Expedição FucAmérica

 Por: Jéssica Gebhardt

Em um mundo dominado por novas tecnologias e carros modernos, dois aventureiros a bordo de um fusca viajam milhares de quilômetros superando desafios e mostrando que sonhos são possíveis.

Dois dias antes da partida entre Flamengo e Grêmio Esportivo Brasil diversas excursões já se preparavam pra sair de Pelotas rumo ao Maracanã. Ônibus cheios de torcedores ensandecidos e apaixonados. Enquanto isso, outra excursão também se preparava para botar o pé na estrada, mas essa não era uma excursão comum. Era uma aventura de apenas três integrantes: o fotógrafo Nauro Júnior, Caio Passos e o fusca “Segundinho”. Iniciava-se assim mais uma aventura da Expedição Fucamérica.

Caio Passos, Nauro Júnior e o Segundinho – Foto: Expedição Fucamérica)

Caio Passos, Nauro Júnior e o Segundinho – Foto: Expedição Fucamérica)

 

A ideia da Expedição Fucamérica surgiu em 2011, quando Nauro adquiriu o seu primeiro fusca.

Ele deu um smartphone, mais R$ 500 em troca do carro. O fotógrafo pretendia, após a sua graduação em Filosofia, apenas viajar pela América Latina a bordo de seu fusca. Um sonho que tomou forma em 2013, quando o fotógrafo convidou o colega Patrick Rodrigues para fazer uma viagem a bordo do “Filó”, nome dado ao fusca azul. Em pleno inverno gaúcho, eles saíram de Pelotas rumo ao Chuí, seguindo o litoral da praia do Cassino até a do Hermenegildo.

A segunda viagem de Nauro teve como copiloto o editor de imagens Caio Passos. Os dois partiram de Pelotas para Montevidéu para acompanhar o jogo do Uruguai nas quartas de final da Copa do Mundo, mas dessa vez com o “Segundinho”, nome dado ao fusca verde.

Na última semana, a Expedição Fucamérica teve outro destino. Nauro e Caio colocaram a mala em cima do Segundinho e saíram de Pelotas até o Rio de Janeiro, para acompanhar o duelo dos Rubro-Negros. Flamengo e Grêmio Esportivo Brasil se enfrentaram no Maracanã e eles estavam lá para testemunhar tudo de pertinho. Foram 7 dias na estrada, mais de 4.000 km rodados e muita história pra contar. Vídeos, fotos e relatos foram publicados diariamente na página da Expedição, para que os seguidores pudessem acompanhar a adrenalina e cada passo dado pelos aventureiros.

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Durante a viagem, eles enfrentaram mau tempo, conheceram lugares e fizeram amizades.

Nauro Júnior conta que quando chegaram ao Rio de Janeiro, um grupo fundado por amigos e amantes de carros antigos já os aguardava. “Tivemos uma recepção de luxo. O grupo Carioca Volks nos recebeu e fomos escoltados por 6 fuscas até o centro da cidade. Depois mais se juntaram a nós”, diz.

Nauro e Caio com o grupo Carioca Volks/Foto: Expedição Fucamérica

Nauro e Caio com o grupo Carioca Volks/Foto: Expedição Fucamérica

 

O próximo roteiro da Expedição Fucamérica já está idealizado. Será uma longa viagem com mais de 12.000 km até o Chile. A data para início dessa próxima aventura ainda não está definida. Existe a possibilidade da produção de um livro ou um documentário de todas as expedições feitas com o Filó e o Segundinho, além de uma exposição em fotos da viagem ao Rio de Janeiro, mas tudo está sendo idealizado.

“O fusca não nos leva, ele vai com a gente”

O Segundinho é o personagem principal dessa Expedição. Nauro diz que o fusca torna a viagem diferente. “Ele desperta curiosidade. O fusca é uma máquina de fazer amigos porque ele aproxima as pessoas, é uma paixão de todos”, relata. Dias antes, o fusca havia passado por uma revisão geral para que tudo ocorresse bem. Nauro ressalta que o planejamento é essencial antes de viajar. “É extremamente importante ter esse cuidado, porque o fusca é um carro muito antigo e precisa ter condições de ir e voltar, senão complica”, alerta. Datado de 1968, o Segundinho era o mais velho entre os três e aguentou firme até o final da aventura, servindo muitas vezes de abrigo para Nauro e Caio, que dormiam a bordo do companheiro de viagem entre uma cidade e outra.

Foto por Caio Passos

Foto por Caio Passos

Nauro adquiriu essa paixão por fuscas lá na infância, desde o dia em que seu pai comprou um fusca azul, 1964, com placas BM 4567. “Meu fusca não é um carro, é uma espécie de máquina do tempo, que me devolve à infância em uma bandeja azul, carregadas de lembranças, cheiros e saudades”, descreve o fotógrafo em um texto publicado na página da Expedição Fucamérica em homenagem ao seu pai.

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Hoje, embalado pelas suas lembranças de infância, Nauro e seus copilotos saem por aí vencendo novos desafios, conhecendo lugares e pessoas, sempre de olho no horizonte – e na mala em cima do fusca. Depois de uma semana de aventuras, o Segundinho voltou pra casa.

Suas rodas carregam todos os pedacinhos de chão dos lugares por onde passou. E os aventureiros também voltaram, assim como ele, cheios de história pra contar.

“Viagens como essa, são também uma metáfora da vida. Um modo de não esquecermos que sonhar é preciso. E da certeza de que para realizar não se precisa de muito, basta mirar no horizonte e largar as amarras” – Expedição Fucamérica.

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