Conheça um pouco da história do CoCTec

A partir da experiência e know-how desenvolvidos ao longo dos últimos  dez anos, o CoCTec, sob a liderança da profa. Dra. Rosária Ilgenfritz Sperotto, propõe o desenvolvimento de um projeto de pesquisa, ensino e extensão inovador. O CoCTec, por meio da prática de pesquisa problematiza e experimenta  estratégias de intervenção comprometidas com os recursos que se materializam no viver e no conviver, “buscando as melhores práticas”, atentando para a efetivação de uma educação  presentificada que contempla as plurais demandas, cada vez mais ligadas à tecnologia,  características que precisam estar presentes nos projetos de capacitação na América Latina e na África.

Em 2015, o grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão Comunicação, Cultura e Tecnologias (CoCTec), da Universidade Federal de Pelotas, iniciou o projeto para a formação de professores de ensino básico em programação e robótica, com o objetivo de criar uma rede de clubes de computação na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Em 2016 o grupo ofertou um curso semi-presencial onde professores de diferentes disciplinas de escolas municipais, estaduais e outros profissionais do ensino tiveram acesso a linguagem de programação Scratch e oficinas de robótica educacional com LEGO e Arduino. Dos 43 professores que tiveram acesso a este desenvolvimento pedagógico, quatro educadores deram início a clubes de computação em suas instituições de ensino. Alguns gerenciando mais de um grupo, Pelotas conta atualmente com 10 clubes de programação e robótica na rede pública de ensino, um deles localizado em uma escola para estudantes quilombolas, na zona rural.

aprendizagemcriativa.org

Em sintonia com a Rede Brasileira de Aprendizagem Criativa, a direção e bolsistas do CoCTec reúnem-se quinzenalmente com os professores da rede de clubes, a fim de alinhar com o grupo o trabalho que está sendo realizado, trocar experiências  tanto da rede quanto do próprio grupo de pesquisa, e oferecer novas atividades de desenvolvimento pedagógico referentes ao trabalho com Scratch e computação física. Esta comunicação constante com a rede, que é realizada periodicamente presencialmente e constantemente por grupos de e-mail e Whatsapp, permite não só o acompanhamento do que está sendo realizado nas escolas, mas também sua constante evolução e construção enquanto rede de aprendizagem.

Iniciar um projeto como a rede de clubes de computação pela formação de professores caracteriza o trabalho que o CoCTec vem realizando ao longo dos anos, pensando na sustentabilidade das ações que são propostas e realizadas pelo grupo ao alinhar educadores na criação de espaços e oportunidades para aprendizagem significativa baseada em projetos, reiterando o papel do professor enquanto facilitador da aprendizagem, motivando estudantes a gerenciar seu desenvolvimento cognitivo.

Internacionalização

Cooperação internacional com universidades de Moçambique e África do Sul

Foto: Antoniela Rodriguez.

Desde 2013, o grupo de pesquisa mantém cooperação internacional com a Faculdade de Educação da Universidade Eduardo Mondlane, de Moçambique, levando estudantes das mais diversas áreas da UFPel a capacitar outros universitários em mídias para a Educação, e recebendo pós-graduandos do país em disciplinas e projetos da nossa pesquisa. Ao todo, 27 discentes ou docentes participaram desta iniciativa de internacionalização, atingindo programas de graduação e pós-graduação em Jornalismo (3),  Artes Visuais(2), Administração(1), Cinema (1) Educação Ambiental (4), Gestão da Educação(1), mestrandos da área Educação (2), doutorandos (5) e 4 professores (2 da UEM e 2 da UFPel). Em cinco anos de trabalho para o desenvolvimento pedagógico de alunos e alunas da universidade do continente africano, o programa PROMIDIAS serviu de inspiração para a criação da rede de clubes de computação.

Atualmente o CoCTec está em negociação com a Universidade Pedagógica (UP) de Maputo, Moçambique, com a Tswane University of Technology (TUT), Pretória, e a Greater Tzaneen Community Foundation (GTCF), Tzaneen, África do Sul. Enquanto fundação que objetiva desenvolver jovens negros de zonas rurais do país, a GTCF promoveu junto à UFPel e a UP um curso intensivo de programação e robótica para jovens da TUT e desempregados de comunidades rurais locais em setembro de 2017. O curso de robótica educacional foi desenvolvido pela equipe do CoCTec, composta por duas professoras e dois alunos representando as engenharias Eletrônica e Automação e Controle. O resultado do trabalho permitiu ao grupo avaliar a metodologia e logística empregada nas aulas, a fim de planejar um curso de longa duração para o ano de 2018, parte do acordo entre as instituições sul africanas e a UFPel.

Devido aos diferentes contextos cultural e sócio-econômicos, todos os projetos se deram de formas distintas. No entanto, cada um em seu propósito científico atende direta e indiretamente a públicos que demandam viver a educação de forma criativa e com o suporte das tecnologias. Enquanto entendemos o impacto da formação de professores de escolas públicas pelotenses no desenvolvimento educacional de crianças e jovens em idade escolar, percebemos que o continente africano, mais especificamente a cidade de Maputo em Moçambique e zonas rurais de Tzaneen na África do Sul, carecem ainda de infraestrutura para a formação dentro da própria universidade. Tecnologias digitais como meio de aprendizagem não estão presentes no currículo ou em ambientes informais da mesma forma em que fazem parte de boa parte das universidades e da rotina de estudantes brasileiros.