Cidade de Deus: 20 anos de impacto cinematográfico
Dirigido por Fernando Meirelles e Kátia Lund, a adaptação da obra homônima de Paulo Lins foi lançada em 30 de Agosto de 2002 e em 2004 recebeu 4 indicações ao Oscar, a maior premiação de cinema de Hollywood.
Por Sarah Oliveira
No mesmo ano em que o longa completa 20 anos de lançamento, ‘Cidade de Deus’ também recebe outro grande título ao seu nome: o segundo lugar no ranking dos filmes em língua não-inglesa mais assistidos do mundo, de acordo com a plataforma Preply, em parceria com o IMDb.
Seguindo a história de um grupo de jovens de uma comunidade da periferia do Rio de Janeiro, nos tempos atuais pode parecer ser mais um filme nacional que retrata a vida da favela carioca e os seus principais tópicos: a violência, o aliciamento dos jovens ao mundo do crime e o tráfico de drogas nesta região. Porém, apesar de ser o plano de fundo do longa, há outro assunto que divide o protagonismo na tela: a fotografia.
Ao falar com a professora do curso de Cinema da Universidade Federal de Pelotas e crítica de cinema Ivonete Pinto sobre o que fez o filme ele ser tão marcante tanto no cinema nacional quanto internacional, ela diz que esse feito é graças a um fator novidade dentro de um dos ‘favela movie’ – nome dado aos longas que têm a periferia e suas particularidades como plano de fundo – mais emblemáticos: o ser tratamento não neorrealista. “A estética – que muitos questionaram, por embelezar a pobreza – e a narrativa – fácil comunicação – fizeram dele uma novidade.”, diz a profissional.
‘Cidade de Deus’ não foi somente impactante pelos seus acontecimentos na tela, mas também pela sua inovação nos bastidores – mais precisamente em sua montagem. Ao ser questionado sobre o trabalho que lhe rendeu uma indicação ao Oscar, Daniel Rezende – responsável pelo processo de montagem do filme – atribui o feito da produção às experiências, testes e ousadias dos cinegrafistas da década de 1990 que tiveram que se reinventar com a extinção Embrafilme – botar o que era aqui – e de alguma maneira não deixar o cinema brasileiro cair no esquecimento. E a produção de “Cidade de Deus” a partir do ano de 2001 é um exemplo disso.
A parte técnica também é algo que a entrevistada também ressalta como um fator que acrescenta à experiência do espectador, ao dizer que “a fotografia, a direção e a montagem estão a serviço” do filme. “[…] há planos curtos que dão ritmo, música vibrante, diálogos precisos e rápidos, personagens bem desenhados.”
Com um público fixo e crescente ao longo desses 20 anos em exibição em diversas plataformas ao redor do mundo, a sua simples funcionalidade de conexão com o público é a primeira pontuação que a entrevistada coloca em perspectiva ao também comentar sobre o porquê do filme de Fernando Meirelles e Kátia Lund se destacar tanto entre os seus expectadores.
Detentor de frases e personagens icônicos do inventário sócio-cultural e cinematográfico do Brasil, ‘Cidade de Deus’ é sem sombra de dúvidas um dos maiores filmes brasileiros de todos os tempos – senão o maior. E, para comemorar todos os feitos e lugares alcançados pelo longa, em parceria com a empresa de comunicação Vivo e a marca de celulares Motorola, Meirelles lançou no último dia 12 (segunda-feira) o curta-metragem “Buscapé”, que segue o marcante personagem de Alexandre Rodrigues de volta à sua antiga comunidade como um fotojornalista profissional para cobrir um evento, mas ao longo do caminho as coisas mudam.
Estrelado por Alexandre Rodrigues, Douglas Silva, Leandro Firmino e Alice Braga, ‘Cidade de Deus’ está disponível para streaming na Globo Play e na Paramount Plus.