Hostel: nova tendência no ramo hoteleiro
Por: Beatriz Coan Peterle
Recepção Hey Hostel. Divulgação: Facebook Hey Hostel.
O ramo hoteleiro no Brasil tem mudado nos últimos 6 anos com o surgimento de uma nova ‘modalidade’. Os hostels vêm ganhando cada vez mais espaço nas grandes cidades. Com uma hospedagem mais intimista, quartos compartilhados e áreas de convívio cheias de atividades, essa modalidade vem atraindo um público diferente dos grandes hotéis.
O Hey Hostel surgiu em 2012 em uma parceria dos publicitários, Felipe Tosi e João Paulo Gonçalves, que insatisfeitos com a área que atuavam viram potencial no ramo hoteleiro, mais especificamente no formato de hostel. Na época em que montaram o plano de negócio, na capital paulistana, existiam em torno de 20 hostels na cidade. Número que foi crescendo, tendo seu auge em 2014, durante o período da copa, chegando a 100 hostels somente em São Paulo.
Os empresários contam que a oferta não acompanhou a demanda. O movimento caiu em mais de 20% e consequentemente vários locais fecharam. Sobrando aproximadamente 70 empreendimentos funcionando. Para manter a clientela é necessário investir em diferenciais que possam continuar atraindo hóspedes. Desde jogos de tabuleiros e videogames para uso comum, como itens mais básicos, armários privativos inclusos, tomada e luz para cada cama/hóspede, wifi, cozinha equipada e uma equipe de funcionários preparada para receber o cliente.
Deny Shimabukuro, 29 anos, um dos funcionários do Hey Hostel, conta como é trabalhar no local “Bom, faz pouco tempo que trabalho aqui, então não tenho grandes experiências. Sair com as pessoas hospedadas no hostel tem sido frequente e é uma das experiências mais positivas. A maioria das experiências se resume ao convívio mútuo como passar o dia assistindo algo ou jogando jogos de tabuleiro com os clientes, ou cozinhando e fazendo as refeições com os mesmos. O tipo de convívio que, aliás, é incomum se ter com pessoas em outros ambientes, hoje em dia. Existem experiências negativas comuns ao ramo hoteleiro, como hóspedes bêbados, vomitando nos lugares ou causando problemas, mas num geral isso é exceção”.
Além do intercâmbio cultural com os hóspedes e o ambiente descontraído, os funcionários possuem mais alguns ‘benefícios’. Dentro do hostel há um quarto onde podem dormir quando necessário, possuem entrada VIP em vários bares e baladas da região e os horários e dias de trabalho são mais flexíveis. Porém a remuneração do cargo não é das melhores.
O público vem mudando ao longo dos últimos 4 anos. O que inicialmente era composto 70% de estrangeiros, atualmente 80% é nacional. Em geral são jovens de até 35 anos, na sua grande maioria homem, que se hospedam. Os estrangeiros são mochileiros, geralmente fazem longas viagens sozinhos, buscam uma opção econômica e interação, com intuito de fazer amizade. Já os brasileiros vão a São Paulo por diversos motivos, congressos, compras, trabalho, festivais de música e outros. Tendo até mesmo quem faça uso como uma moradia temporária quando chega à cidade.
Vinícius Barros Lemos, 23 anos, estudante carioca que mora em Cuiabá-MT contou um pouco dos receios de se hospedar em hostel. Conheceu a opção através da internet, em pesquisas buscando maneiras mais econômicas de viajar. A princípio a higiene, segurança e privacidade eram quesitos que o deixava em dúvida sobre a possibilidade de hospedagem. Mas após comentários onlines e de amigos, decidiu experimentar. Em março de 2015 começou sua trajetória em hostels.
“Acho que o mais legal é que você pode viajar sozinho, mas você não está sozinho quando está no hostel. Você conhece gente que muitas vezes estão na mesma situação que você e querendo conhecer a cidade. Então você acaba fazendo amizade com pessoas que vão com você conhecer e desbravar os lugares.”
Vinícius, que já se hospedou em 5 diferentes hostels, recomenda fazer uma boa pesquisa sobre o local, antes de reservar. O ponto mais destacado, entre funcionários, proprietários e hóspedes, é do intercâmbio cultural. O hostel passa a ser um ponto de encontro de diversas culturas, nas capitais e metrópoles brasileiras.