Estudo aponta concentração de renda estável nos últimos anos

Por Monique Heemann

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) sobre a concentração de renda no Brasil apresentou um quadro estável da desigualdade no país entre 2006 e 2012. Os resultados, obtidos por meio de uma metodologia inovadora, diferem dos divulgados em 2012 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) a respeito do mesmo tema.

Os pesquisadores da UnB, Marcelo Medeiros, Pedro Souza e Fábio de Castro, utilizaram-se dos coeficientes de Gini, indicares usados para medir a desigualdade. As variações vão de 0 a 1 e, quanto mais próximo de 1 é o número, maior a concentração de renda. Em 2006, o índice estava em 0,696 e, em 2012, 0,690, segundo o estudo. Segundo o Governo Federal, os índices seriam de 0,563 em 2001 e 0,499 em 2011.

(Foto: Divulgação)

No ranking de desigualdade feito pelo Banco Mundial, o Brasil ocupa o 141º lugar. Como país mais igualitário do mundo aparece a Suécia, com o Gini em 0,25.

Diferenças no cálculo da renda

A discrepância nos resultados apresentados pela UnB e pelo Ipea são consequência da forma como cada estudo considerou a renda dos brasileiros. Enquanto a UnB utilizou dados do Imposto de Renda dos 10% mais ricos do país, as pesquisas realizadas pelo Ipea levam em conta a renda que o próprio entrevistado declara ter.

Para o economista Frederico Horst, outro ponto relevante para a diferença nos resultados é o período analisado por cada um dos estudos. “Os pesquisadores da UnB analisaram um extrato de dados menor, comparando e melhorando com outras fontes, para assim poder ter uma análise melhor da curva”, examina.

Além disso, Horst considera que, com a queda do Produto Interno Bruto (PIB) no país, é difícil afirmar que houve caimento no Gini. “Os mais ricos são os que investem, ou seja, são eles que colocam o dinheiro em empreendimentos que estimulam o consumo e a criação de empregos”, afirma.

Para o economista, “o estudo divulgado pelo Ipea não dá muita atenção aos ricos, não se preocupando se sua mensuração está confiável o suficiente, como descrito no artigo da UnB. Dessa forma, como os ricos detém uma parcela alta do PIB, isso acaba por distorcer a análise”, finaliza.

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