Audiência versus Conteúdo
Com o alto teor apelativo dos programas de tevê na atualidade, faz-se pensar no que está em jogo: a qualidade ou o quanto o produto rende para o meio?
Apelação. Esta é a palavra que melhor se encaixa para caracterizarmos a grade televisiva da atualidade. Sexo, nudez, violência explícita e palavreado chulo dominam a maioria, para não pecar pelo exagero de dizer que todos os programas de tevê os possuem em sua fórmula.
Partindo disso me pergunto: até onde vai a guerra pela audiência? Vale tudo para conquistá-la? Será que o IBOPE conta mais que o conteúdo? Tudo leva a crer que as emissoras estão dispostas a tudo para prender seu público e que a resposta para minhas perguntas é um sonoro SIM!
Foi-se o tempo em que ligávamos nossos aparelhos de televisão e apreciávamos um produto de qualidade. Os programas estão mal planejados e apelativos demais. As temáticas se perdem num todo e caem na mesmice. É raro você encontrar algo que realmente te relaxe e divirta após u cansativo dia de trabalho.
A violência é escancarada. Já vivemos em um mundo onde a barbárie nos persegue quase que 24 horas por dia e quando temos um tempo para “fugir” dela, esta se faz presente num dos nossos meios preferidos de distração: a tevê. Não estou dizendo que não devemos abordar sobre a violência, de maneira alguma! Mas ela deveria ser mais moderada. Já temos os noticiários para nos mostrar a realidade nua e crua. Não precisamos que as novelas, séries e filmes mostrem-na de maneira tão excessiva. Embora haja censura de idade na programação, sabemos que ela é pouco respeitada e que mesmo que o programa seja proibido para menores de 18 anos, por exemplo, há crianças de menos idade assistindo.
E assim, de maneira demasiada, também são mostradas as cenas de sexo. Aqui, as temáticas se perdem e acabam caindo na vulgaridade. O que acontece na vida sexual de um casal deve ficar entre quatro paredes e não ser exposta para o mundo.
O amor é um sentimento tão puro, singelo e bonito, que pode ser mostrado de tantas outras formas mais do que uma simples atração física ou como dois pedaços de carne em cima de uma cama. Mas parece que novela não é novela sem cenas picantes. O casal que só beija não faz tanto sucesso quanto o que vive transando. Este último, com certeza, é o casal que emplacou popularidade no folhetim perante o público. Há uma grande inversão de valores.
Acho importantíssimo abordar sobre sexo na mídia, mas com um viés médico e não vulgar, como vem sido tratado. Isso não é nada excitante, que fique bem claro! Pode ter certeza que grande maioria dos telespectadores não são praticantes do voyeurismoe gostam apenas de assistir às cenas ousadas para sentir prazer com isto.
Outro assunto que vem me chamando bastante atenção é a maneira chula do humor na televisão brasileira. Os programas estão mais para circo dos horrores do que humorísticos. Fazem piada com assunto sério, usam e abusam do humor negro. Palavrões e piadas grosseiras são marca registrada. É de um mau gosto sem fim! Antigamente ria-se de coisas que realmente tinha graça. Divertia-se muito mais e sem embargo.
A mídia é uma grande manipuladora e formadora de opiniões e comportamentos. Então fica no ar a pergunta: que tipo de indivíduo ela está gerando ultimamente? Com o excesso de violência e sexo e um humor escrachado, uma programação tão pobre de conteúdo, penso que está saindo um ser sem sentimentos e programado para apenas matar e fazer sexo!
Os meios midiáticos estão pecando gravemente em dar mais importância à rentabilidade do que a qualidade do seu produto. A programação do passado era mais sutil e visava o entretenimento do seu público. Hoje, com a grande concorrência, a perda de audiência faz com que as emissoras apelem, dando ênfase à tese de que a desgraça, o barraco e a fofoca vendem mais. Só que isso está gerando descontentamento da grande maioria, que está preferindo se distrair com outras coisas a ligar sua tevê.
As emissoras seguem perdendo preciosos pontos no IBOPE, não estão lucrando tanto e isso deveria acarretar na reformulação de sua grade, se as cabeças não fossem movidas apenas por dinheiro. Esta é a saída ou a catarse será coletiva!