Apostas esportivas: paixão, marketing e “dinheiro fácil”
Seja por lazer ou investimento, as casas de apostas fazem parte do cotidiano e se tornaram importantes no orçamento dos clubes brasileiros.
Por Esther Boeira
Permitido desde 2018 pela Lei 13.756, os mais de 450 sites ativos no Brasil movimentam em torno de 12 bilhões de reais anualmente. A lei legaliza a operação das casas de apostas no país, mas exigiu que fossem regularizadas em um prazo de quatro anos, a validade acaba em dezembro desse ano e parece estar distante de uma regulamentação.
Os números e margens de lucro resultam no estrondoso crescimento do mercado, fazendo fãs de esportes investirem seu dinheiro na promessa de “lucro sem esforço”, apesar da adesão, a atividade ainda não tem a devida proteção da legislação brasileira. Assim as empresas que operam no Brasil são sediadas no exterior, não pagando impostos e oferecendo jogos de azar em suas plataformas (uma prática não legalizada no Brasil, mas por não responderem à legislação brasileira ficam imunes de punições).
Junior Alves, de 26 anos, conheceu as apostas virtuais no ano de 2020, e desde então se tornou um apostador assíduo desde outubro do ano passado (2021). “Na primeira vez apostei R$10,00. Não lembro se ganhei ou perdi. Mas recordo que o primeiro saque que fiz foi de R$100,00 e eu havia depositado R$50,00. Não me senti motivado ou sequer tive vontade de apostar novamente. Após muito tempo retornei ao mercado e desde então fui me especializando cada vez mais para apostar e obter lucros diários”.
Também relatou que “as apostas movimentam outros mercados, como: youtube, sala de consultorias/ sinal (nesse caso de apostas) e vendas de cursos online.” Junior realizou dois cursos sobre apostas, sendo eles super trader (no valor de R$300,00) e homeBet (no valor de R$1.000,00).
Para se cadastrar numa casa de apostas, basta ter mais de 18 anos, fornecer um email, criar um usuário e senha. A partir daí, as transações são feitas por cartão de crédito, pix ou boleto.
Junior ainda complementa: “vai muito além de qual time ganha ou perde. As combinações são infinitas, como apostar quantos gols uma equipe fará, quantos cartões vermelhos ou amarelos terão no jogo e até quantos escanteios acontecerão até o fim do primeiro tempo.” E quanto mais possibilidades… mais chances de aumentar o lucro.
LEGALIZADO NÃO É REGULAMENTADO
A discussão gira em torno dos ganhos das apostas. Mas especialistas defendem que os impostos incidam apenas nos lucros das empresas, sem onerar ou prejudicar o apostador, visto que o ganho da casa é movimentado fora do país e o do apostador dentro do mesmo.
A regulamentação precisa ser muito bem elaborada para que não “esquive” as casas nem torne o mercado menos competitivo, mas não frouxa o suficiente para que se torne um meio para “lavar dinheiro” ou para driblar os ganhos financeiros.
GANHAR DINHEIRO EXIGE ESTUDOS
“Não são apenas cliques, é necessário um estudo sobre formas de apostar e os times que irão disputar. Quem quiser investir precisa fazer de maneira séria”, argumenta Junior.
Há especialistas no assunto com milhares de seguidores no youtube e com inúmeras comunidades no telegram, além de cursos e workshops para se tornar um bom apostador.
COTAÇÃO ALTA
Atualmente 35 dos 40 principais times do Brasil possuem alguma casa de aposta estampada em seus uniformes. O único time da série A que não possui, no futebol MASCULINO, uma casa de aposta em seu uniforme, é o Palmeiras. Ou seja, dominam os uniformes dos clubes brasileiros.
E geralmente ocupam os lugares mais nobres da camisa, o patrocínio master, abaixo do escudo.
Mas se engana quem imagina que as apostas se restringem apenas para o futebol. O universo das apostas esportivas se diluem em inúmeros esportes, inclusive: sinuca, tênis de mesa, MMA, e-sports (jogos eletrônicos), Big Brother Brasil (BBB) e até ELEIÇÕES.
PERIGO PARA A SAÚDE MENTAL E FINANCEIRA
Todo mundo conhece uma história sobre alguém que perdeu dinheiro (ou até mesmo MUITO dinheiro) em apostas, e nas esportivas isso não é diferente. Além de inúmeros problemas psicológicos que podem causar,como dívidas, desemprego e depressão.
Psiquiatras afirmam que “apostar ativa a mesma região cerebral despertada pela sensação de comer, fazer sexo ou usar drogas de abuso”. Se tornando assim um grande risco para dependência (ou seja, um vício).
As casas de apostas oferecem um mecanismo conhecido como: stop loss, ou seja, um valor que, se perdido em um dia, o obriga a pausar. E aí? Já fez sua “fezinha” hoje?