Residência Ressoar promove roda de conversa em São Lourenço do Sul

Atividade voltada para artistas da região no dia 2 de agosto é gratuita e tem objetivo de estimular diferentes visões, modos de fazer e de pensar a arte


A equipe do “Programa de Residência Artística Ressoar – 1ª edição: artistas mães” convida artistas de São Lourenço do Sul e região para participarem de uma roda de conversa com as residentes Edi Patzlaff, Giordana Winckler e Lu Goulart, selecionadas para a imersão artística. Serão bem-vindos todos que tenham ligação com o campo cultural, sejam de qualquer tipo de expressão e linguagem artística. Haverá tradução simultânea com intérprete de Libras.

O encontro acontece no dia 2 de agosto (sábado), às 14h, no espaço “O Jardim”, localizado na Av. Dr. Moliano Crespo, 442, em São Lourenço do Sul. A entrada é gratuita, sem necessidade de inscrição prévia. A organização pede apenas que, quem puder, leve a sua cadeira de praia. Caso haja instabilidade no tempo, a roda de conversa será transferida para o Recanto Carahá (Theodoro Henrique Schuch, 1640). Qualquer mudança será avisada nas redes sociais.

A roda de conversa tem como proposta estimular diferentes visões, modos de fazer e de pensar a arte. Para a proponente da Residência Ressoar, Ana Flor, as trocas entre artistas locais e residentes, proporcionadas neste momento, podem contribuir positivamente para o percurso artístico das pessoas envolvidas.  “A confluência das vivências irá somar tanto para as artistas que estão vindo de outras realidades, quanto para os artistas locais, promovendo essa troca de experiências de modos de viver e de fazer arte”, explica. 

Ana informa que, além dos processos artísticos, a roda de conversa deverá tratar de aspectos acerca de construção de carreira artística e enfrentamento de dificuldades. “Pensamos nessa atividade como forma de nos agregarmos e fazemos construções coletivas, como trabalhos e ideias. É uma oportunidade de dedicarmos um tempo específico para fazer essas trocas, que irão somar positivamente em vários âmbitos”, afirma a organizadora.

 

Ana Flor compõe a equipe de organização do encontro

 

Realização de coletivo artístico

O encontro aberto aos artistas da região, no dia 2 de agosto, faz parte de um projeto maior, que é a  Residência Ressoar. Trata-se de  uma realização do coletivo e casa de arte Alumiar, coordenado pelos artistas visuais Ana Flor e Fábio Abbud, com apoio da Secretaria da Cultura do Estado do Rio Grande do Sul (Sedac/RS) e financiamento do Ministério da Cultura (MinC), por meio da Política Nacional Aldir Blanc. 

A residência acontece de 28 de julho a 3 de agosto, no Recanto Carahá, em São Lourenço do Sul. O programa tem como foco fortalecer o trabalho de artistas mães, oferecendo um espaço de introspecção, criação e trocas com o território. Edi Patzlaff, Giordana Winckler e Lu Goulart, selecionadas na convocatória, receberão uma bolsa de incentivo e desenvolverão suas pesquisas em diálogo com o meio ambiente, os saberes tradicionais e o contexto social local. 

Estão previstas vivências das artistas em três comunidades tradicionais durante a imersão: junto à aldeia Mbyá Guarani Tekoá Tavaí e à família Gonçalves da Pecuária Garupa, em Cristal; e ao ponto de memória Quilombo Maria Lina, em São Lourenço do Sul. Elas também receberão uma formação oferecida pela artista Catiuscia Dotto, intitulada “Desfloración: do corpo poético ao corpo em resistência”, no primeiro dia de residência, 28 de julho. Além disso, durante o todo o período, as residentes serão acompanhadas pela curadora-orientadora Ana Flor, que irá propor e estimular reflexões sobre suas pesquisas e os territórios simbólicos que ocupam.

Os dias da residência foram definidos de acordo com o calendário escolar do Estado, possibilitando que as selecionadas levem seus filhos e suas filhas para o período de imersão. Durante a semana, está prevista a realização do “Ressoar Infâncias: Iniciação em artes”, em que serão oferecidas três oficinas artísticas para as crianças, com o compromisso de entrelaçar as infâncias, considerando como os pequenos são afetados pelas produções e como podem, com suas dimensões criativas únicas, afetar o contexto em que estão inseridas. As oficinas serão conduzidas por Andriele Teixeira (cerâmica), Pri Ferreira (literatura) e Venine Ventania (artes circenses). 

Acompanhe mais informações sobre a Residência Artística Ressoar no Instagram do coletivo Alumiar: @alumiar_atelie

 

 

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Superman (2025): um novo herói para um novo universo


Após muita especulação, lançamento nos cinemas revela quem é o Super-Homem da fase atual da DC Comics      

Por Isadora Jaeger     

No dia 11 de julho, Superman chegou às telonas com uma nova versão do homem de aço, consolidando a nova fase Universo da DC Comics. Dirigido por James Gunn, o filme simboliza um novo começo, deixando para trás a era de filmes de tons sombrios como “Liga da Justiça”, “Homem de Aço” e “Batman vs. Superman: A Origem Da Justiça”.

Mesmo com produções da concorrente no currículo, como a franquia Guardiões da Galáxia da Marvel, o diretor James Gunn já é um nome consagrado na DC. Ele foi responsável por “O Esquadrão Suicida” (2021) e está por trás de “Comando das Criaturas”, série animada que marca a primeira obra oficial criada para o novo DCU (Universo Cinematográfico DC).

Para dar o pontapé inicial dos live-action para a nova fase, Gunn teve a tarefa de moldar um dos mais antigos e famosos heróis da DC, o Super-Homem. Após a fase conhecida popularmente como Snyderverse, ou Universo Estendido da DC (DCEU), marcada por um tom mais sombrio, abordagem épica e recepção dividida, surgiram muitas dúvidas sobre o futuro da franquia. Assim como naquela fase, o novo universo também começaria com um filme do Super-Homem.

 

Superman e Krypto, o Supercão               Foto: DC Studios/Divulgação

 

Apostando na leveza e em cores vibrantes, James Gunn devolve ao Super-Homem uma de suas facetas mais emblemáticas: a de símbolo de esperança. Esse novo Superman não mede esforços para proteger cada ser vivo de Metrópolis, desde pessoas até esquilos. Ele representa o heroísmo em sua forma mais pura: aquele que atravessa dimensões para resgatar um cachorro que estaria sozinho e, provavelmente, assustado.

Diferente das versões de 2013 e 2006, que,  com Cavill e Routh, faziam referências à história de Jesus Cristo, simbolicamente equiparando o herói a um deus, a abordagem de Superman é mais igualitária, apresentando-o como alguém empático, que conhece cidadãos de Metrópolis por nome e não necessita da relação de superioridade. Acima de tudo, ele está lá para servir ao bem e a Terra.

Quanto ao ator que veste o traje nesta adaptação, não há dúvidas de que David Corenswet é um ótimo Super-Homem. É sua naturalidade como Clark Kent que possibilita que o público acredite na totalidade do personagem. Sua química com a Lois Lane, interpretada por Rachel Brosnahan, transmite ao público uma intimidade que estabelece os dois como um casal real desde suas primeiras cenas juntos.

 

A jornalista Lois Lane (Rachel Brosnahan) entrevista Superman (David Corenswet)          Foto:DC Studios./Divulgação

 

Diferente da interpretação original de Christopher Reeve, ator conhecido por seu papel no Super-Homem em 1978, Corenswet não traz uma diferença tão contrastante entre o herói e o alter-ego. Enquanto Reeve se destaca nas cenas em que transita entre o tímido Clark Kent e o imponente Super-Homem, com tons de voz e postura distintas, Corenswet convence com a intersecção dos dois personagens. É claro que há diferenças no modo como Clark e Superman se comportam, mas cenas como a entrevista com Lois Lane revelam o quanto essas duas identidades são variações do mesmo indivíduo, e não personas opostas.

A questão principal do filme é que a motivação principal do herói, fazer o bem, pode ser complexa. E é desta forma que a trama do filme se desenha, após o Superman interferir no conflito geopolítico dos países fictícios Borávia e Jarhanpur, dividindo opiniões dos cidadãos de Metrópolis.

Apesar de parte da recepção do público estranhar o ‘cunho político’ do personagem em Superman, tal característica se faz presente desde os quadrinhos iniciais do personagem, com edições em que lutava contra líderes políticos como Hitler e Stalin. Entretanto. é inegável que algumas adaptações suavizaram essa característica do personagem, tornando-o mais comerciável e palatável ao público. Com o filme de 2025, o diretor resgata essa camada original do herói, aproximando-o de suas raízes como agente de justiça social em um mundo politicamente complexo.

 

Rede de televisão norte-americana FOX News questiona abordagem política do filme Foto:Reprodução/FOX News)

 

Fora das telas, James Gunn também enfrentou críticas da mídia conservadora norte-americana após afirmar que o Super-Homem é, essencialmente, um imigrante. Em meio ao cenário polarizado dos Estados Unidos e a antigas polêmicas envolvendo políticas anti-imigração de Donald Trump, a Fox News rapidamente apelidou sua versão do herói de “Superwoke”, alegando que o filme teria um viés progressista e “desconstruído”. Apesar das controvérsias, o longa tem sido bem recebido: segundo o site Rotten Tomatoes, o novo “Superman” conta atualmente com 93% de aprovação do público e 83% da crítica.

Embora se apoie no humor que se tornou intrínseco ao gênero de filmes de super-herói, o filme introduz uma gama de personagens que habitam o DCU. Entre vilões egocêntricos e coadjuvantes carismáticos, Gunn consegue despertar curiosidade sobre o papel e o desenvolvimento futuro desses personagens no universo que está sendo construído.

Acima de tudo, “Superman” apresenta um herói com agência: alguém que toma decisões sob o risco de cometer erros, falhar e perder a luta. Ao fazê-lo vulnerável, empático e profundamente humano, James Gunn não apenas reinventa o personagem, mas também reacende a luz nos filmes de heróis da DC. O novo Superman não é um símbolo inalcançável, mas um reflexo do que há de melhor, e mais complexo, na condição humana.

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Fenadoce: saiba como evento começou e origem dos doces de Pelotas

Com quase 40 anos de história, a Feira Nacional do Doce movimenta a gastronomia, cultura e arte de Pelotas          

Por Bruna Farias      

 

                    Fenadoce reúne atrações artísticas, culinária e comércio de hoje ao dia  3 de agosto     Foto: Divulgação/Alair Júnior

         

Realizada anualmente na cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, a Fenadoce é uma viagem pela identidade gastronômica, cultural e artística da cidade e região. Criada em 1986, a Feira Nacional do Doce celebra, principalmente, a tradição doceira da cidade, reconhecida como patrimônio material e imaterial do Brasil pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

Por mais que eles sejam a maior atração da Fenadoce, a origem dos doces de Pelotas ainda é incerta, mas data do período quando a cidade teve grande comércio de charque (carne salgada e seca ao sol, visando mantê-la conservada por mais tempo), exportando tanto para o resto do Brasil como até para alguns países na Europa. Segundo o site da Associação dos Produtores de Doces de Pelotas, foi a partir desse contato comercial com a Europa, especialmente com Portugal, que os doces começaram a chegar lentamente ao município. As receitas de doces europeus que chegavam na cidade eram modificadas e adaptadas pelas donas de casa da elite — que por conta dos costumes da época, não podiam sair com frequência, e se ocupavam com hábitos caseiros, como a pintura e a culinária — e também pelas mulheres de origem africana que trabalhavam nas suas casas.

Foi a partir desse período que surgiram os famosos e tradicionais doces de Pelotas, como Camafeu, Ninho, Bem-Casado, Quindim e Pastel de Santa Clara, mas não foram somente essas iguarias que criaram fama por todo estado e, posteriormente, pelo Brasil inteiro. Na década de 1980, a cidade contava com diversas fábricas especializadas em doces cristalizados, compotas, marmeladas e goiabadas, e foi com a iniciativa dessas fábricas que a primeira edição da Feira Nacional do Doce surgiu.

 

Doces são resultado de várias influências culturais ao longo do tempo                Foto: Bruna Farias

 

Primeira edição da Fenadoce

A primeira edição da feira foi em 1986 e era bem diferente do formato atual. Organizado pelas fábricas de doces cristalizados da época e realizado pela Prefeitura de Pelotas, a primeira Fenadoce aconteceu na Praia do Laranjal e não teve a participação dos doces tradicionais feitos com ovos. Os doces de Pelotas como conhecemos hoje só foram surgir na segunda edição da feira, que teve que mudar de local devido à grande demanda do público, sendo realizada na Associação Rural de Pelotas.

 

Cartaz de divulgação da primeira edição da Fenadoce  Imagem:Reprodução/Fenadoce)

 

Mesmo após quase 40 anos desde a realização da primeira edição da Feira Nacional do Doce, o comerciante Eder Baldez, lembra de como toda a região sul do Rio Grande do Sul demonstrou curiosidade no evento: “Lembro que a praia estava cheia de gente de outras cidades para visitar, pois era uma novidade na região”, recorda. Eder ainda relata que, além dos doces cristalizados, as fábricas da época organizaram outras atividades para o público que visitava a feira, como a fábrica Conservas CicaSul, que trouxe uma grande novidade que encantou as crianças: um computador com jogos. “Foi o primeiro contato que tive na vida com um computador, a CicaSul levou um computador bem pequeno com um jogo e tinha uma fila enorme para conseguir jogar nele”, relata o comerciante.

Inicialmente, a Fenadoce acontecia a cada dois anos, mas a partir de 1995 a realização da feira passou a ser de responsabilidade da Câmara de Dirigentes Lojistas de Pelotas (CDL), que começa a realizar o evento anualmente. E, de 1999 até hoje, a Feira Nacional do Doce acontece no Centro de Eventos Fenadoce, que antigamente era o antigo prédio da fábrica de Conservas CicaSul.  Com a mudança do local do evento para um espaço maior, a Fenadoce começou a ampliar as atrações de sua feira, dando espaços para expositores dos mais diversos tipos de produtos, assim como um espaço reservado para artesanato e agricultura familiar.

A ampliação também abriu mais espaço para resgatar uma tradição antiga que segue os doces pelotenses: a arte. Antigamente, todas as programações de saraus, teatros e recitais musicais que aconteciam quase diariamente nos casarões da cidade eram acompanhados pelos doces tradicionais, servidos nos intervalos dessas atividades culturais envolvidos em papéis de seda rendados.

Fenadoce e a Arte e Cultura

De ano a ano, diversas mudanças e novidades surgiram no Centro de Eventos Fenadoce. A partir de 2010 (e até os dias atuais), o parque de diversões Tupã leva os mais diversos brinquedos à feira, como montanhas-russas e roda gigante. Em 2011, o Grupo Tholl, de teatro circense, fechou uma parceria com a Feira Nacional do Doce apresentando espetáculos individuais em pontos estratégicos do evento. Em 2012, o grupo criou um espetáculo exclusivo para a Fenadoce: o show “Doce e cultura: riquezas de Pelotas”. No ano de 2015, foi criado o Festival Gastronômico na feira, que atualmente, é organizado pelo curso de gastronomia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e a Faculdade Senac.

 

Oficina de Gastronomia organizada pelo Senac, na 30º edição da Fenadoce, em 2024          Foto: Divulgação

 

A feira também conta com a programação “Fenadoce Cultural”, recebendo artistas e estudantes das áreas de dança, música, teatro e tradições gaúchas para promover a arte local. Esses artistas se apresentam ao longo dos dias do evento em diversos palcos e locais espalhados pela feira. Na edição de 2025, são esperadas mais de 400 apresentações artísticas, nas áreas de dança, música, teatro e tradições gaúchas, ao longo dos 19 dias de feira.

A 31ª edição da Fenadoce acontece a partir desta quarta-feira,  de 16 de julho a 3 de agosto, no Centro de Eventos Fenadoce, localizado na Av. Pinheiro Machado, nº 3390. Até o momento, as atrações confirmadas para a edição de 2025 contam com o Planetário Aurora, uma atividade imersiva e interativa sobre o espaço, um show do Guri de Uruguaiana, nesta quarta-feira, dia 16 de julho, às 20h30, e 48 oficinas gastronômicas voltadas para o público e organizadas pela Faculdade Senac. As atrações são gratuitas aos presentes na Feira Nacional do Doce.

Evento: 31º Fenadoce

Datas: 16 de julho a 3 de agosto

Horário: Segunda a sexta das 14h às 22h e sábados e domingos das 10h às 22h

Local: Centro de Eventos Fenadoce, Av. Pinheiro Machado, nº 3390

Ingressos: Segunda a quarta: R$ 18; quinta a domingo: R$ 20

Onde comprar: Bilheterias presenciais na feira ou no site Minha Entrada.

 

O show Guri de Uruguaiana acontece nesta quarta-feira, dia de abertura da Fenadoce    Foto: Divulgação

 

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Linha tênue entre a arte de amar e o silêncio

“Retrato de uma Jovem em Chamas” fala de uma época quando os sentimentos das protagonistas eram invisibilizados        

Por Giovana Costa       

 

Excelentes imagens do filme conduzem espectadores pelas emoções  de Heloïse (Adèle Haenel)  em cada olhar               Fotos: Divulgação

 

O começo do filme “Retrato de uma Jovem em Chamas” (2019 – disponível no Prime Video) é lento, silencioso e carrega um mistério nos olhares das personagens Marianne e Heloïse. Durante a trama, esse silêncio é persistente e a relação das duas é incerta. A diretora francesa Céline Sciamma retorna ao século XVIII para explorar a relação de Marianne (Noémie Merlant) e Heloïse (Adèle Haenel), que, ao longo da história, constroem uma amizade e tornam-se amantes. O enredo traz ao público um convite para compreender o amor e o desejo feminino, mergulhando na história instigante das duas.

A narrativa começa com a chegada da jovem pintora Marienne à mansão de Heloïse. Ela tem a tarefa de pintar um retrato de Heloïse para seu casamento, mas sem deixar clara essa finalidade. Marienne finge ser apenas uma acompanhante de caminhada para Heloïse, que vive em silêncio e não aceita ser pintada. Durante a trama, percebe-se a lamentação de Heloïse sobre a morte da irmã, que caiu de um penhasco, sem que fosse revelado no decorrer do filme o motivo e a forma dessa morte trágica. No entanto, é mencionado que a irmã não gritou e nem pediu ajuda durante a sua queda. Diante disso, é imaginável que a sua morte tenha sido um suicídio.

Através desta situação, o casamento arranjado torna-se uma responsabilidade de Heloïse, que sofre em silêncio com a ideia de se casar com um desconhecido.  O começo da história é vagaroso, mas essa lentidão é a chave para mostrar a construção da relação de Marienne com Heloïse.

A fotografia e as cores das imagens são essenciais para sentir e vivenciar a mesma época que as personagens. Outra coisa chamativa durante o filme são as cores fortes presentes nas roupas das protagonistas. As duas caminham pelo penhasco enquanto o vento forte bate em seus cabelos, além de elas usarem os cachecóis para cobrir o rosto contra o frio. Os olhos delas ficam bem destacados e, apesar do silêncio, é notável uma faísca saindo do olhar de uma para outra. A partir disso, a conexão é construída entre Marienne e Heloïse.

 

Marianne (Noémie Merlant) e Heloïse (Adèle Haenel) são protagonistas em filme sob direção de Céline Sciamma

 

Logo de início, percebe-se que Céline Sciamma trata a presença feminina de forma protagonista na obra, tanto que durante as duas horas de filme poucos homens aparecem. Quando eles estão na tela, a sua presença não é significante e muito menos desenvolvida. E o feminino é presente na obra não somente com a relação das duas personagens principais, mas com outras também. Por exemplo, no começo, Marienne cria uma relação de amizade com a empregada da mansão, a jovem Sophie, a qual presenciou a morte da irmã de Heloïse. Durante a interação delas, uma cena representa bastante a dinâmica do filme. Ao longo da história, Sophie se depara com uma gravidez indesejada e, diante disso, as mulheres juntam-se para ajudá-la. A partir dessa sequência de cenas, é notável o que Céline Sciamma quer passar nesta obra. Apesar da falta de diálogos durante as cenas, há uma linha de conexão entre essas mulheres. O silêncio é algo gritante. A expressão, em cada olhar de ajuda, solta faíscas.

A obra “Retrato de uma Jovem em Chamas” é um convite para mergulhar na conexão do feminino, do desejo, na construção do amor de Marienne e Heloïse, essa paixão que se desenvolve de forma lenta, silenciosa, com impactos em cada interação das personagens ao longo das duas horas de filme. Outra questão é como um amor invisível entre duas mulheres no século XVIII passa a ser notável na obra de Céline Sciamma. A autora consegue desenvolver essa relação com sutilezas, mas de forma bem visível. E, então, aquilo que parece ser impossível de existir em uma época tão conservadora, torna-se viável nas possibilidades de fazer um filme como “Retrato de uma Jovem em Chamas”.

 

História contada na tela com reconstituição do  século XVIII  tem o poder da transcendência

 

Outro ponto importante é a forma como os enquadramentos são trabalhados. A presença frequente do close-up, faz com que o espectador observe e sinta de perto a relação de Marienne e Heloïse sendo construída. O filme faz o público mergulhar no desejo feminino, na sexualidade, no prazer, e todas essas sensações são bem desenvolvidas durante cada minuto do filme. A forma lenta na qual foi construído faz com que a obra se torne tão bonita. Toda combinação de cores, enquadramentos, palavras não ditas, faz o espectador ficar mais conectado durante o longa-metragem.

O “Retrato de uma Jovem em Chamas” é um convite para conhecer o amor de Marienne e Heloïse, essa relação proibida na época, e que, apesar das circunstâncias, cria faíscas a cada segundo do filme e faz o público incendiar com o enredo. Uma história bem contada na tela tem o poder da transcendência.  

Ficha técnica

Direção: Céline Sciamma

Roteiro: Céline Sciamma

Elenco: Noémie Merlant, Adèle Haenel, Luàna Bajrami, Valeria Golino, Christel Baras, Armande Boulanger, Guy Delamarche, Clément Bouyssou

Duração: 121 min.

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Exposição celebra 44 anos de trabalho cooperativo de doceiras e doceiros

O Museu do Doce de Pelotas abre mostra que cultiva tradição gastronômica da cidade

 

Instituição no Centro Histórico de Pelotas vem promovendo o resgaste de um saber fazer ao longo dos tempos

 

No dia 9 de julho de 2025, próxima quarta-feira, às 16 horas, o Museu do Doce abre a exposição “Cooperativa das Doceiras: início de uma trajetória patrimonial”. Apresenta ao público 44 anos de trabalho de doceiros e doceiras cooperados que continuam em ação para manter a tradição doceira. O trabalho da cooperativa vem permitindo aumentar o mercado para os doces, adquirir matérias primas com menores custos, obter mais assistência técnica e, principalmente, produzir de forma conjunta doces de qualidade na cidade de Pelotas. Toda essa trajetória poderá ser conhecida neste trabalho museológico.

Na mostra, os visitantes poderão rememorar, ou conhecer a história da cooperativa através de painéis, entrevistas com membros, peças de acervo doadas ou emprestadas pelos cooperados, mosaico com clipagem, entre outras atrações.

As doceiras pioneiras e doceiros pioneiros – que são tema da mostra – foram o alicerce da primeira Fenadoce. Viajaram pelo país levando os doces para divulgação e venda, lutaram desde os primeiros anos pela organização da Rua do Doce e pela patrimonialização do doce pelotense. Por isso, são peças centrais na tradição doceira de Pelotas e são os detentores da sabedoria do fazer. Acreditaram em um sonho e o transformaram em realidade, unidos em busca de um fim em comum que é o de preservar a tradição doceira de Pelotas.

O Museu do Doce  fica aberto de terça a sábado das 13h às 18h. No período da Feira Nacional do Doce (Fenadoce) – de 16 de julho a 3 de agosto, atende em horário especial: de terça a domingo das 10h às 18h. Seu endereço é Praça Coronel Pedro Osório, 8, no Centro Histórico de Pelotas.

 

                        Atividade doceira envolve várias contribuições de diversos grupos culturais              Foto: Cooperativa dos Doceiros de Pelotas

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“A Hora da Estrela” e o silêncio cultural

Macabéa, Clarice Lispector e o jornalismo que cala    

por Bárbara Beatriz A .Carvalho    

 

Marcélia Cartaxo marcou a história do cinema brasileiro com sua  atuação como a personagem  Macabéa  Fotos: Divulgação

 

No Brasil, a arte muitas vezes tem sido convocada a cumprir o papel que o jornalismo nem sempre consegue assumir: dar visibilidade ao que está nas margens, às figuras apagadas da história, àqueles que vivem, mas não aparecem. O filme A Hora da Estrela (1985), dirigido por Suzana Amaral a partir do romance homônimo de Clarice Lispector, é um desses raros exemplos em que a ficção revela, com brutal delicadeza, uma verdade social que muitos se recusam a encarar.

A protagonista, Macabéa (Marcélia Cartaxo), não tem voz nem estética conforme o gosto dominante. Não tem discurso, nem formação, nem charme. É, em essência, aquilo que o jornalismo cultural – em sua vertente mais elitista – muitas vezes escolhe ignorar. E é nesse contraste entre o que se noticia e o que se silencia, entre o que é belo e o que é rejeitado, que a obra se coloca como uma crítica à própria forma como consumimos e legitimamos cultura.

Clarice Lispector, escritora de linguagem instintiva e existencial, construiu com Macabéa uma das personagens mais complexas e politicamente incômodas da literatura brasileira. Escreveu sobre a invisibilidade social não como denúncia panfletária, mas como tragédia íntima. Macabéa não é só pobre – ela é desprovida de ferramentas simbólicas para compreender a própria pobreza. E é esse abismo entre viver e entender que reverbera em cada cena do filme.

 

Fernanda Montenegro, no papel de cartomante, e Marcélia Cartaxo em uma das cenas do filme

Macabéa como símbolo da exclusão cultural

No filme A Hora da Estrela, conhecemos Macabéa, uma jovem de 19 anos, órfã e nordestina, que vai ao Rio de Janeiro em busca de oportunidades. Ela consegue um emprego como datilógrafa por um salário extremamente baixo. Em certo momento, ao reclamarem de sua falta de higiene e dos erros de digitação, um dos chefes a defende, dizendo que ninguém mais aceitou aquele trabalho pelo valor oferecido.

Macabéa come cachorro-quente com Coca-Cola quase todos os dias por falta de recursos. Divide um quarto coletivo em uma pensão e, ao ser questionada por uma colega sobre não possuir quase nada, responde que talvez consiga comprar algo no futuro. Um dos seus hábitos favoritos é ouvir a Rádio Relógio, acompanhando as curiosidades que o mundo oferece. O problema? Ninguém nunca explicou o que essas informações significam. Ela escuta, mas não compreende — o que revela sua completa exclusão do entendimento crítico da realidade.

O lugar favorito de Macabéa é o metrô. Ela diz gostar de admirar o vai e vem das locomotivas. É o lugar onde ela observa, mas não participa — assim como na vida cultural e social ao seu redor.

Suas referências de imagem e comportamento passam a ser as colegas de quarto e a colega de trabalho. Aos poucos, observamos pequenas transformações: começa a pintar as unhas, se olha no espelho, penteia o cabelo, cola recortes de revistas nas paredes do quarto, compra um batom. Até aprende a mentir para faltar ao trabalho — um gesto mínimo, mas simbólico, de agência sobre si mesma.

Como mulher, Macabéa vê sua curiosidade ser constantemente desvalorizada, especialmente por Olímpico de Jesus (José Dumont), seu namorado. Ele também é órfão e nordestino, mas diferente dela, tem ambições: quer ser deputado, famoso, importante. Quando ela menciona que gostaria de ser artista de cinema, Olímpico a ridiculariza, dizendo que ela não tem “nada do que é preciso” para isso — como se enxergar a si mesma já fosse demais para quem está à margem.

Olímpico ensaia discursos, impõe a voz, imagina a si mesmo poderoso. Ela, em silêncio, observa. Quando pergunta o que faz um deputado, ele não sabe responder. Diz apenas: “deputado é deputado, oras”. Quando ela questiona se a esposa de um deputado também é deputada, ele ignora. O relacionamento entre os dois é marcado por silêncios, perguntas da Macabéa e respostas vazias e desdenhosas de Olímpico.

Macabéa representa milhões de brasileiros e brasileiras que vivem às margens do acesso à cultura, à informação e à educação crítica. Sua ausência de referências, de compreensão sobre o mundo e sobre si mesma a torna quase uma “não-pessoa” aos olhos da sociedade e da mídia — alguém que vive, mas sem presença simbólica. É essa invisibilidade que A Hora da Estrela escancara, com delicadeza e brutalidade ao mesmo tempo.

 

Macabéa tem um envolvimento amoroso com Olímpico (José Dumont)

 

Estética como barreira cultural

A personagem Macabéa carrega, em sua própria construção, uma crítica direta aos padrões estéticos que atravessam diversas esferas do que hoje chamamos de “cultura”. O filme utiliza elementos que tocam deliberadamente o campo do “feio” — nas roupas, nos hábitos, nos gestos contidos que nem chegam a ser apenas tímidos, mas sim neutros, fruto da ausência de saber, de referências, de identidade construída. Macabéa representa aquilo que a sociedade costuma rotular como “comum” ou até mesmo “feio”.

Em uma das cenas, sua colega de trabalho, Glória, pergunta: “Ser feia dói?” — um questionamento cruel, mas que sintetiza bem o quanto a estética é usada como marcador de valor e pertencimento. Glória, ao contrário de Macabéa, representa o estereótipo da mulher “ideal” segundo o imaginário dominante: veste roupas que valorizam o corpo, tem cabelos loiros (tingidos), corpo magro, fala com desenvoltura, não espera o casamento para se relacionar sexualmente e até revela, com frieza, já ter feito cinco abortos.

O contraste entre as duas se acentua quando Glória, ao saber que Macabéa é virgem, ironiza sua magreza, dizendo que ela precisa “criar carninha, bundinha”, como se seu corpo fosse inadequado não apenas ao desejo masculino, mas também ao olhar social. Glória completa, com orgulho, que foi criada comendo carne, já que seu pai era açougueiro — uma informação que, embora simples, revela um acesso que Macabéa nunca teve: à proteína, ao afeto, ao cuidado básico. A alimentação torna-se aqui uma metáfora de classe: Glória tem carne; Macabéa, apenas cachorro-quente e Coca-Cola.

Em um gesto singelo, Macabéa oferece a Olímpico uma ficha telefônica, pedindo que ele ligue para ela no trabalho — já que apenas Glória recebia ligações. A cena evidencia a diferença entre quem é vista e quem é ignorada. Quando Olímpico termina o relacionamento com Macabéa para ficar com Glória, ele a descarta com brutalidade:
 “Você é um cabelo que caiu na minha sopa. Não dá vontade de comer.”

A crítica aos padrões estéticos dominantes é clara. O filme convida o espectador a refletir sobre o que é considerado belo e valioso, e como determinadas obras — ou pessoas — são validadas enquanto outras são descartadas.

Um paralelo possível é a própria Semana de Arte Moderna de 1922, que também rompeu com os ideais estéticos importados da Europa. Os modernistas buscavam valorizar o “feio”, o “desarmônico”, o “brasileiro” em sua crueza. Assim como Macabéa, que representa um Brasil profundo e negligenciado, a arte modernista também rompeu com padrões excludentes. Contudo, diferentemente da Semana, que acabou sendo absorvida e ressignificada pelas elites culturais, Macabéa permanece à margem – talvez porque sua imagem não seja rentável nem sofisticada o suficiente para ser celebrada.

Jornalismo cultural e seu papel social

Atualmente, o jornalismo cultural, apesar de ser extremamente rico, costuma estar em segundo plano nas grandes mídias. A principal característica do mesmo é a análise crítica, até mesmo a opinião, o que pode acarretar em um “embate” entre aquele que produz e seu receptor. E o que fazer em meio a uma grande massa de receptores que anseiam por ouvir e ler sobre padrões estéticos que permeiam a história, que buscam entretenimento e não necessariamente aprofundamento?

A premissa do jornalismo cultural é a democratização da cultura, do saber. O filme A Hora da Estrela, inspirado na obra de Clarice Lispector, faz justamente uma crítica a essa indústria e também aos seus receptores — ao anseio desenfreado por padrões, por narrativas de sucesso, por figuras que reafirmam o que já conhecemos como “arte”. O jornalismo cultural, ao silenciar figuras como Macabéa, perde a chance de gerar ruído, de provocar, de ser mais do que curadoria para consumo.

Falta, nesse contexto, uma revisão crítica das próprias práticas jornalísticas culturais: por que não há espaço, com frequência, para narrativas periféricas? Por que a linguagem precisa ser rebuscada para ser legitimada? Por que a crítica ainda olha de cima para baixo, em vez de propor uma escuta ativa, verdadeira?

A linguagem do filme e sua crítica implícita

A linguagem do filme é propositalmente seca, sem trilha emocional que oriente o espectador. A câmera é crua, os ambientes são opressivos e o ritmo é lento. Tudo parece estagnado — como a vida de Macabéa. Para quem vê de fora, a retratação pode parecer absurda, grotesca até. Para quem vive a história real, é apenas a vida sendo ela mesma. O filme, assim como o livro, não explica. Apenas mostra. E nesse mostrar silencioso, revela um grito social que o jornalismo cultural nem sempre está disposto a ouvir.

Macabéa não sabia que existia. E quando soube, morreu. Essa frase, implícita no desfecho de A Hora da Estrela, sintetiza o que falta quando a cultura não é acessível, quando o saber é um privilégio e a estética, uma prisão. A crítica de Clarice Lispector e de Suzana Amaral não é apenas à sociedade, mas também à forma como comunicamos, valorizamos e consumimos arte.

O jornalismo cultural precisa ser mais que uma vitrine para o que é “bonito” ou “consagrado”. Ele precisa se perguntar: quem é a estrela que ainda não apareceu? Talvez a resposta esteja nos olhos opacos de Macabéa — e no que escolhemos não ver.

Para quem vê a retratação pode parecer um absurdo. Para quem vive a história real, é apenas a vida sendo ela mesma.

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Que reflexão maravilhosa, quando assistir o filme, me incomodou bastante, mas não consegui nomear esses incômodos, e com certeza assistirei novamente com um olhar mais inclusivo e crítico a exclusões a tantas estrelas ainda invisibilizadas.

María Eleni

Uma análise primorosa! Parabéns à Bárbara Beatriz! Já li o livro e assisti ao filme, ambos geniais. Mas, não tive na época toda essa percepção, toda luz que nos faz entender melhor a obra de Clarice Lispector.

Rosangela Velasquez

Esse texto foi necessário e conseguiu cumprir com sua finalidade! Me colocou de frente a um espelho. Me fez pensar criticamente sobre o modo como tenho consumido “arte” e quais são essas que tenho buscado.

Ana Clara Viana

Parabéns a autora do texto Barbara Beatriz! Muito assídua e cirúrgica na sua crítica.

Layssa

Um dos meus livros e filmes favorito. Ótimo texto.

Elise

Perfeita visão solidárias aos “sem brilho”… Grato .vou enviar aos amigos como ‘estudo’!

Paulo Brito

Parabéns, felicitaciones ao cinema brasileiro, grande obra clássica da literatura brasileira, escrita por Clarice Lispector, escritora brasileira. Parabéns aos artistas brasileiros.

Liana Valuzia Pereira da Silva

Havia lido o livro, há muito tempo atrás, e até assistido algumas cenas do filme, sem maior interesse, mas ignorado toda essa crítica social silenciosa. Obrigada por me abrir os olhos! Certamente, irei rever e rever, além de trabalhar com os meus alunos.

Patricia Trindade De Angelis

Estou interessado em arte

LUIZ Eurico Fontes de A. Soares

 

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Ricardo Darín lidera adaptação poderosa de “O Eternauta” no streaming

Série argentina transforma quadrinho clássico em drama atual com forte crítica social e visual impactante.

Por Pedro Farias       

 

Ricardo Darín atua como personagem Juan Salvo, em narrativa que mistura ficção científica e crítica social Fotos: Divulgação

Com estreia marcada para 30 de abril de 2025 na Netflix, “O Eternauta” adapta um dos quadrinhos mais influentes da América Latina, criado por Héctor Germán Oesterheld e Francisco Solano López entre 1957 e 1959. Dirigida por Bruno Stagnaro, com roteiro assinado por ele e Ariel Staltari, a série tem como protagonista Ricardo Darín – ator de O Segredo dos Seus Olhos, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2010 – no papel de Juan Salvo, personagem central de uma história que mescla ficção científica e crítica social num cenário de colapso.

A trama começa de forma contida, em um bairro de Buenos Aires, onde um grupo de amigos se reúne para uma noite de carteado. Aos poucos, a realidade se desestabiliza, e a série mergulha em um clima de tensão crescente. A cada episódio, o espectador é envolvido por um enigma maior: não apenas o que está acontecendo, mas por que. Sem recorrer a revelações fáceis ou reviravoltas forçadas, “O Eternauta” constrói um suspense denso, onde a angústia se mistura à resistência.

Mesmo respeitando a essência da HQ, a série atualiza suas mensagens para os dias de hoje. É impossível assisti-la sem pensar em tragédias sociais e políticas da América Latina, especialmente da Argentina. A obra original foi escrita durante o governo de Juan Domingo Perón. Após a morte de Perón, a ditadura militar derrubou o governo de sua sucessora, Isabelita Perón — contexto que confere ainda mais peso simbólico à série.

 

Roteirista Ariel Staltari também é ator no papel de Omar, personagem que explora dilemas ideológicos

 

Visualmente, a produção é sofisticada e intensa. A Buenos Aires retratada em tela é ao mesmo tempo cotidiana e desoladora. Ricardo Darín entrega uma atuação segura, dando humanidade a Juan Salvo, um personagem que cresce em complexidade à medida que o mundo ao seu redor desmorona. O elenco coadjuvante também se destaca, com Ariel Staltari (Omar), César Troncoso (Tino), Mora Recalde (Elsa), Alan Daicz (Martín), e outros nomes que ajudam a explorar os dilemas morais e coletivos da narrativa.

 

Andrea Pietra, Carla Peterson e Marcelo Subiotto em uma das sequências da série ‘O Eternauta’

 

“O Eternauta” não é apenas uma série sobre uma invasão ou um colapso. É uma obra que convida à reflexão sobre silêncios, apagões e as “neves” que ainda nos ameaçam de forma simbólica: as perdas de direitos, as ameaças invisíveis, a fragilidade das instituições. E, talvez por isso, cada episódio nos deixe mais intrigados. A tensão não está só no que se vê, mas no que se pressente.

A primeira temporada termina com pontas instigantes e já tem uma segunda confirmada. Resta saber até onde a história vai nos levar — e se seremos capazes de encarar as camadas mais profundas dessa jornada coletiva.

Alfredo Favalli (ator César Troncoso) é o dono da casa onde o grupo de amigos se refugia e onde a história começa

 

Ficha técnica: “O Eternauta” (2025)

Criação original: Héctor Germán Oesterheld e Francisco Solano López (HQ)

Direção e roteiro: Bruno Stagnaro

Roteiro: Ariel Staltari e Bruno Stagnaro

Protagonista: Ricardo Darín (Juan Salvo)

Elenco: Ricardo Darín, Carla Peterson, César Troncoso, Andrea Pietra, Ariel Staltari, Marcelo Subiotto,  Claudio Martínez Bel.

Plataforma: Netflix

Estreia: 30 de abril de 2025

País: Argentina

Gêneros: Ficção científica, drama, suspense

 

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Entre cores, formas e estilhaços: como arte sobreviveu ao 8 de janeiro em Brasília

Exposição revela trabalho da UFPel na restauração de obras danificadas e convida à reflexão sobre memória e democracia      

Por Priscila Fagundes         

 

Mostra com fotos do trabalho de restauração encerra nesta sexta com visitação das 8h às 17h     Foto: Prefeitura de Pelotas

   

A exposição “8 de Janeiro – Restauração e Democracia”, finaliza no hall da Prefeitura de Pelotas nesta sexta-feira, dia 27 de junho, com visitação gratuita. No entanto, a mostra que se despede da cidade vai além de imagens e registros: é o testemunho de um trabalho que transformou dor em memória, destruição em reconstrução.

A mostra reuniu registros fotográficos do processo de restauração de 20 obras de arte vandalizadas durante a invasão às sedes dos Três Poderes. O trabalho foi feito por uma equipe da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), composta por estudantes, técnicos e professores do curso de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis. Foram meses de dedicação intensa dentro do Palácio da Alvorada, onde a universidade montou um laboratório para dar conta do desafio.

“Ver tudo aquilo destruído foi um choque. Naquele mesmo domingo, começamos a conversar: ‘precisamos fazer algo’”, lembra a professora Andréa Bachettini, coordenadora do projeto. “Depois de alguns meses, o Iphan nos chamou. E foi ali que a UFPel entrou, com todo o peso que uma universidade pública carrega: ciência, cultura e resistência”.

 

Agora restaurada a obra “Vênus Apocalíptica Fragmentando-se” (1983), de Marta Minujín voltou a ser vista em Brasília Foto: João Risi/Palácio do Planalto/Flickr

 

As obras restauradas são assinadas por nomes célebres das artes visuais brasileiras como Di Cavalcanti, Frans Krajcberg, Bruno Giorgi e Clóvis Graciano. Muitas delas chegaram em pedaços para serem reconstituídas. Uma ânfora do século XIX, por exemplo, estava quebrada em mais de 180 fragmentos. A escultura “Vênus Apocalíptica Fragmentando-se”, de Marta Minujín, foi lançada do terceiro andar do Palácio como se fosse um projétil. “Foi um trabalho extremamente delicado. Cada obra tinha sua dor, sua história de violência. A gente precisava tratar aquilo com técnica, mas também com muito respeito”, explica Bachettini.

 

Quebrada em muitas partes, a ânfora Idria correu o risco de ser perdida como parte do patrimônio nacional Foto: Mariana Alves/Iphan

 

 

Trabalho cuidadoso de restauração permitiu que peça italiana fosse recuperada Foto: João Risi/Palácio do Planalto/Flickr

 

Nem todas as peças voltam como eram. Algumas, propositalmente, foram mantidas com marcas da destruição — como o quadro Bandeira do Brasil, de Jorge Eduardo, que foi pisoteado e está exposto assim, exatamente como foi encontrado. “A decisão foi deixar visível o que aconteceu, para que nunca se esqueça. É um documento histórico agora”, aponta o professor Roberto Heiden, que também participou do projeto.

A curadoria da exposição é assinada por Heiden, Renan Espírito Santo e Lauer Santos. As imagens que compõem a mostra são de Karen Caldas (professora e coordenadora-adjunta do projeto), do fotógrafo Nauro Júnior e de Mariana Alves, do Iphan.

A reitora da UFPel, Ursula Silva, falou sobre o papel da arte e do patrimônio nesse momento. “Essa restauração foi também um ato de resistência. A entrega das obras restauradas foi a entrega da esperança. É sobre a democracia, mas também sobre afeto”, disse ela, emocionada.

O projeto gerou ainda um livro, “Restauração: Democracia, Preservação e Memória” , organizado por Andréa Bachettini e Karen Caldas, com edição da Satolep Press. A publicação reúne textos, imagens e reflexões sobre o processo vivido pela equipe. E não parou por aí: um documentário, com o título 8 de Janeiro: Memória, Restauração e Democracia, também foi produzido e exibido em Pelotas durante o mês de junho.

 

      Exposição celebra importância do patrimônio cultural e público, além de evidenciar a relevância do trabalho de restauração                                                   Foto: Prefeitura de Pelotas

 

Mas talvez um dos aspectos mais tocantes de toda essa experiência tenha sido o trabalho com educação patrimonial. Atividades com crianças e adolescentes do Distrito Federal buscaram mostrar que aquele patrimônio destruído também pertence a elas. Uma das oficinas convidou estudantes a restaurar réplicas da ânfora “Idria”, como se estivessem no lugar dos restauradores. “A gente se surpreendeu com o resultado”, contou Antonio Ramos, estudante da UFPel que participou da ação. “Teve um menino que pintou o céu de Brasília cheio de fumaça, por causa das queimadas que estavam acontecendo. Eles entenderam a proposta de um jeito muito profundo.”

Para quem ainda não viu a exposição, a oportunidade vai até esta sexta-feira, no saguão da Prefeitura. Ao sair de lá, talvez fique a sensação de que restaurar não é apenas colar pedaços — é costurar histórias, preservar o que somos, e lembrar do que nunca mais pode acontecer.

Veja a  lista de obras restauradas:

“Galhos e Sombras” (1970), de Frans Krajcberg – escultura em madeira pintada;

“O Flautista” (1961), de Bruno Giorgi – escultura em bronze e base em granito;

“Matriz e grade no 1° plano” (1976), de Ivan Marquetti – óleo sobre tela;

“Mulatas à mesa” (1962), de Emiliano Di Cavalcanti – pintura em óleo sobre tela;

“Retrato do Duque de Caxias” (década de 1930), de Oswaldo Teixeira – óleo sobre tela;

“Rosas e Brancos Suspensos” (1970), de José Paulo Moreira da Fonseca – óleo sobre tela;

“Casarios”, de Dario Mecatti – óleo sobre tela;

“Sem título”, de Dario Mecatti – óleo sobre tela;

“Idria”, autoria não identificada – cerâmica (Majólica Italiana);

“Cena de Café” (1978), de Clóvis Graciano – óleo sobre tela;

“Paisagem do Rio” (atribuído), de Armando Viana – óleo sobre tela;

“Vênus Apocalíptica Fragmentando-se” (1983), de Marta Minujín – escultura em bronze;

“Cotstwold Town” (1958), John Piper – óleo sobre tela;

“Borboletas e Pássaros” (atribuído) (1965), de Grauben do Monte Lima – óleo sobre tela;

“Bird (Pássaro)” (1955), de Martin Bradley – guache sobre papel;

a 20. “Músico 01 – 05” (atribuído) (1963), de Glênio Bianchetti – óleo sobre madeira.

 

Assista o  documentário “8 de Janeiro: Memória, Restauração e Democracia”: 

 

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“Homem com H” celebra a “ousadia de ser livre” de Ney Matogrosso

Longa-metragem faz jus à incrível trajetória do cantor que marca a cultura nacional       

Por Amanda Leitzke            

 

Ney Matogrosso prestigiando a pré-estréia de “Homem com H” com Esmir Filho e Jesuíta Barbosa    Foto: Divulgação

 

O filme biográfico que estreou no dia 1º de maio nos cinemas, conta de maneira íntima e sensível a história de vida de Ney Matogrosso, seu processo pessoal para se entender como artista, a maneira que explorou sua expressão musical e de identidade, o reconhecimento nacional que ganhou, e o impacto que causou na cultura brasileira.

A obra fala de diferentes fases da vida de Ney Matogrosso, começando pela sua infância, quando era agredido pelo seu pai, que dizia que ele deveria “virar homem” e que “filho meu nunca vai ser artista”. Depois, trata do período que viveu no exército quando era adolescente. E durante toda a sua vida adulta, abordando o início da sua carreira na banda “Secos e Molhados”, seus trabalhos como artista solo e relacionamentos amorosos, focando na sua relação com Cazuza e Marco de Maria. Fala também sobre a ditadura militar e a censura, a epidemia da AIDS, e o fenômeno da sua carreira aqui no Brasil.

A história prende o espectador do início ao fim e, em nenhum momento, pode causar desinteresse. O filme conta com muitas apresentações musicais que ajudam na narrativa, as cores, ângulos e enquadramentos são muito bem trabalhados pelo diretor Esmir Filho, e os figurinos são extremamente fiéis à época e às roupas que Ney Matogrosso usava em seus shows.

Um dos pontos de maior destaque é a atuação impressionante de Jesuíta Barbosa. Ele incorpora de maneira admirável a essência e os trejeitos de Ney, e consegue transmitir todas as emoções e conflitos internos do personagem brilhantemente. O mesmo pode ser dito sobre o restante do elenco principal. O pai de Ney é um personagem complexo. No início, bate no filho, é preconceituoso e nunca o apoia. Mas, com o passar dos anos, aprende a ver o filho com respeito e valorização, admitindo, já no final de sua vida, que ele é, sim, “um grande artista”. Sua mãe também exerce um papel importante na vida de Ney, pois sempre o protegia, ajudava da maneira que podia, e admirava muito a pessoa que se tornou e a arte que criava.

 

De garoto sonhador a um dos maiores nomes da música brasileira      Foto: Divulgação/Paris Filmes

 

Outro ponto importante são as relações amorosas que Ney Matogrosso teve durante sua vida, tanto com homens, quanto com mulheres. As duas que mais se destacam no longa, são as com o também artista, Cazuza, e mais adiante com Marco. A paixão e os conflitos enfrentados durante os dois relacionamentos são muito bem desenvolvidos, com muitas cenas de momentos tranquilos e normais da vida de um casal, mas também com muitas cenas explícitas, algumas de briga, e, no final, de cuidado e melancolia, quando Cazuza e seu parceiro são diagnosticados com AIDS, além de muitas outras pessoas de próximo convívio de Ney.

Por abordar diversas temáticas, o filme atrai tanto a faixa etária que viveu a ascensão de Ney Matogrosso, quanto a nova geração que tem interesse em descobrir mais sobre a vida do cantor. Nas sessões nas salas de exibição, dá para notar que a história sensibiliza as pessoas jovens, além de quem vivenciou a história do cantor na época dos acontecimentos. O público se diverte com os momentos mais engraçados, e os fãs chegam a cantar as letras de Ney nos momentos de apresentação musical.

Também há momentos emocionantes, que são muitos, mas principalmente os que exploraram a dor da epidemia da AIDS, o avanço da doença de Marco e a perda de diversos amigos do cantor. Em certo momento, Ney deixa claro o orgulho que sente em ser quem é, mesmo com todos os estereótipos e comentários da época. Na cena em que Marco fala, ao discutir o seu diagnóstico, que “esse vírus veio para matar a gente”, Ney responde: “Não, se ele veio, é pra mostrar que a gente existe, que a gente é humano e que a gente ama”.         

O filme e a vida de Ney Matogrosso inspiram a ser autêntico, a explorar a sexualidade e a identidade da maneira que se deseja, de amar e apreciar fortemente as pessoas que cercam, de criar arte e de lutar pelo que se acredita, e, acima de tudo, inspira  a ousadia de ser livre.

A cinebiografia “Homem com H” está disponível na Netflix desde o dia 17 de junho, e, no Prime Video, para aluguel e compra, a partir do dia 27 de junho.

Ficha Técnica:

Direção e roteiro: Esmir Filho

Cinematografia: Azul Serra

Companhias produtoras: Paris Filmes; Paris Entretenimento

Diretor de Fotografia: Azul Serra

Diretor de Arte: Thales Junqueira

Figurinista: Gabriella Marra

Engenheiro de Som: Martin Grignaschi

Duração: 129 min

Elenco: Jesuíta Barbosa, Hermila Guedes, Bruno Montaleone, Rômulo Braga, Mauro Soares, Jullio Reis, Jeff Lyrio, Caroline Abras, Lara Tremouroux, Bruno Parmera, André Dale, Davi Malizia, Augusto Trainotti, Danilo Grangheia, Artur Volpi e Bela Leindecker.

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Escola de Restauração faz sua aula inaugural

Projeto busca formar profissionais comprometidos com a preservação de patrimônios históricos   

Por Júlia Radmann e Maria Eduarda Santos     

 

                    Renato Sivoldi, Carmen Vera Roig e Simone Neutzling  conversaram com  entusiastas da área                    Fotos: Carlos Queiroz/QZ7 Filmes

 

Com aulas presenciais na Catedral São Francisco de Paula de Pelotas, a Escola de Restauração – uma iniciativa da Perene Patrimônio Cultural e Ambiental – une o antigo e o novo. O principal objetivo da escola é formar profissionais comprometidos com a preservação da história do nosso estado. A aula inaugural, realizada no dia 17 de maio, marcou oficialmente o início das atividades da Escola de Restauração. O encontro foi uma contrapartida de um projeto ainda maior: a restauração da Catedral de Pelotas. A atividade reuniu estudantes, profissionais e entusiastas da área do patrimônio. As aulas foram ministradas por Simone Neutzling, mestre e doutoranda em Memória Social e Patrimônio Cultural.

Transformando os patrimônios históricos em verdadeiras salas de aula, a Escola de Restauração se preocupa com o futuro e com as histórias que esses prédios carregam. Seguindo a metodologia do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e do IPHAE (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado), a escola oferece formação teórica e técnica para estudantes e profissionais de arquitetura, engenharia, conservação, edificações e demais interessados. Mais do que capacitar, a proposta é sensibilizar para a importância da preservação da memória coletiva.

Durante a aula, Simone explicou como serão organizadas as atividades do projeto e destacou a relevância dessa iniciativa para Pelotas. “É uma cidade que tem tudo para se destacar na economia criativa – e essa economia pode surgir a partir do patrimônio. Mas, para isso, a gente precisa desenvolver um ecossistema do patrimônio. Tem que ter o projeto de restauração, a obra de restauração e pessoas capacitadas para fazer tudo isso”, afirma a arquiteta.

 

Encontro propôs o desenvolvimento da economia criativa através de um olhar para o patrimônio das cidades

 

Esse primeiro momento foi pensado justamente para apresentar a importância desse trabalho a quem participa do projeto, mostrando o quanto é necessário que mais profissionais – de diversas áreas – tenham esse tipo de vivência. Renato Savoldi, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (IPHAE), reforçou essa ideia: “Estamos aqui e em áreas muito ligadas à memória e ao patrimônio. É isso que a gente busca: a transmissão de experiência”.

Com mais de 110 inscritos apenas na etapa da Catedral de Pelotas, a ação já mostra o quanto é necessária – e bem recebida. A aula inaugural foi só uma amostra do que vem pela frente para quem se inscreveu, tanto aqui em Pelotas (na Catedral São Francisco de Paula e na Paróquia Sagrado Coração de Jesus – Igreja do Porto) quanto em Jaguarão (na Igreja Imaculada Conceição) e em Arroio Grande (na Capela de Santa Isabel).

As aulas, que seguirão até o mês de setembro, representam um novo marco na formação de profissionais dedicados à conservação do patrimônio histórico do estado – e, principalmente, da nossa cidade. A Escola de Restauração se firma como um espaço de aprendizado e troca que olha para frente, mas sem nunca deixar a memória para trás.

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