Lucas Oliveira: buscando um Brasil mais justo
Fundador do Movimento de Amor à Comunidade Carente, dá exemplos de superação e engajamento
Por Vitória de Góes
Em um Brasil de tantos rostos sem esperança, onde a oportunidade de dias melhores parece já tão distante, surge no extremo oeste do Brasil, em um estado por muitas vezes esquecido, a vontade de um jovem de levar essa esperança para os rostos aflitos.
Lucas Oliveira, 23 anos, morador de Rio Branco – Acre, mostrou que é capaz de deixar as preocupações pessoais de lado para dar conforto ao próximo. Ele fundou o Movimento de Amor à Comunidade Carente (MACC), uma entidade sem fins lucrativos que visa levar amor e carinho através de ações sociais para comunidades carentes e a quem mais necessite de apoio e atenção.
Mas por que um jovem, como qualquer outro da sua idade, focado em seus estudos e em sua vida pessoal, resolve transformar a vida de moradores do seu estado? As cicatrizes em seu corpo mostram como iniciou uma história de luta, superação e renascimento. Foi em 2015, após um acidente de carro que resultou em 16 cirurgias, que ele veio a compreender a importância da solidariedade. O filho mais velho entre três irmãos, chegou a se despedir de sua mãe ao entrar para a primeira cirurgia, da qual segundo os médicos, havia poucas esperanças de sobreviver.
Por trás de um homem de sorriso fácil e de um abraço acolhedor, se revelam momentos dolorosos em um leito de hospital, onde sua vida esteve ameaçada. Mas ao ver-se melhor e ao perceber a importância de apoio em momentos difíceis, foi que ele resolveu tomar uma iniciativa de levar assistência, aos que assim como ele, passavam por um momento complicado.
Inicialmente, durante sua recuperação, buscou visitar hospitais infantis fantasiado de super-herói, levando felicidade a crianças que estavam enfermas. Com o passar do tempo, o projeto cresceu e foi então que Oliveira criou o MACC, que já de início contava com um grande número de amigos dispostos a fazer o bem, envolvidos pelo prazer de ajudar quem mais necessita.
Algumas das ações voluntárias desenvolvidos pelo movimento, é o auxílio a pessoas com depressão, além da conscientização do problema. Oliveira conta que após receberem essa “semente” de fé, muitos se juntam para fazer parte dos projetos. Dentre outras atividades estão visitas a orfanatos, abrigos, casas de repouso e bairros periféricos levando música, teatro, atividades lúdicas e doações, mas principalmente, um abraço de esperança a quem por muitas vezes só precisa de carinho.
Quando pergunto se o MACC contribui para uma sociedade melhor, o jovem, que muito tem a agradecer pela oportunidade da vida, responde: “Fazemos o que nos é possível, dentro de nossas limitações. Nosso trabalho pode não tornar a sociedade em algo melhor, mas certamente torna melhor os dias e as vidas das pessoas que por nós são atendidas. Nossa esperança é que o MACC seja o marco inicial, é um grande influenciador em outros movimentos sociais”, disse
Entretanto, como nada é fácil e para manter uma organização se exige esforço, indago como é possível firmar um trabalho voluntário que agora abrange não apenas a comunidade de Rio Branco, mas de cidades vizinhas, sem ter muitos investimentos financeiros e ele é otimista ao dizer, “apenas como referencial, o maior de todos os homens da história transformou o mundo com palavras, exemplos de vida e boas ações”, e reitera: “Querer ajudar e ao mesmo tempo sentir-se útil é o que realmente importa. Os custos serão supridos à medida do comprometimento de cada um dos voluntários. Esta é a nossa expectativa”, ressalta.
Quanto à vida pessoal, pergunto a ele o que diria para ele mesmo quando ainda mais jovem, antes do acidente e das marcas que levará para toda vida. O que é dito mostra a bagagem carregada com apenas 23 anos de idade. “Diria ao Lucas do passado: Não há vida plena se ela, de alguma forma não estiver a serviço do próximo. Seja feliz fazendo aos outros igualmente felizes. Em um mundo de dor, doe amor”, explana.
Ele diz não sentir ansiedade quanto ao futuro, apenas espera o crescimento do trabalho voluntário que iniciou de uma pequena ação de solidariedade. Apesar de não ser ansioso, ele como qualquer outra pessoa, ou mais do que qualquer outra, tem sonhos, dentre esses o de transformar não apenas sua cidade, mas o seu país em lugares melhores e socialmente mais justos para se viver.
Para finalizar a história do menino do Acre, esse estado pequeno, mas que guarda pessoas com coração bom e que ainda não desistiram de lutar pelos outros, ele diz ao que é grato. “Sou grato a Deus e aos voluntários pelo privilégio e oportunidade de liderar um grupo tão precioso e comprometido com o amor ao próximo. Estas são as razões que me fazem crescer e ter uma vida edificada por simplesmente saber que, de alguma forma tornei-me útil para a vida de tantas pessoas”, finaliza.
De fato, em meio a tantas notícias que trazem angústia, pequenos gestos ainda mudam a vida de tantos desamparados. Hoje, Lucas Oliveira tenta iniciar no Acre um destino melhor para os brasileiros, amanhã pode ser o Matheus, a Ana ou a Maria, em qualquer canto do país, buscando um Brasil mais justo, basta acreditar.