Brasil tem estreia desastrosa no Gauchão 2019

Jogadores do Caxias comemoram vitória no Bento Freitas. Foto: Globo Esporte

Por Luís Artur Janes Silva

Sábado, 19 de janeiro, mais um final de tarde chuvoso na cidade de Pelotas. Neste cenário, o Brasil, atual vice-campeão estadual, fez sua estreia no Gauchão do ano de 2019. O rubro-negro enfrentou o Caxias, no estádio Bento Freitas, e foi derrotado pela equipe Grená da Serra. O placar final da partida (0x3), escancarou as inúmeras deficiências do grupo xavante neste início de temporada.

PRIMEIRA ETAPA

O desentrosado time do Brasil mostrou pouca inspiração no primeiro tempo da partida, tornando-se presa fácil para o Caxias, que preparava-se desde o início de dezembro para a competição. No primeiro minuto de jogo, Diogo Oliveira, que retornava ao Xavante, cobrou falta da entrada da área, a bola saiu colocada, mas o goleiro Lee defendeu com facilidade.

Dois minutos mais tarde, o Caxias conseguiu uma falta na linha de fundo e pelo lado direito de ataque. Rafael Gava, um dos destaques do Brasil na parte final da Série B do Brasileirão do ano passado, bateu na bola com maestria. A “redonda” encontrou o volante Gercimar, que bem posicionado entre os zagueiros do Brasil, “cumprimentou” o goleiro Carlos Eduardo, alçado à condição de titular após a saída do ídolo Marcelo Pitol, e marcou o gol do Caxias.

Apático em campo, o Xavante perdeu o seu armador, Diogo Oliveira, ainda no início do jogo. O estreante Velicka foi deslocado para o centro da cancha e passou a ser o responsável pelo setor de criação do rubro-negro, que continuou sem inspiração e foi facilmente contido pelo bem posicionado time do Caxias.

Aos 25 minutos da etapa inicial, o Brasil criou a única chance real de gol da partida. Velicka acionou outro recém-chegado, o atacante Douglas Baggio, que tirou um zagueiro da jogada e de frente para o gol chutou para uma espetacular defesa de Lee.

Aproveitando-se da inoperância ofensiva do Brasil, o Caxias adiantou suas linhas e passou a ocupar o campo de defesa do rubro-negro. Atacando pelas laterais, o Grená da Serra marcou o segundo gol da partida após cobrança de escanteio executada por Rafael Gava. A bola desviou num jogador do Caxias e sobrou para o oportunista atacante Júnior Juazeiro, que concluiu para a meta xavante. Batido em campo, o Brasil desmoronou emocionalmente e permitiu que, aos 44 minutos, o rápido atacante Bruno Alves cruzasse do lado direito da área, fazendo a bola passar por toda a extensão do gol e quase sendo empurrada para as redes pelo perigoso Juazeiro.

Ao término da etapa inicial as primeiras vaias do ano foram ouvidas no Bento Freitas. Para Velicka, que foi um dos poucos jogadores xavantes que tentou fazer algo, ainda dava para correr atrás (da desvantagem) e tentar a vitória. Mas o pessimismo predominava.

SEGUNDA ETAPA

No segundo tempo, o Brasil voltou com outra atitude nos minutos iniciais, puxado sobretudo por Branquinho, outro novo rosto na Baixada, que substituiu Velicka. Logo aos dois minutos, este jogador tenta entrar aos dribles na área do Caxias, a bola é afastada e sobra para o lateral Hélder, que chuta da intermediária e o goleiro Lee defende.

Mas realmente não era um dia favorável para o Xavante, pois mesmo acuado nos instantes iniciais da segunda parte do jogo, quando o Caxias saiu levou extremo perigo ao sistema defensivo do Brasil. Aos nove minutos, após confusão na zaga rubro-negra, o armador caxiense Eliomar bateu forte da entrada da área para excepcional defesa do arqueiro Carlos Eduardo.

Depois deste lance, a partida entrou num período de calmaria, que transcorreu sob o controle do Caxias, que permitia as improdutivas chegadas do Brasil, que resumiam-se a poucos chutes de média distância ou bolas levantadas na área de qualquer parte do campo e de forma pouco caprichada. Quando atacava, o Caxias era envolvente, pois contava com a eficiência do sistema de contenção do meio campo, formado por Gercimar, Foguinho e Rafael Gava (o melhor jogador da partida), com o talento de Eliomar na criação e o rápido e perigoso ataque de Bruno Alves e Júnior Juazeiro.

Sem soluções criativas, o Brasil não conseguiu atingir o Caxias e foi castigado com mais um gol. Aos 48 minutos do segundo tempo, Bruno Alves arrancou da linha divisória do campo indo para o lado esquerdo de ataque, chegou na área sem ser detido pelo desesperado lateral esquerdo xavante Bruno Santos, e concluiu rasteiro na saída do goleiro Carlos Eduardo. Assim, o jogo chegou aos seus números finais, chocando a torcida rubro-negra, que não teve forças sequer para vaiar com contundência os seus jogadores.

Com este revés, o Xavante soma a sua terceira derrota consecutiva no Gauchão, levando em consideração os dois jogos finais da competição do ano passado. Além disso, são cinco partidas sem triunfos, tomando como parâmetro de comparação o Estadual do ano de 2018. O Brasil volta a campo nesta terça-feira (22), quando enfrentará o Avenida, de Santa Cruz do Sul. O jogo acontecerá no estádio dos Eucaliptos e iniciará às 20:30 horas.

ESCALAÇÃO DO BRASIL

Carlos Eduardo, Hélder, Leandro Camilo, Héverton, Bruno Santos; Leandro Leite, Boquita (Souza), Velicka (Branquinho), Douglas Baggio, Diogo Oliveira (Fernandinho); Luiz Eduardo. Técnico: Paulo Roberto Santos

AVALIAÇÃO DOS ATLETAS

Goleiro – Carlos Eduardo – Inseguro, não teve o que fazer nos gols do Caxias e na única vez em que foi exigido, mostrou elasticidade;

Laterais – Hélder – Deixou lacunas no sistema defensivo (o terceiro gol do Caxias saiu pelo seu lado) e foi pouco eficiente no apoio. Já o lateral canhoto Bruno Santos também mostrou-se inseguro na contenção, mas foi mais efetivo no apoio ao ataque. Deve melhorar a qualidade dos cruzamentos;

Zagueiros – Leandro Camilo fez uma de suas piores partidas com o manto rubro-negro. Sentiu a falta de ritmo de jogo e foi envolvido na segunda etapa pela movimentação do ataque caxiense. Enquanto isso, Héverton, que é mais limitado que Camilo, também foi ineficiente na contenção às investidas do ataque do Caxias;

Meio Campo – Leandro Leite sente o peso da idade e também do início da temporada. Nunca apoiou o ataque com qualidade, mas agora não consegue sequer dar o combate no meio com eficiência. Boquita não subiu com Gercimar no primeiro gol do Caxias, mas por ter começado sua carreira no Corinthians e atuado no CSA, que subiu para a Série A do Brasileirão, tem condições de se transformar num dos líderes do time. Enquanto isso, Velicka (que atuou na primeira etapa) movimentou-se por todos os lados do ataque e após a saída de Diogo Oliveira, ocupou o setor central do meio campo, tentando criar alguma jogada. Douglas Baggio foi outro jogador que movimentou-se, tanto pelo lado direito quanto pelo lado esquerdo do ataque. Esforçado, terá que ser municiado por um meia criativo para render melhor. Branquinho entrou na segunda etapa, posicionando-se inicialmente no setor esquerdo do campo, deslocou-se para a direita no decorrer da partida e deu um pouco mais de vibração e força ao ataque xavante.

Ataque – Luiz Eduardo provou que não tem condições de ser o centroavante titular de um clube que foi vice-campeão gaúcho de 2018 e que disputará a Série B de 2019. O jogador em questão é esforçado, movimenta-se (algumas vezes muito longe da área), incomoda a saída de bola do adversário, mas falta o essencial para o centroavante, que é fazer gols. Em 2018, o atacante anotou apenas 3 tentos, todos no mês de janeiro. Mesmo que não tenha contado com a aproximação do meio campo, ainda assim, Luiz Eduardo está devendo muito e está longe de ser o artilheiro dos sonhos do torcedor e da equipe.

ERROS QUE OCASIONARAM A DERROTA DO BRASIL

O desentrosamento xavante era esperado e ficou latente diante de um adversário que já treinava desde o início de dezembro do ano passado;

Todos os jogadores demonstraram estar longe do seu preparo físico ideal. Muitos estavam travados, devido aos poucos dias de treinamento que tiveram;

A direção xavante também possui a sua parcela de culpa na tragédia de sábado, pois embora comande um clube que entrará no quarto ano consecutivo na Série B do Brasileirão, ainda assim, não consegue manter uma base de jogadores de um ano para outro desde 2017. Todo início de temporada é uma equipe diferente, que precisa se entrosar no decorrer das competições. Pior, no ano passado a direção rubro-negra teve que montar dois times na temporada e manteve poucos jogadores da base que atuou em alto nível no returno da Série B do Brasileirão. Nem o técnico Rogério Zimmermann ficou após a virada de ano. Foi substituído por Paulo Roberto Santos, que teve sucesso no comando do São Bento, mas que percebeu no jogo de sábado que terá um árdua missão no sentido de dar um padrão de jogo para o time do Brasil;

Outro erro da direção do Brasil foi não ter insistido na realização de, pelo menos, um amistoso antes do início do Gauchão, justificando-se através do curto período de preparação do grupo de jogadores. O Caxias fez dois jogos-treino e três amistosos antes da primeira partida oficial da temporada, ou seja, seus atletas estavam num estágio de preparação bem mais adiantado, quando comparados aos jogadores xavantes, fato que foi determinante no resultado da partida de sábado.

Comentários

comments

Você pode gostar...