Fazendo justiça pelos filmes adolescentes

“Justiceiras”, recente filme da Netflix, aposta em grandes estrelas para chamar a atenção do público adolescente.

Por Jaime Lucas Mattos

Pôster nacional do filme na plataforma / Foto: Divulgação/Netflix

“Justiceiras” (“Do Revenge”, no original) conta a história de Drea (Camila Mendes), aluna da escola Rosehill Academy, em Miami, onde ela tem uma alta popularidade. No entanto, sua vida vira do avesso quando seu namorado, Max (Austin Abrams), vaza um vídeo íntimo seu para toda a escola. Como consequência, Drea acaba sendo excluída na escola, enquanto Max, o autor do vazamento, sai impune e passa a ser idolatrado.

Com raiva, Drea se junta à recém chegada Eleanor (Maya Hawke). A nova aluna também sente raiva por um boato iniciado quando ela era mais nova, envolvendo Clarissa (Ava Capri), até então sua amiga. Juntas, elas vão buscar vingança contra seus inimigos, ambas se infiltrando no antigo mundo uma da outra.

O ponto que mais chama a atenção no filme, de primeira, é o seu elenco. A equipe conseguiu reunir um grande número de atores conhecidos por seus trabalhos em outras tramas adolescentes, o que faz com que o filme ganhe notoriedade, já que reúne diferentes fãs desses artistas. Fazem parte do elenco: Camila Mendes (“Riverdale”), Maya Hawke (“Stranger Things”), Austin Abrams (“Euphoria”), Rish Shah (“Ms. Marvel”), Alisha Boe (“13 Reasons Why”), Jonathan Daviss (“Outer Banks”), Paris Berelc (“Alexa & Katie”) e Maia Reficco (“Pretty Little Liars: Pecado Original”), todos provindos de séries com temática teen.

Elenco do filme reunido / Foto: Divulgação/Netflix

Vale apontar que é frequente a tendência de fracasso em filmes que reúnem grande elenco vindo de séries de sucesso. Essas produções tendem a possuir um resultado desastroso porque a equipe faz o filme pensando mais no sucesso absoluto do que na qualidade do que vai ser entregue.

No entanto, em “Justiceiras” não temos esse resultado. O elenco tem, cada um, a sua função na trama, que é bem explorada, sem que nenhum ator esteja presente no filme só para aparecer nos créditos, mas porque o papel realmente encaixava em seu perfil.

Camila Mendes e Maya Hawke em cena / Foto: Reprodução/Netflix

Cabe destacar a performance admirável de Maya Hawke, que consegue transmitir diferentes camadas de sua personagem ao longo da narrativa. Camila Mendes também faz bem o seu papel, se mostrando mais confortável com o desenrolar das cenas.

Apesar de parecer um filme adolescente bem clichê à primeira vista, ele rende algumas surpresas que mudam os rumos da narrativa. Isso não exclui clichês adolescentes, como o romance, mas traz um novo fôlego à temática.

A personalidade dúbia de alguns personagens é um destaque na produção. Bebendo da fonte de “Meninas Malvadas”, torcemos para personagens apresentados como mocinhos, mesmo quando algumas de suas atitudes não são dignas de compaixão.

Um ponto interessante é a discussão do feminismo na trama. Não fica apenas no discurso vago. A narrativa reforça a dificuldade das mulheres de serem ouvidas e de como os homens têm muito mais facilidade de não se afetarem com a má fama, que suas imagens públicas são facilmente manipuláveis para voltarem a ser positivas, enquanto as imagens das mulheres ficam manchadas por muito tempo.

O figurino traz um contraste entre uma estética moderna e vintage / Foto: Divulgação/Netflix

A estética do filme também é um ponto a se observar. Ao mesmo tempo que tem uma aura moderna, a estética também remete a algo mais vintage, através da fonte utilizada na tela em diversos momentos, da coloração em tons pastéis, além dos figurinos que remetem à uma época mais antiga, apesar de serem montados em conceitos modernos.

“Justiceiras” é uma boa pedida para quem gosta de filmes leves e engraçados, mas que tratam de assuntos importantes de uma forma responsável e que não seja tão densa.

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