Em assembleia, estudantes da UFPel votam pela greve discente
Por: Henrique König
Por quase unanimidade, os estudantes da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) votaram a favor da greve discente na instituição em assembleia ocorrida na quinta-feira (20), em frente ao prédio da Faculdade de Direito. Os alunos juntam-se aos Técnicos Administrativos e à possível adesão dos professores, que já encaminharam indicativo de greve. A sequência da assembleia definirá novos rumos das atividades.
Mais de 300 alunos participaram da assembleia. As principais pautas da noite de quinta-feira foram a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, o estado financeiro de falência da UFPel e o repasse das assembleias dos cursos. Estudantes e professores tiveram voz para trazer propostas, encaminhamentos e reivindicações.
Na noite, foi decidida a greve unificada dos estudantes, a proposta de ocupação da reitoria no Campus Anglo e o pedido que o Conselho Coordenador do Ensino e da Pesquisa (COCEP) congele o calendário da instituição. Aulas públicas e futuros protestos foram discutidos para o envolvimento de demais setores da sociedade.
A professora Celeste falou em nome da Associação dos Docentes da UFPel, mostrando disponibilidade para discussões sobre a PEC a ser votada no Senado. Ela afirmou que “é na rua que vamos garantir as nossas conquistas”, bastante aclamada pelos presentes na praça.
Já a Associação dos Servidores da UFPel chamou a atenção para a piora do Ensino Médio sendo proposta pelo governo e as alterações na PEC que vai prejudicar ainda mais o ensino público no país. “Quem está dando aula tem que parar. É pelo Brasil.”
Estudantes das Ciências Humanas chamaram a atenção para evento na terça-feira (25), em frente ao prédio do Instituto de Ciências Humanas (ICH), na rua Alberto Rosa, 154, com presença do reitor eleito Pedrinho Hallal, em oportunidade de conversa com o corpo discente, servidores e professores. Já estudantes de Letras destacaram a maior assembleia já feita em seu Centro e a votação unânime dos presentes pela greve estudantil.
Estudantes dos cursos do Campus de Ciências Humanas e Sociais (CCHS) anunciaram o comando de greve e a busca por integração dos demais cursos. O estudante Adriel Costa, da Geografia, foi bastante aplaudido na seguinte passagem pelo microfone: “Querem um Estado mínimo a nós estudantes e trabalhadores e querem um Estado máximo aos empresários. Precisamos ir pra rua, porque é na rua que se mostram os contrastes na sociedade”.
Também foi pauta a integração das comunidades de Pelotas e região com a causa contrária à PEC 241 e à reforma do Ensino Médio. Aulas públicas, atos junto com as comunidades, como a do bairro Balsa, ao lado do Campus Anglo, são interesses dos estudantes a favor da greve. Outra preocupação explicitada foi a da falência da UFPel, sobre a situação dos dependentes do Restaurante Universitário, do auxílio moradia e outros direitos ameaçados. “Nenhum direito a menos” foram as palavras de ordem.
Houve preocupação com a Agência Lagoa Mirim, vinculada à Universidade, que presta um trabalho essencial para comunidades pelotenses. O estudante Gabriel, das Artes Visuais, comentou que a assembleia não era “pela educação do meu curso, mas pelos filhos e pelos netos”, em manobra pela consciência coletiva. Heitor, em nome do Centro Acadêmico do Jornalismo, mostrou o posicionamento favorável à greve e as tratativas do curso, que conta com o apoio dos professores na causa.
Guilherme, do Direito, curso com poucos professores em aceitação da greve, lamentou a ausência de um Diretório Central dos Estudantes (DCE) em favor dos estudantes e o pouco apoio de quem ministra aulas no prédio. Antes das votações, Vanessa, do Turismo, foi das mais aplaudidas, ao reestabelecer ordem e terminar a fala com a seguinte passagem: “um sonho só é só um sonho. Mas um sonho em conjunto é realidade”.
Outros encaminhamentos para votação na sexta-feira (21) foram uma nota de apoio pela ocupação do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul), campus Pelotas, distribuição de informação sobre a PEC 241 nas comunidades e a possível ocupação de campus da Universidade, tal qual o Campus Anglo.