorias, enquanto o voto popular definiu 5 categorias. Vale mencionar que a categoria “Artista do Ano”, antes decidida por voto popular, não foi votada pela academia, mas pelos artistas que compareceram à cerimônia.
Dentre as mudanças nas categorias, vale o destaque para a criação de categorias por gênero musical (como “MPB do Ano”, “Funk do Ano” e “Sertanejo do Ano”) – todas com vencedores definidos pela academia –, além da criação da “Categoria Brasil”, um prêmio com o intuito de dar destaque para artistas de diferentes regiões do país, e que estejam por fora dos grandes holofotes.
Houve uma grande mudança também na forma da realização da cerimônia. Até o ano anterior, a premiação era transmitida pelo canal de TV fechado Multishow, com comentaristas participando pelo canal de YouTube da emissora. Na 30ª edição, porém, o Prêmio Multishow passou a ter um formato multiplataforma, sendo exibido na TV fechada, no streaming, na TV aberta e no rádio. A transmissão completa da cerimônia, que iniciou às 22:05, aconteceu no Multishow, no Globoplay e na Rádio Globo. A TV Globo transmitiu a cerimônia a partir do segundo bloco, às 23:15.
O show de abertura, comandado por Pedro Sampaio, foi uma celebração à música brasileira, homenageando grandes hits das últimas décadas, mesclando os sucessos antigos com os contemporâneos. Participaram da apresentação os artistas Gabriel o Pensador, Samuel Rosa, NX Zero e Tati Quebra Barraco. Joelma finalizou o ato com a música “Voando pro Pará”, que está viralizando nas redes sociais.
A cerimônia foi organizada com apresentações conjuntas (também chamadas de medleys) de diferentes artistas cantando trechos de suas músicas. Esses medleys foram organizados por gêneros musicais, trazendo apresentações que uniam os artistas com seus ritmos semelhantes, como a apresentação de sertanejo, por Michel Teló e Simone Mendes, e o de música cristã, com Aline Barros e Preto no Branco. Um dos grandes destaques foi a apresentação conjunta de Jão, Melly, IZA e Lulu Santos, que trouxe a música pop para o palco, com os maiores sucessos dos artistas, em uma performance visualmente cativante.
Apesar de que as apresentações conjuntas pudessem ser pontos interessantes da cerimônia, acabou gerando algumas frustrações no público. Normalmente, os artistas que são convidados a se apresentar em premiações têm, no mínimo, 3 minutos para cantar. Em casos de grandes artistas com muitos sucessos, essas apresentações podem chegar a 10 minutos, como já foi o caso de Anitta, IZA e Luísa Sonza em edições anteriores. No entanto, os medleys deste ano só permitiram que os artistas tivessem tempo reduzido em suas apresentações. No medley pop, por exemplo (vídeo abaixo), os 9 minutos tiveram que ser divididos entre quatro artistas, que apresentaram apenas trechos de suas músicas, excluindo-se outros grandes sucessos da performance.
Outro problema com os medleys foi a escolha dos artistas e repertório. Na apresentação de Manu Bahtidão, Marina Sena, Duda Beat e Pabllo Vittar, por exemplo, há uma desarmonia na finalização da performance, em que as quatro artistas estão cantando um trecho de uma mesma música em ritmos diferentes, causando um desconforto aos ouvidos. Além do mais, a música escolhida para que Vittar cantasse, “Triste com T”, é de 2021, enquanto esperava-se que ela fosse cantar uma música mais recente, do álbum “Noitada” (2023).
Apesar dos desconfortos, as artistas conseguiram apresentar bem suas partes individuais. Destaca-se, também, a performance de Ludmilla, que, além de cantar trechos de dois de seus sucessos, finalizou o medley com uma homenagem à MC Kátia, pioneira no funk carioca, que faleceu em agosto.
Outras apresentações de destaque foram a de Luísa Sonza, que cantou um trecho de “Chico” e apresentou sua música nova, “La Muerte”; e a de Liniker, Pitty e Gloria Groove, que homenageou três artistas que faleceram no último ano, sendo eles Erasmo Carlos, Rita Lee e Gal Costa. Abaixo, você pode conferir o lindo tributo feito pelas artistas, com as músicas “Gente Aberta”. “Esse Tal de Roque Enrow” e “Vaca Profana”.
Além das boas – e das não tão boas assim – apresentações musicais, a cerimônia foi comandada por Tatá Werneck, Tadeu Schmidt e Ludmilla, que deram um show de profissionalismo frente às câmeras. Tatá, por exemplo, com seu humor único, deixou a noite mais divertida. Vale mencionar que ela merece os parabéns por conseguir segurar a cerimônia por quase 10 minutos durante um problema técnico nos bastidores. A artista passeou por entre os convidados para conversar e fazer suas piadas e deboches, dando tempo para que a equipe conseguisse resolver os problemas técnicos.
Já que estamos falando de problemas… 1) o áudio dos bastidores, por vezes, sobressaía durante o início ou final de algumas apresentações musicais, o que não deveria acontecer; 2) Durante a participação de Tati Quebra Barraco e Valesca Popozuda, que foram anunciar o vencedor da categoria de “Funk do ano”, as artistas estavam completamente perdidas em relação ao que dizer e ao que fazer diante das câmeras – que é um problema na falta de instruções nos bastidores; 3) O microfone de Tadeu Schmidt deu problema pelo menos quatro vezes durante a premiação. Esses problemas devem ser observados para não serem cometidos novamente na próxima edição.
Outro ponto que deveria ser revisto é o anúncio dos artistas antes de suas performances. Geralmente, em premiações, quando um artista vai se apresentar, ele é anunciado antes, dando um aspecto de organização e de ordem na cerimônia. Na edição de 2023, as performances musicais começaram sem qualquer aviso prévio.
Em se tratando de prêmios, IZA foi o grande destaque da noite, recebendo o prêmio principal, de “Artista do ano”, além de “Capa do ano”, pelo seu álbum “Afrodhit”, e “Pop do ano”, pela música “Fé nas maluca”, em colaboração com MC Carol.
Outros artistas tiveram a sorte de levar dois prêmios para casa. Foi o caso de Simone Mendes (“Hit do ano” e “Sertanejo do ano”, ambas por “Erro gostoso”), Xande de Pilares (“Álbum do ano” e “Samba e pagode do ano”, por seus trabalhos com o álbum de regravações de Caetano Veloso), Ludmilla (“Show do ano”, pela turnê Numanice, e “Voz do ano”), João Gomes (nas categorias de “Brega e arrocha” e “Forró e piseiro”) e Pretinho da Serrinha (com os prêmios de Instrumentista e de Produção musical).
Outros destaques são o prêmio póstumo de “MPB do ano” a Elza Soares, pela canção “No tempo da intolerância”; o prêmio de “Funk do ano” para Dennis e Kevin o Chris, por “Tá ok”; a revelação do ano para a artista estreante Melly; e o prêmio da “Categoria Brasil” para a artista catarinense Isa Buzzi.
Anitta, que não esteve presente na cerimônia, recebeu o prêmio de “Clipe TVZ do Ano”, por “Pilantra”, música em que colabora com Jão. Com este troféu, a artista se equiparou a Ivete Sangalo como as que mais venceram categorias na história do Prêmio Multishow, com 20 troféus cada.
Para ver a lista completa de indicados e de vencedores, acesse o site oficial do Prêmio Multishow. Todas as apresentações musicais são encontradas no canal do YouTube da emissora.