Flow: animação que encanta sem precisar de palavras

Em cartaz nos cinemas, longa-metragem da Letônia acompanha a história de sobrevivência entre diferentes espécies de animais em um mundo pós-apocalíptico

Por Murilo Schurt Alves / Em Pauta

Flow foi o vencedor do Oscar na categoria de Melhor Animação. Foto: Mares Filmes / Divulgação / Em Pauta

Dirigido pelo cineasta letão Gints Zilbalodis, a animação Flow vem conquistando o público e a crítica mundo afora, e sua recente vitória no Oscar de Melhor Animação comprova esse feito. Fugindo da estrutura dos filmes hollywoodianos e apostando em uma experiência sensorial, o filme narra a jornada de um gato solitário que, após ter seu lar devastado por uma grande inundação, encontra refúgio em um barco habitado por diversos animais. Ele precisará deixar suas diferenças de lado e se unir a eles para sobreviver.

Inicialmente, o filme surpreende por não contar com a presença de diálogos, confiando inteiramente em sua qualidade visual e sonora para contar esta história de sobrevivência, adaptação e conexão entre diferentes espécies de animais em um mundo pós-apocalíptico. Além disso, a ausência de explicação sobre o que levou àquele cenário inóspito torna a história ainda mais imersiva. As lacunas são preenchidas de acordo com as interpretações do próprio espectador.

Visualmente, Flow é uma obra-prima. Utilizando cores vibrantes e um estilo que lembra pinturas em aquarela, o filme constrói um universo dinâmico, onde as paisagens parecem personagens à parte. Essa identidade estética o diferencia das produções norte-americanas da Pixar e da DreamWorks, por exemplo, que buscam cada vez mais o hiper-realismo. O uso de um software totalmente gratuito demonstra como a animação pode ser explorada de maneiras inovadoras e como a criatividade pode se sobrepor a limitações financeiras.

Animação foi feita com software totalmente gratuito. Foto: Mares Filmes / Divulgação / Em Pauta

Ademais, outro aspecto fundamental do filme é sua trilha sonora e design de som. A falta de diálogos é compensada por uma composição sonora envolvente, capaz de traduzir as emoções dos personagens e reforçar a imersão naquele mundo inundado. O trabalho sonoro também ficou a cargo do diretor, mostrando sua versatilidade ao assumir múltiplas funções na produção.

Em suma, Flow não é apenas um filme sobre sobrevivência, mas sobre a busca por pertencimento e cooperação em meio ao caos. Ao destacar a interação entre os animais, a narrativa propõe uma reflexão sobre como a união pode transformar até as situações mais adversas. A ascensão internacional do filme demonstra que a criatividade ainda tem espaço no mercado, provando que a animação pode ser uma forma de arte universal: capaz de emocionar e inspirar a todos, independentemente da idade.

Pôster oficial do filme. Foto: Mares Filmes / Divulgação / Em Pauta

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