Brasil no pódio: desempenho histórico nos Jogos Pan-Americanos
Em uma competição repleta de emoção, o Brasil realizou uma trajetória para ficar na memória, garantindo o seu melhor desempenho em medalhas na história dos Jogos Pan-Americanos
Por Felipe Boettge / Em Pauta
Uma das principais competições e eventos esportivos que marcam a trajetória olímpica dos nossos atletas e comitê, os Jogos Pan-Americanos, foi sediado em Santiago, no Chile, onde cerca de 7 mil atletas disputaram não só o pódio, mas também vagas diretas para a Olimpíada de Paris em 39 modalidades diferentes. Realizado de 20 de outubro a 5 de novembro, a competição foi palco de excelentes participações dos atletas e equipes brasileiras, que atingiram um desempenho histórico, combinando atuações surpreendentes em modalidades onde não se esperavam medalhas e também a confirmação naquelas onde o país era favorito.
Dessa forma, o Brasil conquistou um número recorde de medalhas de ouro na competição para o país, alcançando 66 vezes o lugar mais alto do pódio. No total, foram 205 medalhas, sendo elas: 66 de ouro, 73 de prata e 66 de bronze. Com esse recorde, foi apenas pela segunda vez na história que o país ocupou a segunda colocação geral no quadro de medalhas, ficando atrás dos Estados Unidos, que atingiu a marca de 286 medalhas, sendo 124 de ouro. E na frente do México, que ficou com 142 medalhas, 52 de ouro. Como comparativo, na última edição dos Jogos Pan-Americanos, em Lima, no Peru, o Brasil conquistou 169 medalhas, sendo 54 ouros, 45 pratas e 70 bronzes.
Os Jogos Pan-Americanos de Santiago foram a 19ª edição do torneio que reúne 41 países das Américas em uma disputa que antecede a Olimpíada e marcou a estreia do skate, breakdance e escalada como modalidades e também os retornos do squash e beisebol, que estarão presentes nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 2028.
E pensando nisso, é importante prestar atenção no desempenho dos atletas e equipes nessas novas modalidades. Uma vez que elas podem significar mais medalhas para o país, como foi o caso do skate no Japão, que rendeu três medalhas de prata para o Brasil. Desempenho espetacular que não foi diferente em Santiago, onde os atletas brasileiros conquistaram, no total, cinco medalhas nas duas categorias da modalidade, street e park. Sendo elas, duas medalhas de ouro, com Rayssa Leal (Street) e Lucas Rabelo (Street) e três de prata, com Pâmela Rosa (Street), Raicca Ventura (Park) e Augusto Akio (Park).
Ainda dentro dos esportes que integrarão as modalidades olímpicas nos próximos anos, vale ressaltar a trajetória do beisebol, que foi uma das mais incríveis de se acompanhar. A equipe chegou até os Jogos Pan-Americanos com uma combinação de atletas profissionais e amadores e saiu da competição com o melhor desempenho da história do país na modalidade, alcançando a medalha de prata e vitórias emblemáticas contra países tradicionais, como o Panamá e Venezuela, que tem a modalidade como um dos principais esportes do país e Cuba, que é a maior vencedora da história do esporte nos Jogos Olímpicos.
Com a conquista do prata e a visibilidade que se atingiu para o esporte, fica a expectativa de que a modalidade ganhe um maior destaque e consiga repetir resultados como esse nas próximas competições, como os Jogos Pan-Americanos de Barranquilla, em 2027 e quem sabe, nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, onde o esporte volta para a sua 7ª disputa em Olimpíadas.
E quando se trata das modalidades onde o Brasil tem uma maior tradição, como a ginástica, boxe, natação, vôlei, futebol e atletismo, o resultado não foi diferente do esperado: ouro para todo lado. Só no boxe foram 12 medalhas, sendo quatro de ouro entre o feminino e o masculino, todas garantindo vagas para os atletas em Paris. Na Ginástica, foram espetaculares 31 medalhas, com o maior destaque para Rebeca Andrade na ginástica artística, estrela da modalidade e medalhista olímpica, que disputou diferentes categorias e conquistou quatro medalhas. Delas, foram duas de ouro, no salto e na trave. E também para Bárbara Domingos, da ginástica rítmica, que saiu de Santiago com cinco medalhas, sendo três de ouro pela disputa no individual geral, bola individual e fitas. Desempenhos individuais como esse foram essenciais para que desempenho do Brasil atingisse o recorde, assim como Rebeca e Bárbara, outros atletas também ganharam uma série de medalhas, tanto individualmente como participando de equipes, como Guilherme Costa, o cachorrão, que conquistou ouro em quatro provas de natação: 400m medley, 800m livres, revezamento 4x200m livre e 1500m.
Já com equipes, como no futebol, a equipe masculina formada inteiramente por jovens conquistou o ouro após decisão de pênaltis em uma final muito difícil contra o Chile, sede dos jogos e com toda torcida ao seu favor. Infelizmente, a equipe feminina não disputou o torneio devido ao título da Copa América, que classifica diretamente para as olimpíadas. Enquanto isso, o vôlei masculino conquistou o ouro, liderados por Darlan Souza e Henrique Honorato em uma campanha sem muitos sustos. Já no feminino, a seleção ficou com a medalha de prata após perder para a República Dominicana na final. É importante lembrar, que assim como no futebol, as duas categorias levaram equipes mais jovens para o torneio.
Dessa maneira, o desempenho do Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Santiago, não foi só histórico, mas também animador. A vitória dos atletas e equipes dentro da competição é também uma vitória da sociedade, já que uma grande parcela dos atletas vem de projetos sociais e tem muita dificuldade para viver do esporte, o que faz muitos precisam encontrar outras formas de complementar renda.
Com tudo isso, a perspectiva é de ganhar ainda mais confiança, visibilidade e esperança na preparação para Paris, para que lá, também se atinja novos recordes e quem saiba o país consiga uma incrível colocação entre os dez melhores no quadro de medalhas.
Os Jogos Olímpicos de Paris, na França, acontecem no ano que vem, de 26 de julho até 11 de agosto, contando com a presença de muitos dos vencedores do Pan e certamente com a torcida de todo o Brasil.