Assembleias contra o bloqueio orçamentário marcam a tarde desta segunda-feira (10)

Assembleias organizadas pela comunidade acadêmica da UFPel discutiram o bloqueio orçamentário e as futuras mobilizações contra o descaso com as universidades e institutos federais.

Por Felipe Boettge e Jaime Lucas Mattos

Fachada da Faculdade de Direito / Foto: Jaime Lucas Mattos/Em Pauta

Nesta segunda-feira (10), foram realizadas duas assembleias gerais, organizadas pelas categorias representativas da UFPel, formadas pelo DCE, ADUFPel e ASUFPel, com o apoio do SINASEFE IFSul. A primeira assembleia geral realizada junto à comunidade acadêmica ocorreu às 12h, em frente ao Restaurante Universitário (RU) do Capão do Leão, e a segunda, às 17h30, na frente da Faculdade de Direito, em Pelotas.

A equipe do Em Pauta esteve presente na assembleia realizada na Faculdade de Direito, iniciada às 17h30. O público foi chegando aos poucos ao local, ocupando parte da praça em frente à fachada do prédio, onde estavam os oradores da assembleia.

O objetivo do encontro foi reunir a comunidade acadêmica para reforçar o posicionamento contrário ao contingenciamento de recursos orçamentários das universidades e institutos federais, além de evidenciar os próximos atos organizados pela universidade e pela comunidade acadêmica contra os cortes que já afetam a UFPel desde o começo do ano, com a anterior decisão do Governo Federal de cortar 7,5% (R$ 5,9 mi) do orçamento da universidade.

Estudantes reunidos assistindo à assembleia / Foto: Jaime Lucas Mattos/Em Pauta

Foi evidenciada na assembleia a importância da existência e manutenção da UFPel para a economia de Pelotas e região, pois os estudantes da universidade possibilitam uma maior movimentação econômica em toda a região pelotense e no entorno da cidade.

“Se já está funcionando de uma forma tão precária a universidade, mais um corte significa, praticamente, que daqui a pouco nós vamos ter que fechar as portas.” — Cássio Lilge, estudante de licenciatura em História, sobre o sentimento frente ao bloqueio do orçamento.

O Governo recuou da decisão do recente bloqueio orçamentário de 3,3% (R$ 2,6 mi), imposto de forma oficial no dia 05 de outubro, e, na manhã desta segunda-feira (10), a reitoria da UFPel afirmou que o orçamento fora desbloqueado. No entanto, os cortes do início do ano continuam afetando o funcionamento da universidade.

Segundo Mara Beatriz Gomes, coordenadora geral da ASUFPel (Associação dos Servidores da Universidade Federal de Pelotas), ao longo do ano os funcionários terceirizados estão sendo demitidos e os alunos bolsistas estão tendo cortes nas bolsas em reflexo do corte orçamentário do início de 2022.

“Cada vez que um posto de trabalho terceirizado é encerrado, pode impactar na vida de 4, 5, 6, 7 pessoas, são famílias desempregadas.” — Mara Beatriz sobre o impacto das demissões de funcionários terceirizados. 

Mara Beatriz discursando no Campus Capão do Leão / Foto: Reprodução/ADUFPel / Instagram

“Esses cortes no orçamento, nós temos sentido desde o início de agosto, com o retorno das atividades presenciais […], um dos principais exemplos é o transporte de apoio, que não tem o número de ônibus que tinha antes da pandemia, que deveria ter, tamanha a demanda de estudantes.”, revela o estudante Cássio Lilge. Rodrigo Rosa, estudante de Gestão Pública, acrescenta: “esses cortes, congestionamentos, é a resposta negacionista frente a essa resistência”.

“Infelizmente não foi surpresa essa notícia [do bloqueio orçamentário] porque a gente já vinha observando nos últimos anos como tem se acentuado a desvalorização da universidade pública”, contou Mara Beatriz ao Em Pauta, e ainda evidenciou essa percepção com a observação do tratamento do governo para com as universidades: “[…] essa forma de conceber e de olhar para a universidade, não como um investimento, não como uma necessidade da sociedade, apenas como um número frio e que se pode simplesmente cortar o orçamento sem perceber o quanto isso impacta na região e na vida das pessoas que dependem desses serviços.”

Reitora Isabela Fernandes Andrade discursando / Foto: Felipe Boettge/Em Pauta

Durante os discursos na assembleia, houve um considerável número de reclamações quanto à falta de diálogo com a reitoria da UFPel, que não teria consultado as classes de funcionários e estudantes da universidade, que formam a comunidade UFPel, para a organização e mobilização dos eventos acerca dos bloqueios e cortes orçamentários. Algo notado e criticado pelos presentes, foi quando os membros da reitoria da universidade deixaram o local após algum tempo de assembleia, quando já havia um acúmulo de críticas quanto à falta de diálogo.

A assembleia foi, então, uma oportunidade de melhor conversa e construção entre os presentes a respeito dessas situações, oferecendo espaço para que todas as considerações propostas pudessem ser ouvidas, discordando-se ou não sobre elas. 

Estudantes reunidos, com cartazes pendurados ao fundo / Foto: Felipe Boettge/Em Pauta

Os principais movimentos a favor da universidade e da democracia que foram mencionados na assembleia, chamando o público para as ruas, foram a aula aberta do dia 11 de outubro, que será realizada no Mercado Público de Pelotas e que vai evidenciar a importância da UFPel para a cidade de Pelotas; e a mobilização do dia 18 de outubro, em manifestação contrária ao atual governo, que vem fazendo cortes e bloqueios orçamentários há muito tempo na área da educação.

“Nosso dever como comunidade acadêmica, enquanto estudantes, é estar mobilizados […], o mais importante é que seja respeitada a autonomia da universidade e que nós não sejamos atacados e atacadas por defender o interesse da educação nesse país” — Rodrigo Rosa, estudante de Gestão Pública.

Comentários

comments

Você pode gostar...