Emmy motivos para assistir a Only Murders in the Building
Disponível no Brasil pelo Star+, a série encerrou a sua segunda temporada no dia 23 de agosto e está indicada 17 vezes ao Emmy Awards 2022, por sua primeira temporada.
Por Jaime Lucas Mattos
A série norte-americana “Only Murders in the Building”, produzida pela 20th Television (antiga Fox) e exibida mundialmente por diferentes serviços de streaming do conglomerado Disney, vem chamando a atenção do público e da crítica desde a sua estreia, no final de agosto de 2021.
“Only Murders in the Building”, que traduzindo seria algo como “só assassinatos no edifício”, conta a história de Mabel (Selena Gomez), Charles (Steve Martin) e Oliver (Martin Short), três moradores do fictício edifício Arconia, localizado no bairro Upper West Side em Nova York, viciados em podcasts de true crime, que se veem envolvidos em uma investigação criminal pelo assassinato de um morador do prédio. Os três se juntam em um improvável grupo de amigos e apresentadores de seu próprio podcast, que dá nome à série.
O principal destaque da série é a louvável química do trio protagonista. Os experientes atores Martin Short e Steve Martin se juntaram à famosa jovem cantora e atriz Selena Gomez para montar uma dinâmica de relacionamento entre os personagens que toma forma na tela de uma maneira interessante. A química de dois idosos com uma mulher jovem não parece provável, mas quando vemos a mistura destes três curiosos e amantes de true crime, qualquer pré-conceito que podemos ter é levado pela correnteza.
O tom cômico da série deixa um espaço aberto para o absurdo acontecer de forma natural. A série abraça o seu tom cômico, fazendo-nos rir em todos os episódios, mas não deixa de ser intrigante e instigante com os mistérios que rodeiam os assassinatos.
Um dos pontos que mais agrada na série é o uso da narrativa dos personagens que não são detetives profissionais, pois isso abre uma “margem ao erro” – já que as ideias e conclusões que os personagens têm são as mesmas que pessoas comuns teriam –, o que é imprescindível em uma série que explora o mistério através da comédia. Algumas das cenas que mais provocam o riso são as que contêm o elemento “tecnologia” envolvido, já que celulares e redes sociais não são o forte dos personagens de Short e Martin, mas é o de Mabel, a personagem de Selena Gomez. Os conflitos pelo uso da tecnologia e as conversas embaraçosas que surgem a partir disso são divertidas e funcionam muito bem.
Um dos melhores episódios é o intitulado “The Boy from 6B”, que é montado pela perspectiva do personagem Theo Dimas, um jovem surdo. Este episódio é feito completamente sem diálogos audíveis, estando de acordo com a condição do personagem que conduz a trama do episódio. O uso de recursos como a língua de sinais, mímicas e leitura labial seguem por todo o episódio. E, além de ser criativo e de certa forma inclusivo, “The Boy from 6B” não é um episódio descartável, pelo contrário, é um dos que mais importam na primeira temporada da série.
Com episódios de meia hora de duração, a série tem um ritmo perfeito, que nos conduz de uma forma impressionante. Se maratonarmos, podemos acabar consumindo a série muito rápido sem ao menos perceber. A linguagem e narrativa leves conduzem o espectador a um lugar de conforto. Nós não estamos apenas assistindo a uma série de assassinato, muito menos daquelas que dá aflição; nós estamos assistindo a uma série divertida e engraçada que utiliza do mistério para fisgar a atenção – o que funciona muito bem.
Um ponto que chama muito a atenção é o uso dos podcasts como pano de fundo. Por ser uma série que contrasta o antigo com o novo, usar o tema dos podcasts como base para a série é genial, já que, nos últimos anos, esse recurso vem se popularizando na internet. Porém, além disso, a série utiliza desse recurso como metáfora para falar de si mesma, usando menções a episódios e títulos como se fossem do podcast, mas referenciando-se a si mesma. No início da segunda temporada, por exemplo, há a discussão dos personagens em torno do que pode-se tratar em uma segunda temporada da produção para não deixar a narrativa repetitiva – isso vale tanto para a ficção (o drama dos personagens com o podcast) quanto para a realidade (o drama dos roteiristas para com a série).
Com uma narrativa instigante e uma comédia peculiar, “Only Murders in the Building” merece a sua atenção. Um ano depois do lançamento da série, já temos duas temporadas totalmente exibidas e 17 invejáveis indicações ao Emmy 2022 – principal premiação de séries no mundo ocidental. A série já pode se valer de um status de estrelato e aclamação.
Com 17 indicações, “Only Murders” é, empatada com Hacks (HBO Max), a quarta série mais indicada ao Emmy 2022, atrás apenas de The White Lotus (20; HBO), Ted Lasso (20; Apple TV+) e Succession (25; HBO). Neste domingo (4) as categorias mais gerais e técnicas já tiveram os vencedores revelados, rendendo 3 prêmios à série em Melhor Ator Convidado de Série de Comédia, pela participação de Nathan Lane como Teddy Dimas; Melhor Mixagem de Som em uma Série de Meia Hora de Duração; e Melhor Design de Produção em uma Série de Ficção de Meia Hora de Duração.
Os vencedores das categorias principais do Emmy, nas quais “Only Murders” concorre em duas, com três indicações – Melhor Ator em Série de Comédia, concorrendo com Martin Short e Steve Martin; e Melhor Série de Comédia –, serão conhecidos na segunda-feira, dia 12 de setembro.
Para quem quiser conferir e maratonar, “Only Murders in the Building” tem 20 episódios, divididos em duas temporadas, e está disponível no Brasil pelo Star+.