Bernardinho: uma história definitiva
por Vinicius Colares
O sucesso em um esporte coletivo, seja ele qual for, depende de uma união de fatores diversos. O esporte, em sua essência, recria os campos de batalhas. O trabalho em equipe, a motivação e a rotina forte de treinamentos são essenciais para o êxito. É essencial também o trabalho do técnico – uma espécie de comandante – em toda essa estrutura. Esse vai ser o líder responsável pelo funcionamento de toda a máquina e suas pequenas – ou grandes – engrenagens. Aliar conhecimento específico e formação intelectual com vontade de grandes conquistas e o amor pelo trabalho e pelo esporte.
Essa definição nos leva a alguns nomes presentes no esporte brasileiro. Rubén Magnano, técnico da seleção brasileira masculina de basquete; Rosicleia Campos, técnica da seleção feminina de judô; e, é claro, Bernardinho, técnico da seleção brasileira masculina de voleibol.
Bernardo Rocha de Rezende, o Bernardinho, está envolvido com o esporte a mais de 40 anos. É o maior campeão da história do voleibol e um dos responsáveis pelas proporções que o esporte alcançou no Brasil hoje. Ex-atleta, Bernardinho usa o conhecimento de quadra aliado ao ritmo forte de trabalho para alcançar resultados inéditos no mundo do voleibol. Além de técnico, o conferencista e empresário, vai ter no próximo ano o maior desafio da sua carreira: as Olímpiadas do Rio de Janeiro.
O início de uma caminhada
Sua carreira começou como assistente-técnico de Bebeto de Freitas, em 1988, nas Olímpiadas de Seul. Depois disso, em 1990, treinou a equipe feminina do Perugia, na Itália. Pouco depois Bernardinho assumiu o time masculino do Modena e voltou para o Brasil, em 1994, para assumir a seleção brasileira feminina adulta. Ficou nesse último cargo até 2000.
Nesse período conquistou três Grand Prix de Voleibol, três Campeonatos Sul-Americanos, foi ouro nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg e bronze das Olímpiadas de Atlanta e em Sidney. Bernardinho mudou a forma de se treinar voleibol quando deu ênfase ao físico aliado ao tático. Foi ele quem imprimiu uma rotina de musculação a seleção feminina, atitude que teve reflexo imediato nos treinos táticos e nos resultados.
Foi quando deixou o comando da seleção feminina, porém, que Bernardinho se credenciou definitivamente como um dos melhores técnicos de voleibol do mundo.
Seleção masculina: uma Era de ouro
Octacampeão da Liga Mundial; tricampeão do Mundial de Vôlei (2002, 2006 e 2010); medalha de ouro na Olimpíada de Atenas 2004 e prata em Pequim 2008 e Londres 2012. Esse é o legado de Bernardinho na seleção brasileira masculina até o momento. Foram esses títulos que o transformaram no maior vencedor da história do voleibol.
Autor dos livros “Cartas a um jovem atleta – Determinação e Talento: O caminho da Vitória” e do best-seller “Transformando Suor em Ouro”, o técnico vê pela frente um dos seus maiores desafios até hoje.
Disputar as Olímpiadas no Rio de Janeiro pode tomar dois caminhos diferentes: a pressão ou a motivação. Em entrevista ao programa SportvNews, Bernardinho falou sobre isso.
– Claro que a torcida leva junto, motiva. Mas também leva a pressão. Tudo muda desde o número de entrevistas até os patrocinadores, mas o importante é lembrar que existe uma missão: a medalha olímpica de 2016 – disse o técnico.
E se Bernardinho está encarando 2016 como uma missão, um fato é incontestável: o trabalho duro está sendo executado. Bernardinho é desses raros técnicos que não ficam desmotivados com a derrota ou acomodados com a vitória. Pelo contrário, a vontade de vencer dobra em ambas as situações. Não é por acaso que a seleção masculina de vôlei é favorita na conquista da medalha de ouro. O técnico carioca assumiu ter vontade de largar a seleção brasileira depois dos jogos olímpicos no Rio de Janeiro. O primeiro lugar seria um belo ponto final em uma história que já é definitiva.