Cacaso [Antônio Carlos de Brito]

JOGOS FLORAIS [Grupo escolar, 1974]

I
Minha terra tem palmeiras
onde canta o tico-tico.
Enquanto isso o sabiá
vive comendo o meu fubá.

Ficou moderno o Brasil
ficou moderno o milagre:
a água já não vira vinho,
vira direto vinagre.

II
Minha terra tem Palmares
memória cala-te já.
Peço licença poética
Belém capital Pará.

Bem, meus prezados senhores
dado o avançado da hora
errata e efeitos do vinho
o poeta sai de fininho.

(será mesmo com 2 esses
que se escreve paçarinho?)

 

POLÍTICA LITERÁRIA [Grupo escolar, 1974]

O poeta concreto
discute com o poeta processo
qual deles é capaz de bater o poeta abstrato.

Enquanto isso o poeta abstrato
tira meleca do nariz.

 

CÉLULA MATER [Na corda bamba, 1978]

Unidos
Perderemos

 

OBRA ABERTA [Na corda bamba, 1978]

Quando eu era criancinha
O anjo bom me protegia
Contra os golpes de ar.
Como conviver agora com
Os golpes? Militar?

 

NATUREZA MORTA [Na corda bamba, 1978]

Toda coisa que vive é um relâmpago

 

TROPICÁLIA [Na corda bamba, 1978]

Em viveiro de arara tucano é
Tirano