Saudade vira festa em São Lourenço do Sul

A tradicional festa germânica Südoktoberfest retorna após dois anos de pausa por conta da pandemia do coronavírus        

Por Julya Bartz Boemeke Schmechel         

O Grupo Sonnenschein realiza a Südoktoberfest, (“festa de outubro do Sul”) desde 1988          Foto: Grigoletti Fotografia

 

Não é necessário morar em São Lourenço do Sul para conhecer a Südoktoberfest. Afinal, a maior e mais tradicional festa germânica da região reúne anualmente diversos amantes desta tradição tão querida, que passa de geração para geração. Depois de uma pausa de dois anos, a festa voltou no mês passado e já tem data marcada para o ano que vem.

A Südoktoberfest, significa “festa de outubro do Sul” e é realizada pelo Grupo de Danças Folclóricas Alemãs Sonnenschein desde 1988. O evento conta com muita música – da tradicional “bandinha” –, danças, chopp e deliciosas comidas típicas. Mas não para por aí: a festa também proporciona diversas outras atividades como jogos germânicos, concurso para as escolhas da rainha e mini rainha, desfile de rua e concurso de chopp a metro. 

Dentre a gastronomia do evento, destaca-se o delicioso Rievelsback, um bolinho frito de batata ralada que faz grande sucesso, sendo produzido a cada edição mais de uma tonelada de batatas. Este número torna o Rievelsback campeão de vendas na praça de alimentação da Südoktoberfest, perdendo para outras comidas típicas, como o Pretzel  (pão tipicamente alemão em formato de nó).

Além do bolinho de batata, um grande destaque é o peito de ganso defumado, um dos pratos servidos no café colonial da festa. Trata-se de uma cultura muito importante dos antepassados e quase esquecida. Por conta deste prato tão característico, os mascotes da Südo são o Walter e Wilma, dois gansos muito animados.

Os mascotes Walter e Wilma divertiram o público na  33ª Südoktoberfest          Foto: Grigoletti Fotografia

 

E, por falar em tradição, na 31ª edição, ocorrida em 2018, a Südoktoberfest bateu um recorde mundial, alcançando a maior Polonaise do mundo – dança tradicionalmente conhecida por abrir os bailes deste estilo. 

Retomada da festa em 2022

Com o início da pandemia, a Südoktoberfest precisou fazer uma pausa. Foi aí que o Grupo Sonnenschein, através de recursos próprios, decidiu realizar obras na Associação Cultural Sete de Setembro (antiga casa do evento), para que o espaço estivesse melhor estruturado e preparado para o retorno.

Helena Kohn, 2ª Secretária do Grupo de Danças Folclóricas Alemãs Sonnenschein, conta que as obras iniciaram durante a pandemia, com o intuito apenas de realizar a manutenção da Associação. Porém, em seguida, o grupo decidiu planejar o parque do evento, que agora volta a ser a casa oficial da Südoktoberfest.

Em anos anteriores, a festa foi realizada no Esporte Clube São Lourenço e, neste ano, finalmente, retornou às suas raízes. A Associação Sete de Setembro contou com uma extensa e preparada estrutura, para abrigar a edição mais esperada de todas. Mas as obras não param: novos projetos seguirão acontecendo, para oferecer um espaço ainda mais amplo nos próximos anos.

As  obras na Associação Sete de Setembro começaram no período da pandemia        Foto: Sul 360 Imagens

A obra passou por várias partes entre as quais a instalação da cobertura       Foto: Sul 360 Imagens

E a edição deste ano voltou para movimentar São Lourenço do Sul e alegrar os amantes das tradições germânicas. Superando a última edição – que contou quatro dias de festa –, em 2022 a Südoktoberfest espalhou-se pelo município e foi realizada em 10 dias, de 2 a 12 de outubro. Depois de dois anos de pausa, o lema da festa que sempre foi “no mês de outubro a cidade vira festa”, precisou sofrer uma pequena alteração para adequar-se à realidade, e, neste ano, o lema representa o sentimento de muitos: “a saudade vira festa”.

Abertura da 33ª Südoktoberfest, com a primeira etapa para servir um ótimo chopp     Foto: Divulgação/Facebook

 

A programação contou com uma visita alegre e especial ao Lar de Idosos Santo Antônio, atividades com as escolas, encontro de corais, apresentações de dança do Grupo Sonnenschein, feiras de artesanato e produtos coloniais, desfile temático de rua, jantar típico, café colonial e muito mais.

O evento contou com a apresentação de 13 bandas, recebeu 30 mil “Südoktoberfesteiros”, que brindaram com 28 mil litros de chopp vendidos. Tudo isso com a ajuda e trabalho incansável de quase 600 voluntários, que tornaram a retomada desta festa tão querida, ainda mais especial.

E para alegrar aqueles que tanto amam a tradicional festa, as notícias são boas. A 34ª Südoktoberfest já tem data marcada: de 8 a 15 de outubro de 2023. Se perder, “tá fritz”! 

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A festa é maravilhosa e, a cada ano que passa, fica melhor ainda. Passando de gerações em gerações, o mês de outubro sempre vira festa.

Josiane de Freitas Machado

“Uma Quedinha de Natal”: o que esperar do retorno de Lindsay Lohan às telas?

Nova comédia natalina produzida pela Netflix apresenta atriz como protagonista e desperta a atenção dos fãs da artista      

Por Helena Isquierdo Rocha    

Lindsay e Chord Overstreet são os protagonistas do lançamento de fim de ano no streaming Fotos: Divulgação

Longe das telas desde 2013, Lindsay Lohan faz seu retorno como atriz em algo que já virou tradição para os espectadores da Netflix: filmes natalinos.

Apesar de ser o gênero em que a atriz vem tendo sucesso, o roteiro clichê da comédia romântica “Uma Quedinha de Natal” não consegue atingir o sucesso que foram outras obras estreladas por Lindsay, como “Sexta Feira Muito Louca (2003) ou “Meninas Malvadas” (2004). Mas isso não significa que a produção é ruim. Porém, não se deve esperar um roteiro com grandes novidades.

Lançado em 10 de novembro, “Falling for Christmas” (título  original) conta a história de Sierra Belmont (Lindsay Lohan),  uma jovem herdeira que recebeu de seu pai o carro de vice-presidente de uma rede de hotéis de luxo. Acontece que a menina mimada pelo pai não deseja seguir a carreira dos negócios. A reviravolta acontece quando a personagem acaba sofrendo um acidente em meio à neve, logo após ser pedida em casamento por seu namorado Tad (George Young) – um rapaz tão fútil quanto a moça.  Quando acorda, Sierra não consegue lembrar nem mesmo do seu próprio nome. Com amnésia, ela conhece Jake Rusell (Chord Overstreet), dono de uma simples pousada da região. Não é preciso nem dizer que, no desenrolar da história, os dois se apaixonam.

Embora o enredo soe bastante familiar para quem é fã do gênero, a atuação de Lindsay Lohan não deixa a desejar e torna agradável assistir à produção. A escolha dos personagens coadjuvantes também foi ótima, dando destaque para a personagem mirim Avy (Olivia Monet Perez), a filha de Jake.  Outra ótima escolha feita pela Netflix foi no tempo de duração do filme, que conta com uma hora e 33 minutos.

Filme traz os ingredientes típicos das comédias natalinas estadunidenses      Imagem: Scott Everett White/Netflix

É fato que, no entanto, apesar de ser leve e divertido, a produção dividiu opiniões. Entre as críticas especializadas, as notas não foram tão positivas quanto o desejado. Já entre o grande público, a avaliação tem sido muito positiva. Para quem busca algo descontraído e com todos os elementos que uma boa comédia romântica de Natal oferece, fica difícil não gostar. E, é claro, também é uma ótima oportunidade para o retorno de Lindsay Lohan aos filmes. Prepare-se para um enredo recheado de clichês que envolvem a tradicional magia natalina.

Além do roteiro divertido, a trilha sonora é outro pronto agradável, e a cereja do bolo fica por conta da  cena em que Sierra e Jake  cantam Jingle Bell Rock, trazendo para os fãs da artista uma referência a outro trabalho estrelado por ela, o filme “Mean Girls” (“Meninas Malvadas”). 

Antes de perder a memória, Sierra Belmont era apenas uma socialite

 

Os filmes natalinos originais tornaram-se um ponto alto para o serviço de streaming Netflix, que nos últimos anos apostou em Vanessa Hudgens para ser a estrela de “A Princesa e Plebeia (2018),  filme que rendeu continuações de muito sucesso entre o público do gênero. E, agora, a empresa escolheu investir em uma atriz que ficou marcada pelo sucesso nas décadas de 2000 e 2010, assim como Vanessa. Se deu certo antes, por que não daria agora?

 

Vanessa Hudgens estrelou no filme de Natal “A Princesa e a Plebeia” ao lado de Nick Sagar e San Palladio

 

Esse é o primeiro trabalho de Lindsay Lohan na plataforma após a atriz assinar contrato com a produtora. Será que podemos esperar uma continuação para “Uma Quedinha de Natal”, assim como foi com “A Princesa e a Plebeia”?

 

Veja o trailer:

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Lojistas avaliam Feira do Livro após dois anos de pandemia

Livreiros comentam desempenho dos 18 dias do evento em cenário de retomada presencial e com alta dos preços no mercado literário       

Por Ana Garrafiel       

Na terça-feira (dia 15 de novembro), a Feira do Livro de Pelotas encerrou sua 48ª edição após 18 dias de evento. A estrutura do projeto, montada na praça Coronel Pedro Osório, coração da cidade, contou com 13 livreiros, expositores, tenda cultural, cafeteria e um palco destinado a atividades literárias.

Após dois anos sem a realização do evento e um aumento em quase todos os setores da economia – mas especialmente o literário – os lojistas estavam ansiosos e com expectativas sobre como seria o retorno de um dos mais tradicionais acontecimentos culturais de Pelotas. Para Nilo Ramm, responsável pela livraria Prazer de Ler, o movimento atendeu às expectativas e se destacou em relação às edições anteriores: ‘’Foi bom, alguns dias, houve bastante movimento, outros nem tanto. Mas o movimento foi melhor [que os outros anos]’’.

Já para João Pedro Vieira Alves, vendedor da livraria e papelaria Feito de Letras, a procura foi inferior comparada às edições passadas e deixou a desejar – mas ele vê uma razão para isso: ‘’O movimento foi bem fraco. O preço dos livros aumentou muito. As editoras colocaram preços muito altos – não sei se foi por conta da inflação ou tudo que está acontecendo pós-pandemia’’.

João também destaca que a estrutura da Feira diminuiu, tirando algumas coisas que antes eram um atrativo a mais para o público, como a praça de alimentação. ‘’Antes tinha um setor de alimentação enorme, tinham mais livrarias também, mais opções. Tivemos que adquirir mais produtos dentro da banca para ver se vendíamos mais coisas, pois os livros em si as pessoas estão achando muito caros’’, complementa.

Giuseppe Viscardi, da livraria Vanguarda, também aponta a ausência da parte com as lanchonetes como fator influenciador para o baixo movimento: ‘’Precisamos levar em consideração algumas coisas também. Esse ano não tivemos a praça de alimentação, não teve shows… algumas coisas influenciam’’, analisa. Ele também destaca os dias de chuva e a eleição como motivos que possam ter ‘’atrapalhado’’ o movimento, além do avanço do digital: ‘’O pessoal que realmente gosta de livros sempre busca. Hoje em dia também temos uma concorrência muito grande com a internet como um todo, e o mercado de livros acaba sendo um dos mais afetados’’.

Apesar disso, Giuseppe avalia o retorno como bom e produtivo, considerando o momento atual. ‘’Colocamos uma meta bem agressiva que tentamos atingir e faltou um pouco. Mas acho que, para uma retomada, foi bom sim’’, finaliza.

Apesar dos descontos, feira teve procura abaixo do esperado   Foto: Ana Garrafiel

 

Os favoritos do público

Dentre as diversas bancas e inúmeras opções de títulos e gêneros literários, o público deixou seu gosto bem claro para os lojistas.

Na livraria Prazer de Ler, o destaque foi para os livros e artigos infantis. Na parte adulta, a preferência foi pelos gêneros de guerra e suspense.

Na livraria e papelaria Feito de Letras o gênero infantil também teve grande destaque, juntamente com romances LGBTQIA +, os livros da editora DarkSide e leituras espíritas. Já os romances de época e obras acadêmicas, como das áreas de Filosofia e Sociologia, não tiveram tanta admiração do grande público.

Para a livraria Vanguarda os queridinhos foram os autores locais e alguns best-sellers adolescentes.

                                              Best sellers tendem a provocar maior interesse dos leitores                          Foto: Gustavo Vara/www,pelotas.com.br

Você pode acompanhar os lançamentos e as promoções de livros das livrarias nas redes sociais! Seguem os links para três livrarias de Pelotas no Facebook.

Prazer de Ler 

Feito de Letras 

Livraria Vanguarda 

 

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Espetáculo celebra 11 anos da Freedom Cia de Dança sexta e sábado

Grupo apresenta três sessões no Teatro Municipal de Rio Grande do musical “Cinderela às Avessas” neste fim de semana      

Por Tais Carolina e Mariah Coi     

O Teatro Municipal do Rio Grande, no Sul do Estado, receberá, nos dias 18 e 19 de novembro, o espetáculo “Cinderela às Avessas”, realizado pela Freedom Cia. de Dança. Diante do sucesso na venda dos ingressos, o grupo rio-grandino abriu uma sessão extra para que toda a comunidade possa prestigiar o evento.

A Freedom é um grupo que existe há mais de 11 anos na cidade do Rio Grande. A companhia foi criada em 2011 por quatro pessoas que tinham como objetivo divulgar a arte da dança e, ao mesmo tempo, quebrar preconceitos. O nome Freedom significa liberdade e este é o legado do grupo, a liberdade na arte e na vida.

O grupo não tem patrocinadores e sobrevive através de mensalidades simbólicas, participação em editais e realização de rifas, eventos e pedágios. Além disso, o valor dos ingressos arrecadado nos espetáculos é uma das principais fontes de renda que sustentam a equipe para que siga fazendo arte. Atualmente, o grupo conta com cerca de 100 dançarinos, entre as categorias adulto, juvenil e kids, sob direção de Andrius Mieres e Giovane Mackmillann.

O diretor e também coreógrafo Mackmillann antecipa que o espetáculo musical “Cinderela às Avessas” terá coreografias de jazz, dança contemporânea, dança de salão e danças urbanas, divididas pelos núcleos kids, juvenil e adulto.

Tudo isso será mesclado com encenações, caracterizando o musical.  O coreógrafo explica que o nome “Cinderela às Avessas” surgiu para sugerir que o espetáculo não será nada tradicional. A personagem de Cinderela será interpretada por uma mulher negra e na trama ela tem o sonho de ser estilista. Já quem dará vida à famosa Fada Madrinha é um homem que não se enquadra nos padrões hetero e branco. A Freedom traz diversidade em tudo que faz e com garra e dedicação consegue transformar os lugares em que habita.

A Companhia existe há mais de uma década, são mais de 10 anos resistindo em uma comunidade machista, LGBTfóbica e racista e levando a arte como uma ferramenta de transformação social. É um grupo cheio de representatividade, história e conquistas.

“Nossa vida enquanto grupo não foi fácil nesses 11 anos de caminhada.  Nosso maior desafio era achar um local que pudéssemos desenvolver a nossa arte. Aos poucos fomos crescendo, em número e qualidade, nos tornando um dos maiores grupos da nossa cidade”, afirma Mackmillann ao falar sobre a trajetória da Freedom.

Ele relembra que a Freedom durante muitos anos tinha como espaço para ensaios garagens, o Centro de Eventos da cidade e até mesmo o meio da rua. “Hoje em dia temos parcerias com pessoas que acreditaram e acreditam em nosso potencial, duas mulheres que fazem a diferença: Doris Ribeiro e Lídia Dias”, diz ele se referindo a diretora e a professora da Academia Art & Manhas, local no qual são realizados os ensaios do grupo atualmente.

“Nossas batalhas são constantes, não temos patrocínio, contamos com o público para nos mantermos durante o ano, são eles que nos impulsionam para fazer mais e melhor”, diz o diretor, fazendo um convite para que toda a comunidade possa prestigiar o evento “Cinderela às Avessas”. O espetáculo terá uma sessão no dia 18 às 20h30 e duas no dia 19, às 18h e às 20h30.

Espetáculo terá jazz, dança contemporânea, dança de salão e danças urbanas, divididas pelos núcleos kids, juvenil e adulto

 

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Noite do Centro Histórico atrai milhares de pessoas

Evento valorizou os museus e o patrimônio do Rio Grande, cidade mais antiga do Estado     

Por Rayla Ribeiro e Vitor Porto      

A Noite do Centro Histórico, que ocorreu no dia 9 de novembro, foi um grande sucesso e atraiu milhares de pessoas até o Centro do Rio Grande. O evento teve como objetivo valorizar e divulgar a cultura, museus e o patrimônio histórico da cidade mais antiga do Rio Grande do Sul. A população também pode acompanhar a cerimônia de inauguração do Largo Barbosa Coelho, em frente ao Mercado de Peixes. A revitalização da praça foi realizada em uma parceria com uma rede de supermercados da cidade e busca, além de proporcionar mais conforto aos frequentadores, embelezar a região do cais do Porto.

Bibliotheca Rio-Grandense abriu as portas com seu  acervo e exposição com peças de vários museus da cidade

 

Após a cerimônia de inauguração, foram entregues certificados aos Jovens Educadores Patrimoniais. Houve participação das Forças Armadas, que realizaram um disparo de canhão simbólico em direção à Lagoa dos Patos. Ficou a cargo da Banda Rossini o privilégio de ser a primeira atração cultural do Largo Barbosa Coelho.

A Noite do Centro Histórico também celebrou os museus. A Bibliotheca Rio-Grandense abriu as portas para receber o público. Guias mostraram aos visitantes o acervo centenário da biblioteca. Em seu salão no térreo, foi montada uma exposição com itens de diversos museus da cidade. O principal destaque foi a exposição de peças históricas da Fábrica Rheingantz.

Na rua General Osório, na frente do Largo Barbosa Coelho, ocorreu a exposição de veículos fabricados em outros tempos do grupo Antigos da Estação, com diversos carros clássicos para os amantes do automobilismo.

Dentro do Mercado Público, os visitantes puderam aproveitar a gastronomia da região, focada nos frutos do mar, ao som da voz marcante Tais Carolina. Os corredores do Mercado ficaram lotados, com muitos visitantes conferindo a exposição “Retratos de um Mercado”.

Como não poderia faltar na “Noiva do Mar”, a Escuna Divino Sol proporcionou aos visitantes um passeio marítimo pela Lagoa dos Patos à luz da Lua cheia brilhando na água. Uma réplica do Lanchão Seival estava aberta à visitação. Trata-se de uma reprodução fidedigna daquele veículo utilizado por Giuseppe Garibaldi durante a Revolução Farroupilha.

Outro sucesso de visitação foi o famoso Museu Oceanográfico da FURG (Universidade Federal do Rio Grande). A Marinha do Brasil disponibilizou um ônibus para levar o público da sede da Prefeitura até o museu. Os guias conduziram os visitantes, proporcionando um maior conhecimento sobre a vida marinha presente na costa gaúcha.

Na rua General Osório, foi apresentada a exposição de veículos de décadas passadas do grupo Antigos da Estação

 

Esta realização nasceu com o objetivo de trazer um sentimento de pertencimento à comunidade. É uma data em que se tem o funcionamento do conjunto histórico, os museus e os prédios em um horário diferenciado.

Lu Compiani, primeira-dama e secretária de Desenvolvimento, Inovação e Turismo, ressaltou a importância do evento: “É um momento importante do rio-grandino olhar para sua história, olhar para a sua cultura e, assim, desenvolvermos esse sentimento pela nossa cidade, essa é a maior motivação dessa noite acontecer”.

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“Temporada de Casamentos” e as várias faces do amor

História no cotidiano de uma família hindu ressalta os vários aspectos da vida afetiva   

Por Evelise Goulart     

Elenco principal traz ator Suraj Sharma, de “As Aventuras de Pi”,  e Pallavi Sharda, conhecida por seu papel em  “Lion” 

 

O filme “Temporada de Casamentos” é uma comédia romântica lançada pela Netflix no mês de agosto deste ano, dirigido por Tom Dey, responsável por outros títulos como “Marmaduke” (2010) e “Como despachar um encalhado” (2006). É estrelado por Pallavi Sharda, conhecida por seu papel como a estudante Prama no longa “Lion” (2016), e Suraj Sharma, ator muito lembrado por seu papel como Pi, em as “Aventuras de Pi” (2012).

Conta a história de Asha e Ravi, dois jovens de origem hindu que, por estarem focados em suas carreiras, não têm tempo para um relacionamento sério. Os dois acabam se conhecendo por meio de um encontro às cegas, organizado por suas mães que decidem tomar o futuro dos filhos em suas próprias mãos e arranjar um casamento, custe o que custar.

Depois de muito pensar, os dois fazem um acordo.  Fingem estar namorando durante a temporada de casamentos, para que ambos possam viver suas vidas sem a pressão das mães e das pessoas da sua comunidade. Mas nada é tão simples quanto parece. E o filme nos mostra isso o tempo todo.

Algo muito importante é o protagonismo não branco, a quebra de padrão é muito bem-vinda e necessária nos dias de hoje. É importante saber que conteúdos sobre outras etnias, culturas e cores, estão conquistando espaço nas plataformas de streaming, e isso é algo que vemos muito em “Temporada de Casamentos”.

Quando a mãe de Asha conversa com ela sobre o amor, como as coisas são feitas e sua praticidade, temos uma pequena amostra de como funciona o casamento na cultura hindu. Vemos a maneira como os casamentos arranjados são feitos e exemplos de como eram no passado, com a história do casamento dos pais da protagonista, e de como funcionam hoje em dia.

Durante a trajetória de Asha, percebemos que o amor é uma constante em sua vida, e podemos acompanhar como ela, à sua própria maneira, demonstra de formas diferentes esse sentimento.

Primeiramente temos o amor-próprio, a personagem é madura, aprendeu a ver o seu valor e sabe que merece muito mais do que um casamento sem amor ou um emprego medíocre. Em seguida temos o amor fraternal, que é o que vemos Asha demonstrar por sua família e amigos, o carinho com o pai, a cumplicidade com a irmã, a preocupação com a mãe, e a amizade estranha que compartilha com o chefe. E, finalmente, o amor romântico, representado tanto na forma em que Asha e Ravi se referem a seus relacionamentos antigos, quanto no relacionamento que os dois constroem no decorrer da história.

Apesar de ser leve e com uma história divertida, os pequenos detalhes na maneira como o amor é demonstrado durante o filme fazem com que o espectador perceba a importância dos pequenos gestos e lembre de suas próprias experiências. “Temporada de Casamentos” não é só uma comédia romântica é uma lição sobre a importância do amor em todas as suas formas.

 

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Joan Didion: o poder de encarar a vida de uma nova forma

Filme documentário sobre vida e obras da escritora e jornalista mostra sensibilidade de uma mulher que é símbolo de força  

Por Julya Bartz Boemeke Schmechel        

A escritora e jornalista Joan Didion nasceu no dia 5 de dezembro de 1934 e, desde criança, mostrou forte interesse pelo mundo da escrita. Com apenas cinco anos de idade, Joan produziu uma intrigante história sobre uma moça que acorda em pânico no meio da Antártida com grande medo de não sobreviver ao frio. Pouco depois, a moça percebe que na verdade está no deserto e que irá morrer de calor antes da hora do almoço. Essa familiaridade com os sentimentos extremos esteve presente em todas as obras da escritora, que foi – e ainda é – uma importante referência e inspiração para o jornalismo literário.

A autora de “O ano do pensamento mágico” e “Anos azuis” faleceu em 23 de dezembro de 2021, mas deixou um legado muito importante, principalmente ao escrever sobre o luto que enfrentou ao perder seu marido e sua única filha. O sofrimento de Joan transformou-se em livros repletos de emoções e grandes aprendizados para os leitores.

Em 2017, o sobrinho de Joan, Griffin Dunne, dirigiu o documentário “Joan Didion: The Center Will Not Hold” (O centro não vai segurar, em tradução literal) sobre etapas importantes da vida da jornalista. Disponível no serviço de streaming Netflix, a obra se conecta ao espectador através de um ar intimista e uma produção que utiliza poucas músicas, mantendo principalmente o som ambiente e o silêncio de Joan após o fim das frases. 

Joan Didion e seu sobrinho, Griffin Dunne        (Foto: Annie Leibovitz/Trunk Archive)

O documentário desmancha a imagem que grande parte do público carregou por muito tempo de Joan: como uma personagem frágil, com o peso do luto pairando em seus ombros. O documentário foi gravado aos 82 anos de Joan, com as imagens de uma senhora com jeito enfraquecido e abalada pelo Parkinson. Porém, apesar disso, durante uma hora e 38 minutos, o espectador enxerga uma mulher bem-humorada, que trata com leveza até os temas mais tristes de sua vida. A companhia de seu sobrinho, ao longo das gravações, com certeza contribuiu para garantir que o resultado da obra fosse tão satisfatório. Afinal, a intimidade e amizade entre os dois fez toda a diferença.

Joan fala sobre as pautas importantes que aconteceram no auge de sua carreira e como abordou cada uma, com sua escrita única e irreverente. Para muitos, como Ana Florindo, crítica do site Delirium Nerd  o grande destaque do documentário é o fato de Joan abordar seu casamento como um relacionamento real e não uma história de conto de fadas. Outro tema abordado de maneira um tanto dura e real é a maternidade e a culpa que Joan carregou pela morte de sua filha, apesar de não ter envolvimento algum com o trágico acidente.

Joan, seu marido John e a filha Quintana       (Foto: Reprodução/Internet)

Para completar a série de emoções repassadas no documentário, um grande destaque vai para a cerimônia realizada na Casa Branca em 2012, para premiar Joan Didion como uma das escritoras americanas mais célebres de sua geração. Joan recebeu a medalha The National Humanities Medal das mãos de Barack Obama, sendo reconhecida como uma escritora que “por sua maestria e estilo de escrita, explorando a cultura e expondo as profundezas do sofrimento, produziu obras de honestidade surpreendente e intelecto feroz”. 

Joan Didion recebendo a distinção  The National Humanities Medal, em 2012, ao lado de Barack Obama 

Aos curiosos ou entusiastas sobre a vida da inesquecível Joan Didion, o documentário aborda diversas histórias íntimas, com uma visão mais detalhada, que revelam o quanto a escrita foi fundamental para que a escritora ultrapassasse as fases mais obscuras e desafiadoras de sua vida. Sem chorar, em momento algum ao longo do documentário, a autora que revolucionou o jornalismo literário, ensina muito sobre amor, sonhos e leveza. É um abraço, especialmente para quem busca conforto.

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Brincando na Rua promove a cultura brasileira

Projeto garante espaços públicos para atividades lúdicas e amplia a sociabilidade entre as crianças com jogos tradicionais     

Por Victoria Fonseca     

Para aproximadamente 60 crianças dos 1º e 2º anos da EMEF Dr. Joaquim Assumpção, a tarde de sol do dia 27 de outubro foi recheada de brincadeiras tradicionais ao ar-livre. Com o propósito de garantir espaços públicos para as atividades lúdicas e possibilitar a sociabilidade infantil por meio da diversão, a iniciativa foi promovida em mais uma edição do projeto Brincando na Rua da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Durante duas horas, crianças com idades entre 6 e 7 anos brincaram livremente de diversas recreações populares, como carrinho de rolimã, corrida de saco, amarelinha, corda, entre outras, no pátio do Campus 2 da UFPel. Além da garotada, professores da Escola Joaquim Assumpção, alunos e docentes do curso de Pedagogia da UFPel entraram nas brincadeiras junto para participar e ensinar, já que grande parte da nova geração está acostumada apenas com diversão mediada por tecnologia.

Além do lazer, as brincadeiras proporcionam a produção de cultura lúdica. Conforme o coordenador do projeto, professor Rogério Würdig, as crianças trocam experiências e repassam a outras o que aprenderam. Assim como ampliam o acervo lúdico, que se trata de atividades de movimentação que promovem o desenvolvimento físico, social e cognitivo. “São atividades de movimento, tirando eles da apatia, de atividades enrijecidas, como por exemplo, em celulares e videogames, para livres e espontâneas”, explica.

As brincadeiras, que fazem parte da cultura brasileira, estão desaparecendo aos poucos devido à falta de promoção delas para as novas gerações. Ainda de acordo com Würdig, o estímulo às atividades populares de gerações anteriores para as crianças é essencial, pois elas são as guardiãs das recreações. “Se esses espaços não forem promovidos para elas, a cultura das diversas brincadeiras será perdida. São várias de origem indígena e africana que são praticadas desde 1500”, ressalta.

O professor também destaca a necessidade de espaços ao ar livre pensados e dedicados para o lazer das crianças. Há algumas décadas, era comum encontrar os pequenos brincando na rua, uma prática que com o passar do tempo foi desaparecendo. “Esse espaço aqui [no Campus 2] era uma quadra nos anos 90, agora é um estacionamento”, exemplifica.

Muitas brincadeiras têm origens indígena e africana e são praticadas há vários séculos          Foto: Carlos Queiroz

 

Autonomia e liberdade

A estudante do quinto semestre do curso de Pedagogia da UFPel, Larissa Nunes, 21 anos, participa pela primeira vez do projeto. Conforme a futura pedagoga, a iniciativa é uma oportunidade de levar às crianças o que os estudantes estão aprendendo dentro da sala de aula. Larissa destaca também que a atividade tem como características importantes proporcionar a liberdade e autonomia. “Queremos mostrar para eles essas brincadeiras que fizeram parte da nossa infância e da dos pais deles, além de promover a autonomia e liberdade deles brincarem e inventarem suas próprias maneiras de atividades”.

Companhia para brincadeiras

Pega-pega é a brincadeira do aluno do 2º ano da Escola Joaquim Assumpção, Anwar Hussein, de 7 anos. No entanto, ele conta que, geralmente, principalmente em casa, brinca mais no tablet, em razão da falta de companhia para a atividade que envolve muita correria entre diversas crianças. “Na maioria das vezes eu brinco no meu tablet porque não tem ninguém pra brincar comigo. Aqui estou brincando com os colegas”, diz em meio a pausa para o lanche.

Esther Lessa, também de 7 anos de idade, menciona que a melhor parte da atividade é poder brincar bastante, igual ela faz com colegas nos intervalos da escola. “Eu gosto de brincar de esconde-esconde. Aqui é como na escola, onde eu brinco bastante no recreio, em casa só tem minha prima e ela não gosta”, explica.

Brincando na rua

O projeto existe há mais de 20 anos. A atividade surgiu por meio de uma disciplina ministrada por Rogério Würdig no curso de Educação Física. Na época, anos 2000, ele sugeriu aos alunos que observassem crianças brincando na rua, a surpresa foi que, já naquela época, a prática de brincadeiras ao ar livre era difícil de ser encontrada.

A partir desse episódio, Würdig teve a ideia de desenvolver uma iniciativa para a promoção de brincadeiras e atividades ao ar livre para as crianças com o propósito de evitar que a prática se perdesse totalmente com o tempo. “Na primeira edição, nós fechamos parte da rua Lobo da Costa para os alunos da Joaquim Assumpção e cerca de 120 crianças participaram. A atividade surge pelo fato de não haver mais crianças brincando na rua, ao ar livre em geral”, conta.

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Legado artístico ajuda jovens com dificuldades

Leilão das obras da artista rio-grandina Margarida Coelho arrecada mais de R$ 5 mil em prol de instituição de caridade   

Por Guilherme Alves Rajão   

Uma das maiores artistas que a cidade do Rio Grande já conheceu colaborou, mesmo que indiretamente, mais uma vez, para o bem-estar de jovens e adolescentes em situação de vulnerabilidade social do município. Durante toda a semana, de 17 a 21 de outubro de 2022, as obras deixadas em vida pela artista Margarida Coelho foram leiloadas, arrecadando mais de R$ 5 mil que serão doados para o Lar da Criança Raio de Luz.

O projeto começou através de uma ideia da sobrinha de Margarida, Cláudia Coelho, que levantou a ideia de doar as obras para que um grande leilão fosse realizado a fim de ajudar aqueles que mais necessitam. A ideia saiu do papel e – com a ajuda de inúmeras mãos – teve um grande final feliz. O valor dos quadros variava entre R$ 300 e R$ 900 e todos eles foram arrematados pela comunidade rio-grandina, que apoiou a causa desde o início.

Foram sete compradores presenciais e três que adquiriram os quadros através da transmissão pelas mídias sociais. No leilão foram arrematadas 11 obras, totalizando o valor arrecadado de R$5.765,00. Uma roda de conversa ainda foi realizada, com a presença de Dejanira Souto, presidente do Lar Irmã Maria Tereza (LIMT), Rosinha Marzol e Toni Soares, representantes do Lar da Criança Raio de Luz, e Cláudia Coelho, sobrinha de Margarida Coelho.

No leilão foram arrematadas 11 obras em prol do Lar da Criança Raio de Luz

 

“Esses valores serão fundamentais para o Lar da Criança Raio de Luz, que faz um trabalho imprescindível junto aos jovens em situação de vulnerabilidade e abandono. Nós entendemos que iniciativas como essa fazem todo nosso trabalho valer a pena, dentro de um processo de compreensão e valorização do que fazemos aqui”, relembrou a presidente do Lar da Criança Raio de Luz.

Já para a sobrinha de Margarida, a médica Cláudia Coelho, o projeto é fruto de muito orgulho. “Fico muito feliz que todo esse trabalho tenha rendido bons frutos. Margarida foi uma artista, tinha mãos abençoadas e poucas vezes foi tão bem reconhecida por tudo que fez e pelas inúmeras pessoas que ajudou. Hoje, sentimos gratidão por tudo que ouvimos sobre ela e pela certeza de um legado incomparável”, disse.

Os valores arrecadados serão destinados à compra de equipamentos, móveis e alimentos que serão destinados exclusivamente ao atendimento de jovens de adolescentes do Lar da Criança Raio de Luz. 

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“Ensaio sobre a cegueira” e sua atemporalidade

No ano do centenário de nascimento de José Saramago sua obra segue impactando leitores pelo mundo     

 Por Roberta Furtado Muniz       

O leitor mergulha junto com os personagens dentro de um prédio em isolamento

 

Chocante, cru, aterrorizante. Três adjetivos que descrevem em parte o que é ler “Ensaio sobre a cegueira” de José Saramago. Não há como ler essa obra sem sentir angústia, medo e a sensação de sufocamento que a história carrega. Embora esse livro seja recomendável para todo mundo, também é preciso lembrar de cenas tão difíceis de ler, que talvez não sejam exatamente indicadas para todos.

Sem nos dizer em que tempo, local exato em que se passa, começamos acompanhar uma trama em que um homem fica cego de repente. Estava ele em um semáforo, quando simplesmente perde a sua visão e só passa a enxergar branco, como se tivesse sua cabeça sido mergulhada em leite. Ele grita por ajuda, desesperado, e pessoas correm em seu auxílio.

É levado para casa e, quando sua mulher chega, ela toma a providência de levá-lo ao oftalmologista. O médico não consegue explicar o que lhe passa, não há nada de anormal em seus olhos. O que será isso? Mais exames serão necessários, então, pensa o médico. Que caso intrigante ele tem em mãos. Porém, infelizmente, não haverá muito tempo para estudos já que outros estão cegando.

O próprio médico cega. O mal branco, como também começa a ser chamado, está infectando a todos, pelo que parece. O governo é acionado e os isolamentos serão feitos. O médico será levado embora. Enquanto ainda não tinha ficado cega, sua esposa não deixa levarem seu marido sozinho.  E, na sequência, ela lhes diz: acabei de cegar.

Agora o leitor mergulha junto com os personagens dentro de um prédio em isolamento. A única a ver, ainda é a esposa do médico, que acaba se mostrando a protagonista dessa história. Não se sabe por que, mas ela permanece com sua visão, embora o caos que se instaura, às vezes a faça sentir vontade de ficar cega também. E é isso, a desordem toma conta de tudo quando o mundo inteiro aparentemente para de enxergar.

Fome, abuso sexual, violência, podridão. Mortos, feridos, dejetos humanos espalhados por qualquer lugar. Sujeira. O cenário é angustiante. É devastador. O leitor sente-se completamente imerso dentro da história, que, por mais assoladora que seja, também evidencia o grande escritor que foi Saramago. Hoje em dia, fica quase impossível de não fazermos um paralelo da narrativa com a pandemia da Covid-19, pela qual passamos e ainda permanece presente entre nós. O caos em “Ensaio sobre a cegueira” foi extremamente maior, mas enquanto lemos uma história dessas, lembramos inevitavelmente de nossos hospitais lotados, de países com mortos nas ruas e dentro das suas casas, de não haver mais lugar onde alocar os pacientes.

O livro de Saramago, com seus personagens sem nome, evidenciando a desumanização deles diante da cegueira de todos em volta, sem que haja distinção entre eles, nos faz pensar nos tantos nomes que se apagaram ao nosso redor após a pandemia da Covid-19. Em nosso estado, já se somam mais de 41 mil vidas perdidas.

Publicado pela primeira vez no ano de 1995, há quase 20 anos, Saramago não poderia saber o quanto sua história lembraria uma parte da nossa realidade, e nem o impacto e a importância que tem hoje em dia na literatura mundial. E, no ano de 2022, em que é comemorado o centenário de nascimento desse autor português, sua obra segue viva e nos brindando com excelência.

A edição comemorativa foi lançada esse ano pela editora Companhia das Letras, contando com informações adicionais para além da história fictícia. E para quem pretende ler ou já leu e ainda não assistiu, recomenda-se também a adaptação cinematográfica, lançada no ano de 2008 e dirigida pelo brasileiro Fernando Meirelles. Apesar de algumas mudanças, a essência da obra está totalmente captada na tela, gerando, como o livro, um misto de sentimentos enorme em quem assisti.

               Neste ano está sendo comemorado o centenário de nascimento de José Saramago                     Foto: Divulgação

 

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Carla Familiar Franca