A luta indígena pela permanência nas universidades

Evento debateu direitos e conquistas dos indígenas. Foto: Jéssica Lopes

Por Jéssica Lopes, Jessica Alves e Gabriella Cazarotti

A bancada indígena da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e lideranças indígenas da região reuniram-se no mês de setembro (15) para um debate sobre os seus direitos e conquistas. O evento ocorreu no auditório da Escola de Educação Física da universidade. Os integrantes de comunidades indígenas viajaram por horas para a realização do evento, no qual se encontraram com alunos e docentes da UFPel.

O acontecimento teve a duração de dois dias. No primeiro, abordou-se a questão do Estado para com a situação das comunidades indígenas no Brasil, levantando o espectro da educação, saúde, escolarização, propriedade e direitos do cidadão. No segundo dia, houve uma mesa de debate na qual as lideranças puderam discutir sobre os tópicos abordados, salientando as questões defendidas dentro da universidade.

Jozileia Daniza, doutoranda da UFPel, arrebatou a plateia com a pergunta: “Até que ponto os indígenas são cidadãos?”, respondendo retoricamente em seguida: “para o Estado eles não são.”

Indígenas lutam pela permanência na Universidade. Foto: Jessica Alves

Jonatan, neto do Cacique Jacinto, tomou a palavra para ressaltar a importância de haver representantes da causa indígena no Congresso. Ele destacou a necessidade de uma participação ativa de indígenas de todo o país no governo brasileiro, tendo em vista que as próprias questões desse grupo não são discutidas na Câmara por líderes de aldeias ou caciques, mas sim por políticos brancos desconectados da causa.

Segundo Albertina Rosana Dias, da aldeia guarani Kaigangue, o propósito da reunião era conversar sobre os desafios e problemáticas que o povo indígena passa para se inserir na sociedade. Como a maioria nasce em suas respectivas aldeias, na hora de ter contato com o mundo externo é necessário o apoio e a atenção para que os mesmos não sofram preconceito e sejam recebidos da melhor maneira nas universidades. Dessa maneira, eles podem se tornar profissionais capazes de usar o conhecimento adquirido para contribuir com o crescimento de seu povo.  

Albertina ainda acrescenta que trabalhou por 31 anos na Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e hoje abraça a luta por seus direitos, encorajando e incentivando o seu povo a ser protagonista de sua história, mantendo viva a cultura indígena dentro da sociedade moderna.

É válido ressaltar a importância destes eventos promovidos pela Universidade, cujo intuito é integrar os povos indígenas na sociedade como um todo e dar voz a esses eles, que muitas vezes são menosprezados. “Concretizando o sonho de retomar o que é nosso, que foi retirado de nós a sangue e ferro!”

Após o término do evento, às 16h, os indígenas que vieram de outras regiões foram levados para um passeio pelos pontos turísticos da cidade de Pelotas.

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