Aprender uma nova língua: o desafio por trás do sucesso
Por Jéssica Gebhardt
Na cultura contemporânea globalizada, dominar outro idioma se tornou sinônimo de sucesso na carreira profissional. Quem quer estar preparado deve buscar conhecimento e qualificação para não ficar por fora das oportunidades que o mercado de trabalho oferece. É hora de falar, escrever e pensar em inglês. Porém, infelizmente, o que vemos nas escolas regulares é um ensino excessivamente baseado em regras gramaticais, o que gera poucos resultados, frustações e, muitas vezes, leva crianças e jovens a buscar ensino complementar em cursos livres de inglês.
O mercado de ensino de inglês no Brasil está crescendo muito devido ao considerável aumento da procura por cursos de idiomas. Pais estão matriculando seus filhos cada vez mais cedo em cursos de inglês, pois acreditam que quanto mais cedo uma pessoa é exposta a um novo idioma, mais fluente ela será. No entanto, esta conclusão pode estar um tanto equivocada. Segundo o professor e proprietário de um curso livre em Pelotas, Jandir Benedito Venturini, a criança ainda não consegue desenvolver os skills (habilidades) necessários para aprender uma língua com eficiência. “São duas coisas diferentes. Em razão de diversos fatores linguísticos, a criança que é inserida precocemente em cursos de idiomas pode, sim, desenvolver uma melhor pronúncia do que um adulto que começa agora, porém é só isso”, falou.
Jandir ainda ressalta que é importante ter cuidado com a idade que a criança irá começar a estudar um novo idioma, pois, muitas vezes, elas são forçadas a fazê-lo. “A criança nem sabe o porquê de estar ali. Tal comportamento pode gerar frustrações e essa criança pode passar a não gostar de inglês”, completa.
O estudante Rafael Andrade Pires, 13, estuda inglês desde os nove anos e acha importante começar cedo a praticar outro idioma. Ele confessa que no início não gostava muito de ir às aulas, mas depois percebeu que era importante e aproveitou a oportunidade. “É bom porque sei que vou ter mais qualificações e vou estar mais preparado para o mercado de trabalho”, disse.
Muitos cursos livres fazem uso da tecnologia em sala de aula para tornar a aula mais dinâmica. Estamos na era da informação, aonde tudo chega até nós. Jandir acredita que a tecnologia mudou completamente a forma de ensinar e aprender inglês. “Antigamente, a informação era detida dentro da escola. Nós tínhamos que ir até a escola para aprender, ela era a fonte para abastecer o aluno. Hoje podemos fazer isso em casa”, afirma. Porém, muitos alunos ainda não conseguem usar as mudanças a seu favor. Para Jandir, o aluno que aprende inglês hoje é mais passivo. “Ele está perdido na informação, não sabe selecionar o que é bom e útil. Não produz nada, só reproduz”, critica.
Tem gente que está querendo enrolar não só a língua
Com o aumento considerável dos cursos de idiomas no país, o mercado torna-se, ao mesmo tempo, vulnerável ao comércio amador e improvisado. Junto com a necessidade vem as possíveis “soluções imediatas”: aprenda inglês em apenas três meses, o inglês que você não esquece, escola nota dez, entre outros. Alguns cursos veem o inglês apenas como uma forma de ganhar dinheiro. Outras, felizmente, ainda buscam qualidade e investem em professores.
Num contexto mais abrangente, Jandir discorre sobre a necessidade de dar mais foco na educação. Primeiramente, não deveríamos considerar o inglês como língua estrangeira, mas, sim, como segunda língua oficial. “Só assim conseguiríamos desenvolver motivação interna e criaríamos uma cultura e mentalidade diferente no brasileiro”, acrescenta o professor. O ensino de inglês no Brasil ainda deixa a desejar. Segundo ele, faltam cursos sérios que realmente se preocupem com qualidade de ensino. “É preciso trabalhar, principalmente os skills(habilidades), sem memorização. Só assim o aluno poderá crescer e ver que realmente está aprendendo. Aprender inglês é um processo que leva tempo e você investe nisso, por isso é importante saber escolher”, finaliza.