Exposição de arte “Eu Existo” em Pelotas

“Isto não é sobre nós”, serigrafia com aquarela e colagens. Amora Ju, 2018.

Por Lunara Duarte

Nesta última sexta-feira, dia 23, aconteceu a abertura da exposição de arte Eu Existo, às 18h, no Casarão 6. O evento, organizado por estudantes da UFPel, tem como objetivo principal ressaltar a importância da luta LGBT+ em um contexto marcado pela proliferação dediscursos de ódio contra as minorias. O projeto faz parte da Parada da Diversidade de Pelotas.

Organizadora da exposição e estudante de Design Digital, Gabriela Becker explica que a ideia surgiu a partir da disciplina de Produção Cultural, ofertada pela UFPel, sob orientação das professoras Juliana Angeli e Kelly Wendt. Cinco estudantes de cursos diferentes se reuniram para produzir um evento de grande porte. “A gente começou com a ideia de fazer uma exposição de arte ou um sarau. No meio da conversa, decidimos fazer algo mais voltado para o meio LGBT por causa das eleições”, disse.

Público prestigia obras sobre a existência LGBT+

Depois da definição do tema, os estudantes criaram um edital para selecionar os expositores. Para a surpresa do grupo, 30 artistas haviam se inscrito para participar. Dentre eles, 23 foram selecionados. Além disso, em pouco tempo a página do evento no Facebook já acumulava centenas de pessoas interessadas.

Durante o vernissage, havia uma mesa cheia de aperitivos, bebidas e música. O público marcou presença no Casarão 6 para prestigiar o trabalho dos artistas gaúchos, e a movimentação provocou curiosidade em quem passava na frente do local. As 30 obras incluem fotografias, desenhos, quadros, pinturas, esculturas e várias formas de expressões artísticas.

Repercussão
Após o sucesso da inauguração, surgiram ataques virtuais contra uma escultura de formato fálico, exposta sobre uma bandeira estampada com as cores do arco-íris. A peça que contem inscrições religiosas, gerou comentários positivos e negativos nas redes sociais.

Cesar Couto, autor da obra e curador da exposição, aproveitou a oportunidade para mostrar os seus desenhos, os quais retratam a nudez e a sexualidade. O objetivo é promover uma reflexão sobre a homofobia e a gordofobia. “A obra ‘Nascem Outros 10 Mil’ faz uma reflexão sobre o preconceito da Igreja e sobre como ela tenta intervir sobre o corpo de um LGBT. Em momento algum a intenção foi debochar, rir da fé ou escarnecer a imagem de Jesus”, afirmou o estudante de Artes Visuais.

Ao longo da história da arte, a representação do sagrado junto ao profano sempre foi alvo de polêmicas. Cesar destaca que a arte de resistência tem como função justamente o incômodo, por conta disso as críticas são inevitáveis. “Porém eu não me calarei e nem deixarei que o meu processo criativo e imaginação sejam ameaçados e medidos pelas censuras que rodeiam a arte”.

Sobre existir
O existencialismo diz respeito à necessidade de uma luta constante dos LGBT’s em um cenário de exclusão e violência. Embora as obras tenham propostas diferentes, todas conseguem expressar a sua essência: existir é um ato político.

Confira a exposição

Organização: Cadu Stal Hil, Cesar Couto, Gabriela Becker, Raíssa Leal e Vinicius Corrêa

Data: de 23/11/18 a 15/12/18

Local: Casarão 6, Praça Cel. Pedro Osório

Horário: das 9h às 19h

Gratuito.

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