Conheça a história do Festival de Cinema de Gramado

Com uma trajetória de cinco décadas, evento se firmou como uma parada obrigatória do circuito de produções do audiovisual nacional        

Por Felipe Boettge e Jaime Lucas Mattos 

        

Entrada do Palácio dos Festivais, onde é realizado o festival    Foto: Cleiton Thiele/Agência Pressphoto/Divulgação

 

A 51ª edição do Festival de Cinema de Gramado foi realizada de 11 a 19 de agosto, sendo a principal premiação do cinema gaúcho e nacional. O grande vencedor deste ano foi o longa “Mussum, O Filmis”.

São cinco décadas desde a sua primeira edição, realizada em 1973. O evento nasceu como uma parceria entre a Prefeitura de Gramado, a Companhia Jornalística Caldas Júnior, a Embrafilme, a Fundação Nacional de Arte e as secretarias de Turismo e Educação e Cultura do Estado. Em sua primeira edição, esta realização foi oficializada pelo Instituto Nacional de Cinema (INC), tendo uma duração de quatro dias, durante o mês de janeiro.

Foi dessa forma que o evento, que se tornaria o mais prestigiado e ininterrupto festival de cinema, tomou forma. Entretanto, durante suas primeiras edições, as discussões a seu respeito  estavam envoltas em sensacionalismo e fofocas, algo que só foi transformado com o passar das edições. E o festival tornou-se um centro de debates sobre a cultura, a produção audiovisual gaúcha, brasileira e posteriormente ibero-americana.

Apesar das polêmicas e desvios do intuito principal, a celebração do primeiro ano premiou “Toda Nudez Será Castigada” (1972), de Arnaldo Jabor, como a primeira grande produção vencedora do prêmio de melhor filme.

Com a chegada dos anos 1980, o festival se concretizou como um encontro de cineastas, estrelas e pensadores do cenário audiovisual brasileiro e da América Latina. O evento, no entanto, sofreu com o processo político de desestruturação da indústria cinematográfica brasileira, especialmente durante o mandato de Fernando Collor, no inicio dos anos 1990, quando ocorreu o fim de Embrafilme.

Em agosto de 1992, o ano da internacionalização e inclusão do cinema ibero-americano no evento, a produção colombiana “Técnicas de Duelo” (1988), de Sergio Cabrera, ganhou o prêmio de melhor filme. Na mesma edição, Pedro Almodóvar, célebre cineasta espanhol, também foi premiado por sua direção em “Tacones Lejanos” (1991). A partir desse momento, as produções internacionais ganharam espaço dentro do festival e expandiram o escopo de pensamento dentro do festival.

 

Troféu Kikito 45º Festival de Cinema de Gramado em 2017         Foto : Diego Vara /Agência Pressphoto/Divulgação

 

E de todas as estrelas que já passaram por Gramado, uma em especial está sempre em destaque e marca presença em todas as edições desde sua primeira participação. O troféu principal da noite, o Kikito, começou como símbolo de boas-vindas da cidade de Gramado. Baseado no deus do bom humor e das energias positivas, foi idealizado por Elisabeth Rosenfeld e criado pelo artesão Orival da Silva Marques durante os anos 1960, posicionando a estátua em uma das entradas do município. Escolhido como estatueta do Festival de Cinema de Gramado desde a sua primeira edição, já foi inteiramente de madeira e posteriormente, passou a ser feito em bronze.

Observando todos esses pontos sobre o Festival de Gramado, nota-se que, em um contexto social que não valoriza o cinema nacional, termos um evento dessa dimensão é uma dádiva. A existência do festival joga luz ao cinema nacional, mergulhando nas diferenças e nas diversidades culturais que o nosso país pode apresentar.

Nestas 51 edições, o evento apresentou um grande repertório de filmes que foram destaque no festival e que também se destacaram no circuito tradicional de exibições em cinemas pelo País. Dentre eles, o festival deu holofotes a “Dona Flor e Seus Dois Maridos” (1977) e “Aquarius” (2016).

 

                         Abertura oficial da edição de 2023, com discurso liderado pela Ministra da Cultura, Margareth Menezes                      Foto: Edison Vara/Agência Pressphoto/Divulgação

Com uma gama enorme de filmes exibidos ao longo de cinco décadas, observa-se que o festival acompanha a história do cinema brasileiro, como evidencia, em entrevista ao próprio festival, o diretor paulistano Fernando Meirelles: “Se olharmos para a história do Festival, podemos saber como foi o nosso Brasil e o nosso cinema”.

Fato é que o Festival de Gramado, por ser realizado no Rio Grande do Sul, dá holofotes não só ao cinema nacional, mas ao cinema gaúcho. Os filmes do nosso estado ganham destaque no circuito de exibições, expondo produções independentes que comumente não circulam em salas de cinema tradicionais.

A existência do festival é importante também para a valorização dos cursos de cinema no Estado, dando atenção a filmes produzidos por alunos de diferentes universidades do Rio Grande do Sul, incluindo a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que todos os anos está presente com filmes de seus estudantes.

Premiados de 2023

 

          Filme vencedor pode ser visto nos cinemas a partir do dia 2 de novembro             Foto: Divulgação

 

O longa “Mussum, O Filmis”, que narra a trajetória de vida de Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum, que integrou o programa de TV “Os Trapalhões”, foi o grande vencedor deste ano. Dirigido por Silvio Guindane, recebeu seis Kikitos: de melhor filme, melhor ator para Ailton Graça, melhor atriz coadjuvante para Neusa Borges, melhor ator coadjuvante para Yuri Marçal, melhor trilha musical, e melhor filme pelo júri popular.  A produção entrará em cartaz em 2 de novembro nos cinemas.

O festival também premiou os filmes “Tia Virgínia”, de Fábio Meira (melhor atriz, para Vera Holtz; melhor roteiro, Fábio Meira; melhor direção de arte, Ana Mara Abreu; melhor desenho de som, Rubem Valdés, e prêmio júri da crítica) e “Mais Pesado é o Ceú”, de Petrus Cariry (melhor direção; melhor fotografia, Petrus Cariry; melhor montagem, Firmino Holanda e Petrus Cariry, e prêmio especial júri, Ana Luiza Rios).

O documentário Anhangabaú, do diretor Lufe Bollini, recebeu o prêmio de melhor filme longa-metragem documental. 

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Veiiga e a cena artística independente da região sul

Jovem pelotense conta como começou nos ramos da música e artes visuais, além das suas aspirações       

Por Rafaela Stark e Sarah Oliveira      

 

João Veiga tem apenas 21 anos e já trabalha com arte há sete           Foto: Acervo pessoal

 

A cena artística pelotense cresce cada dia mais. Personalidades como a drag queen Myah Michele e a cantora Julie Schiavon vêm ganhando destaque por seus trabalhos. Em abril, o Festival Cabobu voltou após duas décadas de hiato e movimentou a cidade com muita música. Os artistas enfrentam longas jornadas até se tornarem grandes nomes na cidade, caminho o qual Veiiga já está trilhando com sua música ambiental, produção e design para trabalhos sonoros.

Natural de Pelotas e com recém completados 21 anos, Veiiga – nome artístico que João Veiga assina – se reconhece como artista desde criança, quando passava boa parte de seu tempo desenhando. Para ele, a arte era “meio (que uma) correnteza, uma coisa leva a outra e não tinha como não seguir”. E foi a partir de 2016 que passou a levar a sério a sua vocação no ramo. Depois de se encontrar nos desenhos, Veiiga descobriu uma nova veia artística: a música.

A ideia de começar uma carreira musical surgiu junto com a vontade de produzir um álbum de covers, por não ter muita confiança em seu talento para compor. Mas ao chegar no estúdio de gravações de um amigo, o mesmo lhe explicou que o tempo e trabalho gasto na produção de um cover era maior do que se ele investisse todo o seu foco em algo autoral. E, mesmo com receio, ele fez. “Eu comecei […] não era bem assim que eu imaginava, mas depois que eu entrei no pique, fui querendo aprender mais, a produzir e fazer outras coisas parecidas, e entrei já de cabeça,” lembra João.

Da criação à distribuição, a saga de um artista que enfrenta a produção musical

Quando o assunto é o processo de criação das faixas, Veiiga expõe que tudo é um processo natural e “de boa”, como ele mesmo diz. Tudo começa com ideias aleatórias que surgem durante o dia, a qualquer momento.

“Depende muito, há músicas que vou levar mais a sério, que irei trabalhar mais e colocar mais sentimento e esforço nela. Tenho uma ideia, por exemplo, de uma letra, então eu anoto. Normalmente eu pego um dia na semana para focar nela, utilizo algum instrumental pré-pronto que eu tenha guardado e vou juntando com outras ideias, pensamentos que vêm na hora. O sistema de rimas é assim, é muito do que vem na hora. É meio que tudo junto: uma ideia do dia a dia, uma ideia que se tem na hora do banho [risos]. É um processo bem de boa. Geralmente eu não escrevo uma letra inteira, vou juntando trechos que imaginei e formo a composição. Colocando o sentimento para fora, sabe?”

Já sobre a preparação para o lançamento dos seus trabalhos, João explica que é algo técnico para ele, de praxe. Ele gosta de fazer as artes que servirão de capa para as canções. “Nem sempre desenho, utilizo a técnica da colagem também. Para mim, uma música tem que ter uma arte.”

 

Criação do single ‘Narusawa’, de 2023        Imagem: Veiiga

 

Esse mesmo processo quando feito com outras pessoas pode sofrer algumas alterações e alguns – pequenos – ruídos de comunicação. Por trabalhar como produtor com artistas da região e de diversas partes do Brasil, é normal haver divergências, já que nem sempre as duas partes estão no mesmo contexto. Apesar disso, tudo é passível de resolução, e a colaboração musical prevalece. Também é por meio dessas parcerias que novos contatos são feitos e outras acontecem. Quando perguntado sobre como conheceu artistas espalhados pelo país, João conta que tudo começou através de uma pessoa: “Minha amiga Luana me apresentou para outra, a Mari, e ela já tinha outros contatos e em menos de dois anos, já conheci muita gente. Fui expandindo meu círculo assim. Participei de alguns coletivos artísticos que já se desmembraram, e, aos poucos, fui encontrando os meus.”.

A arte inspira e ajuda a criar

João conta que se inspira em muitos artistas do meio para produzir suas obras. Em nível internacional, o conjunto Shed Theory chama atenção: “É um pessoal que faz uma música bem misturada, alternativa, até ambiental, eu diria”. Ele relata que, pelo grupo ter muitos membros, eles trazem ideias diferentes, que funcionam unidas. “Alguns curtem mais rima e outros mais canto, então acho que traz uma perspectiva bem distinta, autêntica, o que me inspira bastante”, diz Veiiga.

Além da Shed, seus próprios amigos o influenciam: “A banda Bliss Compound tem um estilo que me atrai muito, já trabalho com eles e vejo neles muita autenticidade, gosto de atuar com gente que me inspira.”

Ao falar das artes visuais, a jovem artista Xeylao vem à sua mente. João justifica que a maneira como ela trabalha o azul em suas produções foi o que lhe cativou. A artista utiliza diversos materiais para produzir, pintando em tecidos e até azulejos. A questão dos tons de azul é explorada por Veiiga, que se identifica com a cor, dizendo que ela traz conforto. Provavelmente, por esta razão, ele adora tanto o trabalho de Xeylao.

Voltando aos amigos, o designer e produtor Ultrasensíveis também é fonte de inspiração para ele. O músico destaca a arte do amigo como original, clássica e bela.

 

O azul: uma das cores dominantes no trabalho do artista   Imagem:Veiiga

 

Na ponta do lápis e do mouse

Em sua música, João também insere os seus designs, mais especificamente nas capas de seus singles. Quando a produção da música acaba, ele se volta para a arte de seus singles e, neste momento, ele também experimenta um pouco mais da sua liberdade poética como artista.

Mesmo gostando de fazer os seus designs do zero, tanto à mão quanto digitalmente, Veiiga utiliza do seu universo e gênero musical underground para criar ilustrações mais alternativas. Elas oscilam entre os seus desenhos e as colagens de imagens com aplicações de efeitos e filtros, para também dar o seu toque pessoal de originalidade. Um exemplo disso é uma de suas capas em que ele fez referência a uma sequência de um filme. “Esses tempos, eu cheguei a desenhar uma cena de um filme e desenhei só as linhas e coloquei ela em cima de uma outra arte, só para referenciar o filme. E quem ver (a arte) e já viu o filme vai reconhecer e saber que tem alguma coisa (do longa) aqui.”

Outro momento em que os seus dois mundos se encontram é quando colabora com outros artistas. Além da mixagem – momento que designa como “quando a mágica acontece” -, sua outra parte favorita é poder criar a parte visual das capas dos singles. Quando fala de trabalhar com os seus dois ramos artísticos, João diz que, por ser de um gênero mais variável – o underground – e de fácil transição entre outros estilos musicais, existe uma maior afinidade em utilizar instrumentos diferentes e outros elementos de diversos outros gêneros para criar o seu próprio, sem deixar de pertencer ao seu estilo alternativo. Para ele, a arte se cria a partir da música, com os sentimentos que ela traz.  

Nem tudo são flores

Por mais que João ame o que faz e encontre prazer nele, ainda há partes desanimadoras. Ao ser questionado sobre os maiores desafios para o ramo, o artista fala de invisibilidade. “São poucos os espaços que abraçam esses artistas. Aqui temos uma cena forte de DJ e Rap/HipHop, mais clássico e tradicional, mas para por aí”, diz.

Veiiga também menciona que alguns amigos pelotenses até têm um certo reconhecimento virtualmente, mas não chegam a ir para festas, eventos culturais e outros lugares físicos. Há algumas tentativas de ampliar a cena, eventos pontuais e pequenos tentam trazer mais artistas para se apresentarem em “pocket shows”, que duram cerca de 30 minutos. Mas a falta de espaços é o principal fator a complicar a ascensão dos talentos.

“Somos artistas autoproduzidos, fazemos tudo por nós mesmos, mas eu gostaria de ter essa porta aberta, esse espaço para divulgar o trabalho e expandir o repertório junto ao público”, declara João.

O que o futuro guarda

 

Para João, se reinventar é essencial enquanto artista  Foto: Acervo Pessoal

 

Ainda que esteja no âmbito artístico há consideráveis anos, João está só começando. Como todo bom artista, ele permanece em cena a partir da reinvenção, sempre buscando se aprimorar em suas raízes e encontrar novos floresceres. “Acho que preciso estar sempre me reinventando, procurando novos estilos. Meu estilo atual, o ambiental, está aos poucos se sobressaindo na cena, mas acredito que o tempo vai fazer virar moda e depois vai embora, então a reinvenção é algo vital.”, alega.

Trabalhando em seu primeiro EP com previsão de lançamento ainda este ano, Veiiga é a personificação de um artista completo e totalmente dedicado à sua arte em todos os seus sentidos e formas. O projeto já conta com duas faixas e um interlúdio, mas elas não serão as únicas. “Eu quero fazer mais umas duas ou três canções e lançar esse projeto, que é maior. Normalmente eu só lanço singles, mas agora quero investir em algo mais trabalhado. Talvez saia mês que vem, mas não prometo nada [risos].”

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Dia do Patrimônio terá diversas atividades na região neste fim de semana

Cidades de Pelotas e Rio Grande tem programação que valoriza bens históricos e culturais     

Por Stéfane Costa     

Prédios históricos de Pelotas recebem bandeirolas conforme a programação de sábado e domingo
Foto: Gustavo Vara/Prefeitura Municipal de Pelotas

Celebrado no dia 17 de agosto, data de criação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Dia do Patrimônio chega em mais uma edição para mostrar a importância da valorização dos bens culturais materiais e imateriais do País.

Na região Sul, Pelotas e Rio Grande prepararam uma grande programação para valorizar aquilo que é tido como parte fundamental de sua história. Em Pelotas, a programação iniciou nesta sexta-feira e tem continuidade no sábado e domingo.

No município de Rio Grande, foram realizadas ações educativas, atividades como palestras e oficinas de educação patrimonial nas escolas ao longo da semana. Em declaração para a imprensa, a secretária de Desenvolvimento, Inovação e Turismo (SMDIT), Lu Compiani Branco, ressaltou que a iniciativa visa reforçar toda a história e diversidade cultural da cidade. “O objetivo do evento é aproveitarmos esse momento em que se comemora o Dia do Patrimônio, incluindo uma programação mais alongada durante a semana, para chamar a atenção para essa pauta, que é tão importante para o nosso município. Rio Grande é a cidade mais antiga do Estado, onde nasceu o estado do Rio Grande do Sul, então patrimônio é o que não falta aqui”, garantiu.

Pelotas também preparou uma extensa programação para o evento que terá inúmeras atividades no fim de semana. Além de atividades especiais, o Centro Histórico e outros prédios da cidade ganham bandeirolas coloridas que descrevem sua classificação como patrimônio.

Confira a legenda de cada cor:

  • Bandeirola amarela – inventariado
  • Bandeirola azul – tombamento municipal
  • Bandeirola vermelha – tombamento estadual
  • Bandeirola verde – tombamento federal
  • Bandeirola verde clara – sinalização de espaços reconhecidos como patrimônio cultural
  • Bandeirola azul clara – identificação de espaços onde ocorrem atividades

 

E um dos patrimônios mais importantes do estado, o Theatro Sete de Abril, recebeu um importante presente, símbolo de seu valor histórico. Fechado há mais de 10 anos para restauração, o prédio agora administrado pela Prefeitura de Pelotas recebeu novo repasse de R$ 500 mil para instalação elétrica. O valor também cobrirá reparos e pinturas no Paço Municipal.

                              Recursos foram destinados durante visita técnica do Ministério Público Gaúcho ao teatro                       Foto: Gustavo Vara/Prefeitura Municipal de Pelotas

 

Confira a programação do Dia do Patrimônio em Pelotas:

AGENDA DESTE SÁBADO, DIA 19 DE AGOSTO

 

Antigo Prédio do Banco do Brasil
15h

Aula Show – Doces Tradicionais de Pelotas – Camafeu

Limitação de convidados: 25

Associação OTROPORTO Indústria Criativa
10h15 às 12h Porto Memória: história e iconografia do Porto de Pelotas
14h às 17h Visitação guiada à Galeria de Arte OTROPORTO Connexion
Bibliotheca Pública Pelotense
9h às 12h e das 13h às 17h OLHAR: abstração e realidade
9h às 12h e das 13h às 17h Dos bicos aos guardanapos. Histórias contadas.
9h às 12h e das 14h às 17h Retratos de um Povo
14h às 17h Oficina de Arte infantojuvenil
14 às 17h Oficina de Escavação Arqueológica
14h A História do Cinema de Pelotas
9h às 12h e das 14h às 17h Distribuição de material: 10/100 imagens da arquitetura Pelotense
Capela de São Pedro (Capela Cultural da Beneficência Portuguesa de Pelotas)
14h e 16h30 Visitação guiada
15h e 17h Encenação do Sermão da Sexagésima, do Padre Antônio Vieira
Casa 2
10h às 17h Estilos: Mobiliário do Museu da Baronesa
10h às 17h Exposição – A paixão de contar: As saias da Mestra Griô Sirley Amaro
10h às 17h Distribuição de material: 10/100 imagens da arquitetura Pelotense

 

Casa 6
10 às 17h Museu Gruppelli: 25 anos de história
14h às 18h (Oficina) Outros Patrimônios possíveis: diálogos sobre geodiversidade, geopatrimônio e geoparques
14h às 18h Distribuição de material: 10/100 imagens da arquitetura Pelotense
Casa 8 – Museu do Doce (UFPel)
8h30 às 12h e das 13h às 18h Visitas Guiadas ao Museu do Doce
9h às 12h e das 13h às 18h Casarão na Palma da Mão”: arquitetura, interpretação e interatividade
10h às 12h e das 13h às 18h Atividades de educação para o patrimônio
10h às 18h Um dia com a “Alegoria”
15h Palestra “As Mulheres nas Artes: Pesquisa, Restauro e Exibição”.
17h Lançamento do Curso de Aperfeiçoamento para Guias de Turismo de Pelotas
8h30 às 12h e das 13h às 18h Distribuição de material: 10/100 imagens da arquitetura Pelotense
Casa da Música
14h30 – 18h Simões Lopes, um augusto bairro: conversas a partir de imagens históricas e jogos de memória
Catedral Metropolitana de São Francisco de Paula
10h às 12h e das 14h às 17h30 Exposição de Educação Patrimonial
14h Roda de Conversa
9h30 às 11h30 Caminhada Cultural: Um percurso por prédios históricos restaurados em Pelotas guiado pela arquiteta Simone Neutzling, da Perene Patrimônio Cultural. (Saída da Catedral São Francisco de Paula, chegada no Espaço de Arte Daniel Bellora)

 

Centro de Integração do Mercosul
8h às 17h Patrimônio Cultural em Foco: Exposição da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFPel
Clube Caixeiral de Pelotas
10h às 17h Conhecendo o Clube Caixeiral de Pelotas e a Primeira Casa de Cultura do Município.
10h às 17h Distribuição de material: 10/100 imagens da arquitetura Pelotense
Conservatório de Música (Salão Milton de Lemos)
12h às 17h Visitação ao prédio e momento musical
15h30 Apresentação Musical: Coral Infantil e Grupo de Acordeonistas do Conservatório de Música
Comida de Rua
14h às 18h Daniele Ott
Djs Vânia e Vanessa
Tom Neves
Espaço Cultural Santa Casa da Misericórdia de Pelotas
10h às 12h e das 14h às 16h Portas Abertas: A vida da Santa Casa.
Espaço de Arte Daniel Bellora
11h30 às 12h30 Roda de conversa sobre a preservação de antigas técnicas construtivas, com a participação da arquiteta Simone Neutzling
Igreja do Porto
16h às 18h30 A importância da aproximação da comunidade com os bens patrimoniais – atividades iniciais de Educação Patrimonial com crianças nas obras de restauro da Cobertura da Igreja do Porto – Paróquia Sagrado Coração de Jesus: desenhando o patrimônio

 

Largo de Portugal (Estação Férrea)
10h às 18h Feira Femini
Mercado Central
10h às 17h Mercado das Pulgas
11h Clube do Choro
Mercosul
8h às 17h Exposição livros-objeto arquitetura lusobrasileira e prédios da Ufpel.
8h às 17h Patrimônio Cultural em Foco: Exposição da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFPel
Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo
Das 12h30 às 18h Exposição Trânsitos Excêntricos
Das 12h30 às 18h Exposição Leopoldo Gotuzzo: de 1904 1971
12h30 às 18h Distribuição de material: 10/100 imagens da arquitetura Pelotense
Museu de Ciências Naturais Carlos Ritter
14h às 18h Jogo da Memória Aves do Museu de Ciências Naturais Carlos Ritter
Museu do Saneamento
10h às 16h Museu de portas abertas. Com o encerramento da Exposição “para onde vai o meu lixo?”
Praça Coronel Pedro Osório
10h Feira de Artesanato na Rua
10h Feira de Suculentas
10h Feira de Brechós
10h Feira Brota (Vegana)
10h Representantes do Bairro Empreendedor
Pelotas Parque Tecnológico

 

09h às 12h e das 14h às 17h Visitação no Memorial Eládio Dieste
09h às 12h e das 14h às 17h CriarLab – Vamos passear pelo Patrimônio Cultural da cidade
Prefeitura Municipal
10h às 17h Exposição do “Projeto de Visibilidade do Negro no Museu da Baronesa
10h às 17h Distribuição de material: 10/100 imagens da arquitetura Pelotense
Rex Hotel
14h às 17h Visita à vista
Tablado Largo Edmar Fetter – Mercado Central
15h às 16h Tholl – Espetáculo Bate pra tua Patota
Tablado – Praça Coronel Pedro Osório
10h Anjos e Querubins
11h MC Mabeiker
14h O Gato Comeu
Tablado na Estação Férrea
14h às 14h45 DMIX Charme
14h às 16h Renascença
Theatro Sete de Abril
10h às 17h Visitação
10h às 17h Exposição Fotográfica da Trajetória da Amasete
10h às 17h Distribuição de material: 10/100 imagens da arquitetura Pelotense

 

AGENDA NESTE DOMINGO, DIA 20 DE AGOSTO

 

 

Antigo Prédio do Banco do Brasil
15h Aula Show – Cafés Limitação de convidados: 25
Associação OTROPORTO Indústria Criativa
10h15 às 12h Porto Memória: história e iconografia do Porto de Pelotas
14h às 17h Visitação guiada à Galeria de Arte OTROPORTO Connexion
Bibliotheca Pública Pelotense
14h às 17h Oficina de Arte infantojuvenil
14 às 17h Oficina de Escavação Arqueológica
9h às 12h e das 13h às 17h OLHAR: abstração e realidade
9h às 12h e das 13h às 17h Dos bicos aos guardanapos. Histórias contadas.
9h às 12h e das 13h às 17h Distribuição de material: 10/100 imagens da arquitetura Pelotense
Casa 2
10h às 17h Estilos: Mobiliário do Museu da Baronesa
10h às 17h Exposição – A paixão de contar: As saias da Mestra Griô Sirley Amaro
10h às 17h Distribuição de material: 10/100 imagens da arquitetura Pelotense
Casa 6
10h às 17h Museu Gruppelli: 25 anos de história
10h às 17h Distribuição de material: 10/100 imagens da arquitetura Pelotense
Casa 8 – Museu do Doce (UFPel)
8h30 às 12h e das 13h às 18h Visitas Guiadas ao Museu do Doce

 

13h até 18h Bordando no Museu, com o Grupo Doces Linhas
10h às 12h e das 13h às 18h Atividades de educação para o patrimônio

 

 

9h às 12hs e das 13h às 18h Casarão na Palma da Mão”: arquitetura, interpretação e interatividade
10h às 18h Um dia com a “Alegoria”
9h às 12h e das 14h às 17h Retratos de um Povo
9h às 12h e das 13h às 18h Distribuição de material: 10/100 imagens da arquitetura Pelotense
Catedral Anglicana do Redentor (Igreja Cabeluda)
12h Almoço Comemorativo pelo dia do patrimônio
Catedral Metropolitana de São Francisco de Paula
10h às 12h e das 14h às 17h30 Exposição de Educação Patrimonial
Centro de Integração do Mercosul
8h às 17h Patrimônio Cultural em Foco: Exposição da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFPel
Clube Caixeiral de Pelotas
10h às 17h Conhecendo o Clube Caixeiral de Pelotas e a Primeira Casa de Cultura do Município.
10h às 17h Distribuição de material: 10/100 imagens da arquitetura Pelotense

 

 

Espaço Cultural Santa Casa da Misericórdia de Pelotas
10h às 12h, e das 14h às 16h00. Portas Abertas: A vida da Santa Casa.
Mercado Central
12h às 19h.

.Torneio de Xadrez Rápido – Aberto e Escolar

– Dia do Patrimônio 2023

 

Mercosul
8h às 17h Exposição livros-objeto arquitetura lusobrasileira e prédios da Ufpel.
8h às 17h Patrimônio Cultural em Foco: Exposição da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFPel
Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo
Das 12h30 às 18h Exposição Trânsitos Excêntricos
Das 12h30 às 18h Exposição Leopoldo Gotuzzo: de 1904 1971
12h30 às 18h Distribuição de material: 10/100 imagens da arquitetura Pelotense
Museu de Ciências Naturais Carlos Ritter
14h às 18h Jogo da Memória Aves do Museu de Ciências Naturais Carlos Ritter
Museu do Saneamento
10h às 16h Museu de portas abertas. Com o encerramento da Exposição “para onde vai o meu lixo?”
Museu Municipal Parque da Baronesa
11h às 17h30 Arte no Parque (Holos) (feira de artesanato com atividades para crianças e gastronomia)
Prefeitura Municipal
10h às 17h Exposição do “Projeto de Visibilidade do Negro no Museu da Baronesa
10h às 17h Distribuição de material: 10/100 imagens da arquitetura Pelotense
Rex Hotel
14h às 17h Visita à vista
Tablado – Largo Edmar Fetter (Mercado Central)
14h às 18h Apresentação de Invernadas Infantis, coordenadas pela 26° Região

 

Tablado – Parque da Baronesa
14h às 14h20 Daisi Balhego
14h30 às 15h Samba de Raiz
15h10 às 15h40 Grupo Pelo Telefone
15h50 às 17h20 Rochele Rick Voz & Violão
17h30 às 18h MC Khronos
Theatro Sete de Abril
10h às 17h Visitação
10h às 17h Exposição Fotográfica da Trajetória da Amasete
10h às 17h Distribuição de material: 10/100 imagens da arquitetura Pelotense

 

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COMENTÁRIOS

Nei Lisboa retorna a Pelotas depois de quatro anos dia 16 de setembro

Em única apresentação, músico porto-alegrense faz show no Auditório Sicredi em Pelotas

 

       Nei Lisboa traz canções de “Pandora”, lançado e gravado digitalmente,  e partes da série de shows “Três”                      Foto: Divulgação/André Feltes

 

Nei Lisboa retorna aos palcos de Pelotas após quatro anos com única apresentação no sábado, 16 de setembro, às 20h, no Auditório Sicredi (avenida Dom Joaquim, 1087, bairro Centro). O músico prepara na bagagem um mix de trabalhos produzidos durante esse tempo acompanhado por uma banda de constantes parceiros de estrada.

No repertório de apresentação, estão previstas canções do EP “Pandora”, gravado e lançado digitalmente durante os anos da pandemia, até extratos da série de shows “Três”, com a qual Nei vem celebrando os aniversários de lançamento de vários álbuns marcados pela coincidência de terem sido lançados no ano “três” das décadas passadas, tal como este ano de 2023: “A vida inteira” (2013), “Relógios de sol” (2003), “Amém” (1993) e “Pra viajar no cosmos não precisa gasolina” (1983).

Sucessos de outros discos, como as músicas “Telhados de Paris”, “Pra te lembrar”, “Baladas” e “Cena beatnik”, entre outras, também serão apresentadas no palco por Nei (violões e voz), acompanhado também nos vocais por Paulinho Supekovia (guitarra), Luiz Mauro Filho (teclado) e Giovanni Berti (percuteria). Os ingressos, com valores entre R$ 80,00 e R$ 160,00, estão à venda pela plataforma Sympla.  Não haverá marcação de assentos, a ocupação se dá à vontade pela ordem de chegada. A plateia estará aberta a partir de 19h30.

 

             Carreira artística de Neil Lisboa inicia em 1979, com os espetáculos “Lado a lado” e “Deu pra ti anos 70”                            Foto: Divulgação/André Feltes

 

Trajetória desde o final dos anos 1970

O cantor, violonista e compositor mora em Porto Alegre desde os seis anos de idade, e algumas de suas músicas falam sobre o bairro Bom Fim, onde cresceu e morou por mais de vinte anos. É o irmão mais jovem de Luiz Eurico Tejera Lisbôa, primeiro desaparecido político brasileiro cujo corpo pôde ser localizado, no final dos anos 70. Já lançou onze discos, além de dois livros: uma coletânea de crônicas “É Foch!” (2007) e um romance “Um Morto Pula a Janela” (1991), este editado no Brasil e na França.

Sua carreira artística inicia em 1979, com os espetáculos “Lado a lado” e “Deu pra ti anos 70”, título de um dos filmes clássicos do cinema gaúcho. O primeiro disco, “Pra viajar no cosmos não precisa gasolina”, é uma produção independente de 1983. Ao final de 1986, Nei assina contrato com a gravadora EMI-Odeon, que resultaria em dois discos: “Carecas da Jamaica”, de 1987, pelo qual recebe o Prêmio Sharp de revelação pop/rock; e “Hein?!”, lançado em 1988.

Em 1993, depois de algumas temporadas entre Porto Alegre e Montevidéu, Nei grava ao vivo no Theatro São Pedro o disco “Amém”, com canções próprias e clássicos da música popular uruguaia, acompanhado por nove músicos de ambos os países.

Nei volta ao disco em 1998, e excursiona pelo sul do Brasil embalado pelo sucesso de “Hi-fi”, um apanhado de clássicos da música pop e do repertório folk que influenciou o seu início de carreira nos anos 70. Gravado ao vivo no Theatro São Pedro, em Porto Alegre, o CD provoca uma onda de relançamentos dos trabalhos anteriores.

As músicas de Nei participam também da trilha de vários filmes clássicos da cinematografia gaúcha, como “Deu pra ti anos 70”, “Verdes anos” e “Houve uma vez dois verões”. Em “Meu tio matou um cara”, de Jorge Furtado, um dos principais temas é a canção “Pra te lembrar”, na interpretação de Caetano Veloso, música que também faz parte do CD “Relógios de Sol”,  lançado em julho de 2003.

Nei revisita no palco o repertório de todas essas diferentes épocas, em 2010, circulando com a turnê de “Vapor da Estação” por nove cidades brasileiras.  Em dezembro de 2013, lança seu décimo álbum de canções inéditas, “A Vida Inteira”. Em junho de 2015, grava ao vivo em Porto Alegre “Telas, tramas & trapaças do novo mundo”. Nei segue em 2017 com o seu trabalho autoral na oitava edição de sua temporada de verão “NeilisPoa”, no Theatro São Pedro, em Porto Alegre.

A cidade de Pelotas será contemplada em setembro com a sua produção mais recente, sem deixar de lado toda esta história que brinda o passar dos anos com muita poesia e melodias.

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“O Mahjar é aqui: A Comunicação contra-hegemônica dos intelectuais árabe-brasileiros”

O professor de Jornalismo e autor Guilherme Curi lançou seu livro no Campus Anglo da UFPEL    

Por Leonardo Cardoso e Pedro Barcelos    

     

Trabalho aborda literatura  produzida por escritores e poetas sírio-libaneses

 

O livro “O Mahjar é aqui: A Comunicação contra-hegemônica dos intelectuais árabe-brasileiros”, do professor Guilherme Curi, do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), foi apresentado para a comunidade acadêmica da UFPEL no dia 2 de Agosto, no Campus Anglo. A obra é resultado de uma pesquisa de doutorado realizada na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob orientação do professor Mohammed ElHaji, que também assina o prefácio.

O livro aborda a trajetória da literatura árabe-brasileira, produzida por escritores e poetas sírio-libaneses que imigraram para o Brasil no final do século XIX e início do século XX. O autor analisa como esses intelectuais construíram uma identidade cultural híbrida, expressa pelo uso do hífen entre árabe e brasileiro, e como eles se posicionaram de forma crítica e contra-hegemônica diante das representações estereotipadas e estigmatizadas sobre os árabes na sociedade brasileira.

Em entrevista, o professor Guilherme Curi falou sobre a sua experiência de levar seu livro para o ambiente universitário como uma forma de agradecimento por tudo que o ensino público lhe proporcionou. “É o sentimento de estar retribuindo todo o conhecimento que a universidade pública me proporcionou. É um sentimento de gratidão, de contribuição ao enriquecimento da pesquisa na universidade pública, que é tão importante no nosso país”, disse.

Curi relevou o fato de estar atuando no contexto da educação pública e tudo aquilo que lhe proporcionou a fazer esta pesquisa, já que seu livro é fruto de uma pesquisa de doutorado, de quatro anos, na UFRJ, uma universidade pública. Considerou como uma espécie de retribuição a todos professores e professoras, mestres que fizeram parte da sua vida acadêmica. “Então, é a tudo aquilo que fez parte de mim e da minha construção estudantil até agora”, ressaltou.

No seu trabalho, o autor analisou o encontro dos diversos povos na formação do País e  quão ampla é a cultura brasileira em suas origens: “Apresentar a literatura árabe-brasileira é uma outra forma de contar a história no nosso país, é um outro olhar, a partir da perspectiva do imigrante árabe que chegou aqui no final do século XIX, que construiu esse país assim como tantos outros povos que constroem. Então, é de uma grande responsabilidade contar essa história e contribuir para o enriquecimento científico comunicacional, porque é um olhar a partir da comunicação enquanto ciência também. O hífen é colocado propositalmente em literatura ‘árabe-brasileira’, porque justamente expressa a junção, esse pertencimento à cultura brasileira que deve muito à cultura árabe, então, é nesse sentido que eu procuro contribuir com a minha obra”.

 

Guilherme Curi dedicou cinco anos para pesquisa publicada

 

A escrita de um livro é longa e demorada, como foi o caso do professor, que entre a escrita e as pesquisas levou cerca de cinco anos para a conclusão do seu trabalho. “Ao todo, eu demorei cinco anos para escrever esse livro, porque ele é fruto de uma pesquisa de doutorado, na UFRJ, na linha de pesquisa Mídia e Comunicação Socioculturais, em um curso de doutorado de Comunicação e Cultura”, relata.

O prefácio é do seu orientador, o professor doutor Mohammed ElHaji. A pesquisa também teve a colaboração do professor Muniz Sodré, que esteve tanto na sua banca de qualificação quanto na banca de apresentação final do trabalho. “Então, foi um processo longo, mas muito gratificante. Eu tive contato com muitos autores da literatura árabe-brasileira, muitos livros raros que encontrei em bibliotecas públicas também. Foi um trabalho muito minucioso de análise dos textos desses autores, tanto poéticos quanto prosaicos. Eu usei como metodologia a semiótica discursiva e também a análise do discurso crítica. Então, foi um trabalho muito rico em termos de conhecimento, de aprendizado e de descoberta também dessa literatura, que é tão importante para a nossa cultura”, descreve.

Projeto de Extensão Arte, Cultura e Informação

O evento foi realizado pelo projeto de extensão Arte, Cultura e Informação do Centro de Letras e Comunicação (CLC), coordenado pela professora Graça Nogueira, que contou a origem do projeto e a importância de trazer essas rodas de conversas para o desenvolvimento do aluno enquanto universitário: “O projeto foi pensado no período da pandemia, para que a gente, de alguma forma, atendesse à comunidade da UFPEL levando arte, cultura e informação. Então, as ações que foram desenvolvidas mês a mês tentaram trazer um pouco da arte local, da cultura local e acesso a informações que a gente considera que são importantes para a comunidade em geral. A gente já falou sobre a recuperação de menores infratores, sobre o câncer de mama, conversamos sobre a defesa do trabalhador na Justiça; vamos falar agora, esse mês sobre a violência de gênero”.

O projeto já teve a participação de artistas locais, como Caco Xavier, falando sobre o resgate dos tambores. Paulinho Martins tratou sobre a carreira dele e a importância do choro para a cidade de Pelotas, além de tocar um pouquinho de Bandolim para o público.

Graça enfatizou: “A ideia é agregar a comunidade acadêmica, mostrar que a formação acadêmica do aluno é holística, vai muito além da educação formal, da cátedra, do ensino, da pesquisa e da extensão. A gente precisa também, de arte, de cultura, para poder complementar a vida cidadã, o que a gente quer é formar alunos que tenham essa consciência crítica sobre o nosso entorno, do quanto a cidade, de repente, ela é super acadêmica, tem várias universidades, mas, ao mesmo tempo, ela é uma cidade rica em arte e cultura, então queremos fazer com que esses saberes externos à universidade adentrem e façam parte da formação acadêmica de cada aluno”.

O livro de Guilherme Curi pode ser adquirido nas livrarias Hippocampus, no Balneário Cassino  (Rio Grande) e Vanguarda (Shopping Pelotas e na rua General Neto, 392, em Rio Grande). Também pode ser baixado em pdf por este link.

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“Cine Repulsa”: cineclube de horror estreia na UFPel

Projeto criado por estudantes de cinema exibiu “Elvira: A Rainha das Trevas” em inauguração e terá a próxima sessão nesta sexta-feira, dia 11 de agosto, com “O Brinquedo Assassino”        

 Por Beatriz Gomes         

Logotipo oficial do “Cine Repulsa”     Imagem: Cine Repulsa/Divulgação

No dia 28 de julho, o “Cine Repulsa” fez sua estreia e exibiu o clássico “Elvira: A Rainha das Trevas” (1988). O evento reuniu espectadores no Cine UFPel, a sala universitária de cinema da Universidade Federal de Pelotas, e contou com um sorteio de pôster do filme logo após a sessão.

Inicialmente o cineclube fará exibições quinzenais às sextas-feiras, às 14h, no Cine UFPel, localizado na Rua Álvaro Chaves, esquina com a Rua Lôbo da Costa, no Centro de Pelotas. As sessões são gratuitas e a próxima exibição já tem data marcada, nesta sexta-feira, dia 11 de agosto. O filme exibido será “O Brinquedo Assassino”, do diretor Tom Holland (1988). 

Segundo Gabriel Prates, um dos idealizadores do projeto, a ideia surgiu durante um intervalo entre aulas num sofá da FAURB (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), onde os alunos conversavam sobre a necessidade de compor um coletivo que promovesse um interesse em comum. “Já que o curso de Cinema nos proporciona o espaço da sala de projeção, pensamos em criar um clube para fãs de horror”, diz.

Para ele, o horror é uma linguagem artística subestimada e pouco abordada dentro do meio acadêmico. O gênero, ainda controverso no âmbito cinematográfico, carrega muitos estereótipos e preconceitos por parte do público consumidor da sétima arte. Entretanto, a equipe do cineclube acredita na potência do horror como forma de expressão. “Há beleza no grotesco”, afirma.

O nome Repulsa chama atenção pela força do termo. Sobre a escolha do nome de batismo, Prates conta: “Veio da figura vilanesca que é a antagonista de Power Rangers, Rita Repulsa. Pensamos em outros que soassem interessantes, mas esse acabou ganhando pelo impacto nostálgico.”

 

Espectadores na inauguração do “Cine Repulsa” no final do mês passado

O intuito dos idealizadores é passear pelo espectro do horror e democratizar o acesso ao cinema integrando a comunidade com sessões gratuitas e diversas. A equipe pretende expandir o clube para além do espaço proporcionado pela universidade, realizando exibições em outros locais da cidade e organizando sessões noturnas a fim de contemplar o público estudante-trabalhador que não possui disponibilidade de comparecer durante as tardes dos dias de semana. Outra vontade é resgatar a cultura da ida ao cinema enquanto evento de fim de semana. Além disso, o organizador fala sobre outras expectativas: “Estamos em conversa para iniciar um programa de rádio para debater as sessões e abordar variedades relativas ao horror. Também temos ideias para uma festa de Halloween, mas nada certo ainda.”

Prates finaliza com um convite ao público: “Convidamos os leitores a acompanhar nossas atividades pelo Instagram  e se abrir às terríveis maravilhas da sétima arte. Abrace seu medo!”

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3° Festival de Inverno começa em São Lourenço do Sul com diversas atrações culturais

Programação realizada pela Associação Comercial e Industrial e Câmara de Dirigentes Lojistas (ACI/CDL) acontece na Praça Central Dedê Serpa    

Por Larissa Schneid Bueno  

 

A banda Barbarella abre a programação de shows nesta sexta-feira                           Foto: Divulgação

 

A partir desta sexta-feira, dia 4, até o dia 13 de agosto, o município de São Lourenço do Sul será movimentado pela realização da terceira edição do Festival de Inverno Lourenciano – Multifeira, promovido desde 2020 pela Associação Comercial e Industrial e Câmara de Dirigentes Lojistas (ACI/CDL).

Neste ano, o evento acontece na Praça Central Dedê Serpa e tem como tema o “desenvolvimento através da inovação”. A sua programação diversa e gratuita conta com as feiras de comércio, indústria, serviços, turismo, agronegócios e agricultura familiar, palestras, seminários, painéis, apresentações culturais de dança e de artes marciais, shows musicais, rodadas de negócio, sessões de cinema, etc.

Entre as atrações musicais confirmadas no pavilhão de shows estão as apresentações diárias de músicos locais e de cidades vizinhas mesclados entre a Banda Rosa’s, Elis e Alexandre, Guri de Uruguaiana, Banda Sul Brass, Tierre Cavalheiro, Miguel Lima e banda, grupo de pagode Me Tira Daqui e Me Leva pra Casa, Rota Luminosa, Ana Lindmann e Vinícius Krinton.

“O 3º Festival de Inverno Lourenciano unifica grandes experiências da ACI/CDL com as edições anteriores e inova ao apresentar estruturas ampliadas, com pavilhões segmentados e muitas atrações à comunidade”, enfatiza o presidente da ACI/CDL, Mahmoud Amer.

Para esta edição, a expectativa é de público recorde com foco na valorização da cultura da região, unindo a integração de forças da sociedade em prol do desenvolvimento econômico socioeconômico regional através dos setores produtivos que são responsáveis por gerar mais oportunidade de empregos e renda.

No dia 12, o público poderá acompanhar o tradicional evento Festimúsica, responsável por valorizar a cultura local e destacar composições e músicos do município, que serão contemplados com os prêmios de primeiro, segundo e terceiro lugares, divididos em troféus e certificados.

“A Multifeira abordará temas como novas tendências para o varejo, sucessão familiar, novas culturas produtivas na região, agronegócios, marketing digital, reunião de Prefeitos da Azonasul, sessão da Câmara Municipal e muito mais. Através destas ações, a ACI/CDL e seus parceiros objetivam o estímulo de hábitos educativos na sociedade”, disse Mahmoud.

A gastronomia local também fará parte da programação através feira do Festival de Peixe na Taquara, que será realizado diariamente, além do Festival de Cucas, presença de pratos típicos locais como o rievelsback, caldo lourenciano e chopp artesanal.

Ainda serão promovidos bate-papos e palestras com especialistas que irão compartilhar seus conhecimentos e sessões de cinema com oito filmes previstos no “Cine Millennium”.

“A ACI/CDL de São Lourenço do Sul convida a todos a prestigiarem o 3º Festival de Inverno Lourenciano e acompanhar as intensas atividades e atrações da Multifeira”, finaliza Mahmoud .

 

Festival de Inverno acontecerá de 4 a 13 de agosto na Praça Central Dedê Serpa      Foto: Larissa Schneid Bueno

 

Programação

Diariamente: Festival de Peixe na Taquara, Feiras de amplos segmentos, mateadas e ações diversas nos estandes

Dia 4 – sexta-feira

10h – Abertura dos pavilhões da 3ª Multifeira
19h – Show Cristiano Vieira – Pavilhão de Shows
20h30 Sessão de Cinema Cine Millennium – Filme A Origem (2010)
21h – Show Banda Barbarella – Pavilhão de Shows

Dia 5 – sábado

10h – Abertura dos pavilhões da 3ª Multifeira
 Copa Libertadores de Futebol de Mesa
14h30 – Palestra Tecnologia para Empreendedores – Arena de Eventos
15h – ChimaRock com Doctor Dog e Tom Neves – Pavilhão de Shows
17h – Bate-papo “Certezas e Incertezas do Cenário Econômico Atual” – com Patrícia Palermo – Arena de Eventos
19h30 – Abertura Oficial do 3º Festival de Inverno Lourenciano
20h15 – Show General Loko y Sus Calaveras – Pavilhão de Shows
21h – Sessão de Cinema Cine Millennium – Filme De Volta Para O Futuro (1985)
21h45 – Grupo Segue o Samba – Pavilhão de Shows

Dia 6 – domingo

10h – Abertura dos pavilhões da 3ª Multifeira
13h – Mutirão de Vacinações Secretaria de Saúde – Arena de Eventos
15h – Show Elton & Juliana – Pavilhão de Shows
17h – Apresentação G.D.F.A. Sonnenschein – Pavilhão de Shows
17h15 – Espaço Cultural DJ’s e MC’s – Pavilhão de Shows
18h30 – Show Taison e Cris – Pavilhão de Shows
20h15 – Show Banda Estrela – Pavilhão de Shows
20h30 – Sessão de Cinema Cine Millennium – Filme Indiana Jones e o Templo da Perdição (1984)

Dia 7 – segunda-feira

10h – Abertura dos pavilhões da 3ª Multifeira
15h – Palestra Sucessão Familiar Afubra – Arena de Eventos
18h – Sessão da Câmara Municipal – Arena de Eventos
19h – Show Daniel Gaitero e Grupo Parceria – Pavilhão de Shows
20h30 – Palestra Da Vivência à Formação Acadêmica para o Desenvolvimento da Agricultura Local Uniasselvi – Arena de Eventos
21h – Show Meio Bossa Nova e Rock’n’Roll – Pavilhão de Shows

Dia 8 – terça-feira

10h – Abertura dos pavilhões da 3ª Multifeira
  Jogos Olímpicos Municipais: Desfile das Delegações, Concurso Mini-Rainha e Solenidade de Abertura dos Jogos
10h30 – Palestra Anomalia das Vagens na Cultura da Soja – soluções Syngenta – Arena de Eventos
14h – Painel Ambientes de Inovação da Região Sul, com Artur Gibbon – Arena de Eventos
14h15 – Painel Innovatio Incubadora de Empresas, com Aléssio Almada – Arena de Eventos
15h – Bate-Papo sobre Inovação e Empreendedorismo – Arena de Eventos
19h – Roda de Conversa sobre a Lei Paulo Gustavo – Arena de Eventos
19h – Show Fred & Fernandinho – Pavilhão de Shows
20h30 – Sessão de Cinema Cine Millennium – Filme O Grande Truque (2006)
21h – Show Raphael Almeida – Pavilhão de Shows

Dia 9 – quarta-feira

10h – Abertura dos pavilhões da 3ª Multifeira
 Jogos Olímpicos Municipais: categorias Xadrez, Damas e Tênis de Mesa
 III Mostra Gastronômica Educação Empreendedora
10h – Reunião do Capec
16h – Holding OAB: Planejamento Patrimonial e Sucessório da Família nos Negócios – Arena de Eventos
19h45 – Show Elis e Alexandre – Pavilhão de Shows
20h – Webinar “Reforma Tributária e seus Impactos” – com Dr. Anderson Cardoso Vice-Presidente CACB e Dr. Diogo Vidor – Consultor AGV. Mediação: Giane Guerra, Jornalista de Economia do Grupo RBS – Arena de Eventos
21h – Show Banda Rosa’s – Pavilhão de Shows

Dia 10 – quinta-feira

10h – Abertura dos pavilhões da 3ª Multifeira
10h – Café com Bate-Papo Tendências da NRF Aplicadas ao Varejo – Arena de Eventos
14h – Apresentação de Artes Marciais – Pavilhão de Shows
14h – Reunião de Prefeitos da Azonasul – Arena de Eventos
17h – Palestra “Empreendedorismo: Políticas Públicas para a Desburocratização” – com Tiago Lacerda, Prefeito de Santiago-RS – Arena de Eventos
20h – Apresentação Guri de Uruguaiana.
21h – Sessão de Cinema Cine Millennium – Filme Alien – O Oitavo Passageiro (1979)

Dia 11 – sexta-feira

10h – Abertura dos pavilhões da 3ª Multifeira
14h – Audiência Pública “Perspectivas e possibilidades da produção de Oliveiras na Região” – Arena de Eventos
19h – Palestra O Poder da Autoconfiança Feminina: Os Segredos Para Aumentar a Autoestima I Como Transformar Medos em Autoconfiança – Arena de Eventos.
19h15 – Show Tierre Cavalheiro – Pavilhão de Shows
20h – Sessão de Cinema Cine Millennium – Filme Falcão Negro em Perigo (2001)
21h – Show Banda Sul Brass – Pavilhão de Shows

Dia 12 – sábado

10h – Abertura dos pavilhões da 3ª Multifeira
10h30 – SIAMA Encontro de Gestantes – Arena de Eventos
16h – Concurso de Cucas Supermercado Guanabara
19h – 8º FestiMusica – Pavilhão de Shows
20h30 – Show Miguel Lima e Banda – Pavilhão de Shows
21h – Sessão de Cinema Cine Millennium – Filme 007 Contra O Foguete Da Morte (1979)
22h – Show Me Tira Daqui Me Leva pra Casa – Pavilhão de Shows

Dia 13 – domingo

10h – Abertura dos pavilhões da 3ª Multifeira
10h30 – Arena ACI/CDL – Workshops Projeto Presença Digital Empresas Lourencianas – Arena de Eventos
18h – Show Ana Lindmann e Vinicius Krinton – Pavilhão de Shows
19h – Show Rota Luminosa – Pavilhão de Shows
20h – Sessão de Cinema Cine Millennium – Filme Missão Impossível – Efeito Fallout (2018)
20h30 – Encerramento Oficial do 3º Festival de Inverno Lourenciano

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Banda Doctor Dog faz agenda de shows e ajuda a contar história do rock

Uma cultura diferente do chimarrão e da vaneira: Há mais de 70 anos, o rock and roll está cada vez mais presente na vida dos gaúchos        

Por João Victor Fagundes e Renan Ferreira         

 

A banda camaquense Doctor Dog é um dos destaques do rock gaúcho e está com uma agenda de shows programada para as cidades de São Lourenço, Camaquã e Pelotas, a partir deste sábado, dia 5 de agosto. Seu trabalho está integrado aos passos dados pelo rock na região, acompanhando o estilo musical que contagiou o mundo.

 

Liderada por Cachorrão, a banda Doctor Dog faz apresentações  em São Lourenço, Camaquã e Pelotas   Foto: Divulgação/YouTube

 

Passado glorioso

O Rock Gaúcho teve início na década de 1950, após o estouro e ascensão do rock and roll nos Estados Unidos e a bomba que foram os Beatles na Inglaterra na década de 1960. Como um estado pioneiro em muitas frentes, o Rio Grande do Sul rapidamente teria a sua cena roqueira instalada na capital dos gaúchos, Porto Alegre.

 

A banda Bixo da Seda formou-se em 1967 na Vila do IAPI em Porto Alegre       Foto: Armênio Abascal /Acervo Particular

 

As bandas eram majoritariamente formadas por jovens que faziam shows cover de bandas internacionais, ainda sem uma identidade própria, mas isso mudou rapidamente. Já na década de 1970, com mais bandas e melhor qualidade nas apresentações, o obstáculo foi a dificuldade em divulgar seu trabalho e ganhar notoriedade com suas canções autorais.

 

Os Brasas  foi a versão gaúcha da Jovem Guarda nos anos 1960                  Foto: Hirano / Agência RBS

 

O rock gaúcho então caminhou a passos lentos para o reconhecimento. Só em meados dos anos 1980, houve a tão esperada explosão do “gaúrock”. Com a criação do espaço do rock na rádio Ipanema FM, o gênero encontrou espaço para crescer e se multiplicar, a fim de incentivar a criação de inúmeras novas bandas na capital gaúcha.

Ainda em meados dos anos 1980, a data de 11 de setembro de 1985 é considerada o dia histórico do rock gaúcho. Pela primeira vez, no Festival de Rock Unificado, as bandas porto-alegrenses foram a atração principal no ginásio Gigantinho, palco de tantas estrelas do rock mundial.

 

Garotos da Rua fez sucesso com a música “Tô de Saco Cheio”, um clássico do rock gaúcho       Foto: Site Underground Brasil

 

Já na era da música sertaneja, adentrando os anos 1990 e 2000, o rock no Rio Grande do Sul perdeu força assim como em todo País. As rádios estavam mais interessadas na nova sensação do momento, que era o estilo que viria por dominar a indústria musical até os dias de hoje.

Mesmo assim, a galera do rock seguiu fazendo seu trabalho, e o Rio Grande seguiu revelando suas bandas, sejam elas de alcance nacional, regional ou até na garagem de casa, o importante é juntar os amigos e fazer aquele som que todo mundo gosta.

Doctor Dog e seu surgimento no cenário gaúcho

A banda Doctor Dog teve seu início em meados dos anos 2000 quando Rodrigo (Cachorrão), vocalista, que ainda concluía o ensino médio, convidou seus amigos para formar uma banda para a apresentação em um festival chamado “Família de Artes” na cidade de Camaquã. O grupo recém-formado recebeu uma avaliação positiva por parte do público presente no festival, fazendo com que os integrantes iniciassem os ensaios de suas músicas e covers aos finais de semana. A partir daí, a banda receberia diversos convites para apresentar-se em eventos e festa de amigos na cidade de Camaquã.

Virada de chave

Segundo Cachorrão, na necessidade de compor músicas que expressassem seus sentimentos, o single “Eu e Beatriz” acabou sendo uma virada de chave para a banda por volta de 2004, quando a música se tornou uma das mais pedidas na rádio FM local e até hoje é figurinha carimbada nos shows da banda Doctor Dog. Além disso, no mesmo ano, ocorreu o concurso “Chance”, promovido pela RBS TV e Diário Gaúcho, que envolveu bandas de todo o Estado e teve sua apresentação final no Bar Opinião, famosa casa de shows da capital gaúcha. Surpreendentemente, a Doctor Dog sagrou-se campeã do evento, assim, ganhando uma enorme notoriedade no cenário do rock regional.

 

 

Projeção a nível estadual e nacional

Em 2008 a banda recebeu o convite para participar do programa em forma de reality show “Guaraná Antártica Sound” apresentado por Toni Garrido, vocalista da banda Cidade Negra. O programa tinha como objetivo revelar novos talentos do rock que estariam espalhados pelo Brasil e era transmitido pela emissora Rede TV em horário nobre, aos domingos à noite. Com suas músicas autorais, a banda Doctor Dog foi vencedora da etapa seletiva regional e representante do Estado na grande final do reality em São Paulo, quando figurou entre as dez finalistas do programa que contava com mais de 11 mil bandas inscritas do País inteiro. Cachorrão destaca que a experiência de passar uma semana em São Paulo em contato direto com outras bandas foi muito importante para o crescimento da Doctor Dog.

 

Show em São Lourenço do Sul, cidade em que a banda volta a tocar neste sábado            Foto: Instagram da banda

 

Doctor Dog nos dias de hoje

A partir daí, a banda recebeu diversos convites para realizar suas apresentações em casas de shows muito relevantes no cenário gaúcho, onde jamais imaginariam que o rock os levaria, como, por exemplo, a Hard Rock Café, em Gramado, o Bar Opinião, em Porto Alegre, e o Johnnie Jack, em Pelotas. Além disso, começaram a surgir convites para abrir os shows de bandas renomadas em âmbito nacional, como a Rosa Tattooada, Acústicos e Valvulados, Nenhum de Nós e TNT.

Atualmente, a banda tem agenda cheia aos finais de semana e além dos shows, seus videoclipes são transmitidos no Music Box Brasil e Canal Bis, referências em clipes nacionais. Além disso, o single “Colégio das Freiras” já soma mais de 12 mil visualizações em seu canal no Youtube, sendo o mais assistido na banda na plataforma.

 

 

Ao ser questionado sobre como o rock faz parte de sua vida, o vocalista Cachorrão ressalta: “É como um vício, não consigo largar, e nem tenho vontade, pois o rock já está em meu DNA”. E acrescenta: “Já foi cogitado o final da banda, mas apenas quando não tivermos condições físicas iremos parar”.

A banda estará presente na cidade de Pelotas no dia 18 de agosto no bar Johnnie Jack  (rua Santos Dumont, 590), sendo assim, uma ótima oportunidade para prestigiar o rock gaúcho em sua mais pura essência.

Agenda de shows da Doctor Dog nos próximos finais de semana:

05 de agosto  –  Evento “ChimaRock” em São Lourenço do Sul, na programação do 3º Festival de Inverno.

12 de agosto – Pódio Sports Bar em Camaquã.

18 de agosto  – Johnnie Jack em Pelotas.

Contatos com a banda podem ser feitos pelo telefone (51) 98476-1818 e  pelo Instagram.

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Jornalista e professor da UFPel lança livro reportagem sobre Caminho do Peabiru

Obra será lançada na próxima quarta-feira no Campus Anglo da Universidade Federal de Pelotas     

Por Stéfane Costa     

 

 

“Há milhares de anos um sistema de estradas ligou as civilizações do litoral Norte do Peru até o berço da cultura Inca, no Lago Titicaca, através da Cordilheira dos Andes”. Assim começa a descrição oficial de uma jornada que o jornalista e professor Carlos Dominguez iniciou há cerca de cinco anos. Na obra “Peabiru – Do Atlântico ao Pacifico, pelo mítico caminho sagrado”, o autor se vê de frente com um dos maiores registros históricos da atualidade.

O Caminho do Peabiru coleciona uma série de sinalizações e gravuras que serviam de orientação para os viajantes que por ali passavam. Foi próximo a um desses caminhos que Dominguez tomou conhecimento sobre a rota. “A ideia dessa reportagem surgiu mais ou menos cinco anos atrás quando eu estava concluindo uma outra reportagem lá por Santa Catarina, na Ilha do Campeche, onde havia diversas gravuras rupestres e um dos guias que estava lá comigo disse que aquelas imagens faziam parte, segundo relatos de chefes guaranis que tinham estado lá, que aquelas imagens demarcavam um caminho que ia daquele litoral catarinense até o Peru e isso já era uma tradição na cultura Guarani, eles chamavam de Caminho do Peabiru”, conta o autor.

Curioso pelo potencial histórico e social carregado pelo trajeto, ele logo se pôs a pesquisar e mergulhar a fundo em cada detalhe da rota. “Era um tema que eu nunca tinha escutado, nunca tinha ouvido falar e achei muito interessante. Comecei a buscar bibliografias, depois pessoas que pudessem falar sobre o assunto e aí eu fui estruturando com uma investigação ainda sem saber que tipo de conteúdo resultaria disso”, detalha.

 

Livro foi lançado pela editora portuguesa In-Finita      Foto: Fábio Pelinson

 

Foi após mais de um ano de pesquisa que a ideia de documentar tudo em um livro surgiu. Ao tomar conhecimento sobre os fatos que marcam o caminho, o autor sentiu a necessidade de contar suas descobertas. “É uma história fantástica, uma história sobre a nossa história, sobre a nossa história que não é contada, sobre a que ainda não está nos livros didáticos do Brasil”, ressalta. Dominguez conta que o processo de pesquisa seguiu até seu pós-doutorado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). “Quando eu percebi eu já tinha muito conteúdo e comecei a escrever em formato de grande reportagem”, fala.

Ele relata que pensou em divulgar a história no seu site PONGA Reportagens de Profundidade, no qual compartilha reportagens sobre temas atuais e relevantes. No entanto, a história de Peabiru ultrapassava até mesmo o digital. “Eu vi que aquela reportagem não ia caber em um site e aquela história estava pedindo para ser contada em um livro”, diz. E assim foi feito.

A obra foi publicada pela editora portuguesa In-Finita e ganhou um lançamento de peso em Portugal, na Feira do Livro de Lisboa. Na próxima quarta-feira (dia 2 de agosto) será a vez da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), instituição na qual o jornalista leciona, receber o evento de lançamento. Com direito a sessão de autógrafos e apresentação musical, o auditório da reitoria do Campus Anglo sediará a programação especial para divulgação da obra.

É possível adquirir o livro entrando em contato diretamente com o autor através do email cadredominguez@gmail.com.

 

Carlos Dominguez em evento na Feira do Livro de Lisboa        Foto: Fábio Pelinson

 

Sobre o livro:

Há milhares de anos um sistema de estradas ligou as civilizações do litoral Norte do Peru até o berço da cultura Inca, o Lago Titicaca, através da cordilheira dos Andes.

A expansão de seu território foi erguendo vias de pedra em quatro direções até às terras baixas, na Bolívia, Norte da Argentina e do Chile, Paraguai, e o litoral do Brasil. O centro do continente era dominado pelos guaranis. Hoje, o legado milenar de interações, trocas, festas sagradas e migrações, sintetizado pelas vias do antigo caminho, permanece vivo nas culturas dos povos originários que ainda vivem na rota sagrada do sol e das estrelas.

Foram cinco anos de pesquisas, entrevistas, viagens, investigações, inspirações, imersões, além do contato em um mergulho jornalístico nas entranhas do continente, no ambiente, na natureza, nos povos, nos costumes, nas tradições dos verdadeiros donos da terra confrontados com a barbárie de 500 anos de colonização, genocídios, roubos e domínio estrangeiro.

Esta é a história das pessoas que vivem e estudam o caminho. Em muitos tempos.

Conheça as mais variadas expressões do imaginário ameríndio nas paisagens do Caminho do Peabiru. Por meio desta reportagem em profundidade, que mescla a investigação científica com a narrativa de uma epopeia secular, desde o ancestral mundo andino até a chegada dos primeiros europeus ao litoral sul do Brasil.

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“Barbie”: A vida em plástico não é fantástica no mundo real

Considerado um dos filmes mais aguardados do ano, “Barbie” chegou aos cinemas para mostrar que a visão em cor-de-rosa vai muito além do ideal de faz de conta que ele traz consigo       

Por Sarah Oliveira       

                  “Barbie: O Filme” nos mostra como vivem as Barbies e os Kens no seu mundo, a “Barbielândia”                   Foto: Warner Bros. Discovery/Mattel/Divulgação)

 

ALERTA: Esta resenha pode conter spoilers do filme.

Regado a muitos tons de rosa e uma estética retrô, “Barbie: O Filme”, dirigido por Greta Gerwig, estreou no dia 20 de julho. Porém, desde muito antes da sua estreia, o longa já era ansiosamente esperado por milhões de pessoas ao redor do mundo. Com uma premissa mantida em segredo até mesmo em seus trailers – o que gerou uma curiosidade ainda maior nos seus futuros espectadores -, o filme conta a história de Barbie (Margot Robbie), uma boneca para quem todos os dias são perfeitos. Os melhores momentos de sua vida são ao lado de seu amigo Ken (Ryan Gosling), das suas outras amigas Barbies e de seus outros amigos Kens. Todos eles vivem na “Barbielândia”, um mundo onde as mulheres (Barbies) lideram tudo e os homens (Kens) apenas… vivem nele. Entretanto, tudo começa a desandar quando a nossa Barbie protagonista começa a ter pensamentos sobre a morte, o seu dia perfeito se torna a cada segundo menos perfeito e – o mais assustador de tudo – os seus calcanhares agora estão no chão e não mais suspensos no ar para encaixarem perfeitamente em seus saltos altos.

Deste momento em diante, a boneca parte em uma jornada para descobrir o que está por trás de tudo o que está acontecendo com ela nos últimos dias. Mas, para desvendar esse mistério, ela precisa ir para o mundo real. E é o que ela faz – com Ken ao seu lado, mesmo ele não devendo estar ali.

 

Barbie e Ken rumo ao mundo real       Foto: Warner Bros. Discovery/Mattel/Divulgação

 

Apesar de parecer uma história simples e até mesmo inocente, Greta Gerwig nos leva em uma narrativa onde a complexidade é a chave-mestra para que a sua mensagem seja entendida por completo. Sendo um dos maiores traços de seus filmes, o teor crítico-social e feminino de Gerwig também se faz presente em “Barbie”, porém de uma forma em que o espectador precisa realmente prestar atenção no que está sendo mostrado, pois não é somente o que está em cena que é a mensagem a ser passada e compreendida, mas também as informações, entonações e apontamentos contidos por traz dela e também em suas entrelinhas. Ao contrário do que estamos acostumados a ver no cinema, quando o diretor(a) pega o espectador pela mão e aponta com o dedo cada crítica que o seu trabalho está se propondo a trazer, da maneira mais fácil e óbvia possível, em “Barbie”, temos o oposto disso. A diretora coloca na tela a sua crítica de forma satírica, em que a verdadeira mensagem não é aquilo que está sendo dito, mas sim o seu aposto. Há momentos que Gerwig utiliza o bom e velho método já estabelecido, porém, o seu foco de compreensão está para além do estabelecido – ele está junto a quem está assistindo.

Definitivamente, “Barbie” é um longa que aposta na capacidade intelectual e de compreensão de seu espectador. Ele conta que a pessoa que o está assistindo também utilize dos próprios pensamentos, ideias e achismos para que a sua ideia principal seja atingida. Apesar de ser algo inovador, ousado e feito justamente para estreitar os laços com a pessoa do outro lado da tela, também é algo extremamente perigoso – basta ver as reações e comentários divergentes de homens e mulheres que assistiram ao filme. Diversas mulheres e homens compreenderam que a ‘Barbielândia’ é uma analogia ao nosso mundo “real” – esse em que nós humanos vivemos – onde os papéis sociais estão invertidos e é justamente com essa inversão que podemos perceber o quanto a nossa sociedade é desproporcional e desigual. Enquanto isso, outros homens (em sua maioria) e mulheres concluíram que o filme é apenas mais uma comprovação da narrativa – errônea – de que o feminismo é um ideal “anti-homem”, ou seja, é uma apologia a ideia de que homens devem ser calados, silenciados e diminuídos para que as mulheres sejam as novas dominadoras e controladoras do mundo. Essa realidade parece familiar, não? Pelo menos para nós, mulheres, é.

A mensagem de ‘Barbie’ é clara: uma comunidade, uma sociedade ou um mundo apenas será melhor, mais próspero e mais evoluído, em todos os seus aspectos, quando houver igualdade e equidade entre todos que vivem nele. Senão, tudo o que temos e todos os lugares que vivemos, estarão sempre à beira do colapso e do regresso.

 

                                      “Barbielândia”: um mundo onde as Barbies são tudo e os Kens são… apenas Kens                                     Foto: Warner Bros. Discovery/Mattel/Divulgação

Outra questão promovida pelo filme e que usa a Barbie e o Ken como exemplo é a diferença entre ser uma mulher e ser um homem. A masculinidade ou ser um Ken, no nosso mundo é exaltada, celebrada e incentivada, já na “Barbielândia”, ela é apenas ordinária, comum, sem relevância. Enquanto isso, a feminilidade ou ser uma Barbie nesse mesmo mundo é algo altamente celebrado, importante e com significado. Contudo, no mundo real, ela é apenas uma mulher e, como todas as outras meninas, jovens, adultas e idosas, ela é mais um alvo da misoginia, do machismo e do sexismo que regem e estão impregnados na nossa organização social.

Para muitas pessoas, esse e outros pontos abordados podem ser questões a serem pensadas, problematizadas e processadas dentro de si, pois talvez ainda não sejam diretamente e efetivamente afetadas por elas ou porque, até o momento, não chegaram ao ponto da vida onde elas passam a fazer parte do seu cotidiano. Agora, para aqueles – no caso, aquelas – que já vivenciaram e lidam com esses fatos e fatores, não há nada de impactante ver esse tipo de tratamento hostil que a Barbie sofre ao chegar no nosso mundo, pelo menos não a um nível de que tal situação seja um choque de realidade arrasador e questionador, como é para uma boa parte do público. Pelo contrário, elas apenas reconhecem a sua realidade através da boneca e isso leva a espectadora a dois caminhos diferentes: o de achar que o filme realmente opera com base na realidade, devido à simplicidade da sua abordagem do tema, ou o de achar que esse é mais um filme que propaga uma ideia de feminismo básico, com pouca profundidade ou recortes – tanto em comparação com as outras obras de Gerwig e de outras diretoras, quanto ao mundo real que Barbie está descobrindo e que também não é verdadeiramente preciso com a nossa realidade, mas essa é uma outra discussão.

Para além da história e de todas as suas nuances, “Barbie” é um colírio para os olhos tecnicamente falando. Estando o cinema em sua era de produções regadas a efeitos especiais e detalhes retocados por designers em seus megacomputadores e softwares avançados de computação gráfica, o filme de Robbie e Gerwig voltou às origens da indústria cinematográfica e utilizou de grandes construções e efeitos práticos para criar e tornar o mundo rosa da boneca o mais verossímil possível. Um exemplo disso é a construção da própria “Barbielândia” nos estúdios da Warner Bros. Discovery, onde todas as casas, carros, prédios, monumentos e fundos foram pintados à mão e montados para passar a sensação de que os atores estavam mesmo em um mundo real de plástico.

Outro fator admirável na produção são os figurinos, criados pela ganhadora do Oscar Jacqueline Durran. Com peças criados do zero e sob medida para os atores do filme, os looks da Barbie principal também contam com peças vindas direto dos arquivos da grife francesa Chanel, que, além de emprestar diversas roupas e acessórios de suas icônicas coleções dos anos 90, também fabricou vários modelos para que Robbie usasse em cena como a boneca. Feitos a partir da parceria entre Duran e Virginie Viard, a diretora criativa da marca, os figurinos reforçam maravilhosamente bem a identidade visual vintage escolhida por Gerwig para o filme.

 

             Todos os sets de “Barbie” foram construídos nos seus detalhes, estando menos dependentes da computação gráfica      Foto: Warner Bros. Discovery/Chanel/Mattel

 

As atuações de seus protagonistas também são outro ponto altamente positivo de “Barbie”. Margot Robbie definitivamente consegue parecer uma versão em tamanho real da boneca com emoções e reações humanas, sem perder a sua aura de brinquedo, especialmente quando ela saiu de seu mundo perfeito e vai de encontro com a realidade disfuncional e grosseira do novo lugar a ser explorado. Margot nos entrega em uma interpretação sensível e tocante que nos faz torcer por ela a cada novo passo que ela dá em direção à sua jornada de descobrimento. É através dela também que vemos como a vida feminina é uma rota em que há momentos de pura prosperidade e felicidade, que vem seguidos de acontecimentos negativos e angustiantes, mas que sempre prevalecem no final. Afinal, sem saber as alegrias do que é ser mulher, não teríamos escolhido lutar por um lugar melhor para nós, nossas semelhantes e nossos companheiros do sexo oposto.

Já Ryan Gosling traz uma nova perspectiva de quem é o Ken por meio de uma performance divertida e precisa ao demonstrar todas as fases que o boneco passa durante o filme. Partindo de alguém completamente devotado à Barbie, passa pelo momento em que descobre o que é ser homem em um mundo feito para pessoas com a sua aparência. Seu grande clímax é ao assumir uma persona de masculinidade tóxica e recreativa. Até chegar ao seu final, aceitando ser apenas o Ken e descobrindo quem é ele sem a Barbie. Gosling definitivamente entrega a sua atuação mais versátil em relação a tudo que fez anteriormente – mesmo sendo altamente irritante em certos momentos, mas culpamos o patriarcado, ou ‘Kendom’, por isso.

 

                    Os Kens durante o seu ápice de revolução: o surgimento do Kendom, o patriarcado versão Ken             Foto:Warner Bros. Discovery/Mattel/Divulgação

No fim da história, “Barbie” é uma produção surpreendente. Seu conceito, construção e narrativa não são nada do que já tenha sido teorizado desde o dia em que o seu lançamento foi anunciado, desde que os seus trailers foram divulgados e – muito menos – desde o momento em que o filme começa a rolar na sala do cinema.

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