Como as redes sociais tem influenciado a entrada de novas pessoas no mercado de financeiro

Ouvir sobre taxa selic, ações, tesouro direto e fundos imobiliários numa conversa de bar. É inegável que o Mercado Financeiro se popularizou nos últimos anos, mas afinal, o que a internet tem a ver com isso?

Por Everton Iberse / Em Pauta

Explosão do número de investidores após 2018. Foto: Everton Iberse

O Brasil atualmente conta com um número relativamente alto de investidores, segundo o relatório anual da B3, são mais de 17,2 milhões de CPFs cadastrados na Bolsa de Valores. Esse montante representa um avanço de mais de 31% em relação ao ano anterior, que contava com 13,1 milhões. Porém, ao olhar apenas para o mercado de ações, o número cai drasticamente e encontra-se com apenas 5,3 milhões de pessoas.

Mesmo com esse crescimento acelerado da quantidade investidores na bolsa a partir de 2018, o número não representa nem 3% da população total do Brasil. Quando comparado com países como Estados Unidos e China, eles possuem 57% e 15% da população respectivamente. 

Um dos principais fatores para essa subida repentina foi a popularização de produtores de conteúdo sobre finanças pessoais e investimentos em plataformas online como o Youtube e o Instagram. Canais como Primo Rico e Me Poupe somam juntos mais de dez milhões de inscritos no Youtube e possuem mais de 800 milhões de horas de reprodução de seu conteúdo. É inegável que esses influenciadores digitais, junto de muitos outros que também produzem esse tipo de conteúdo, desempenharam um papel fundamental na construção desse ambiente. 

A desmistificação dos investimentos é um passo que deve ser tomado para que ele se torne mais democrático e acessível. Como nos conta Taina Frescki, assessora de investimentos em um escritório credenciado a XP:

“A crescente de investidores definitivamente está ligada ao acesso gratuito ao conteúdo, poder aprender de casa dá muito prazer pra quem está começando. Mas não é só o conteúdo na internet que fez esse número crescer, hoje em dia tem muito mais assessores de investimentos trabalhando e ensinando, muitas aplicações foram democratizadas, antigamente só quem tinha muito dinheiro conseguia acesso a alguns tipos de investimentos, e atualmente existem aplicações mínimas cada vez mais acessíveis.”

Escritório da XP investimentos, maior corretora do Brasil . Foto: Reprodução

Taina conta um pouco sobre como são os investidores que chegaram recentemente:

“Atualmente o que eu mais percebi de diferença no mercado é a entrada de mulheres, desde 2020 tem bem mais mulheres começando a investir, mas o geral ainda são homens com mais de 40 anos. Eu percebi que quem é mais novo está entrando com a ideia de fazer trade, que é bem comum na internet, tem bastante gente que comenta sobre, mas isso são os mais novos, quem é mais velho vem com outro pensamento pro mundo dos investimentos.”

O mundo digital apresenta uma conexão direta com aquilo que se encontra no dia a dia. Sua influência passou a ocorrer em todas as esferas, a praticidade apresentada pelas plataformas na palma da mão, em conjunto da infinidade de conteúdos disponibilizados gratuitamente na internet são dois fatores chaves. Taiane Volcan, pesquisadora e pós-doutoranda com ênfase no estudo da Cibercultura, conta sobre como as redes sociais têm influenciado a vida da população. Para Taiane, as plataformas como redes sociais são ferramentas capazes de modular a visão que temos da vida, construindo o próprio mundo a partir daquilo que nos é mostrado, ao seguir perfis que falam muito sobre um determinado assunto, é comum que o interesse de quem está consumindo e imerso em determinado tema, reflita em sua vida fora do digital. 

Uma dessas pessoas que entrou recentemente no mercado financeiro é Jefferson Hass, programador e investidor desde o ano de 2020. Para Jefferson, foi a influência de um conhecido que o fez ter curiosidade no mundo dos investimentos, e através de pesquisas na internet e de canais do Youtube ele se interessou cada vez mais até completar a idade necessária para a abertura de sua conta na corretora.

Comentários

comments

Você pode gostar...