Gravado em Rio Grande, com equipe majoritariamente gaúcha, o filme curta-metragem transforma paisagem afetiva em cinema
Por Martha Cristina Melo

Cartaz oficial de divulgação do curta-metragem para 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes
Dirigido pelo rio-grandino Gianluca Cozza, o curta-metragem Cassino foi indicado à categoria “ficção” do Prêmio Grande Otelo, uma das maiores premiações do cinema nacional. Produzido no Balneário Cassino, localizado no município gaúcho de Rio Grande, a obra marca uma conquista artística para a região, além de um avanço simbólico para as produções de fora dos polos hegemônicos.
A cerimônia do Prêmio Grande Otelo será realizada no Rio de Janeiro no dia 30 de julho, na Cidade das Artes. Sua 24ª edição tem como tema o destaque que o cinema brasileiro vem tendo no exterior. É uma promoção da Academia Brasileira de Cinema, que contou com 345 inscrições entre longas-metragens, curtas e séries, um número recorde nesses 24 anos. Todos os títulos registrados podem ser conferidos no site da Academia Brasileira de Cinema.
Votado por profissionais das mais diversas áreas do setor, o Prêmio Grande Otelo vem passando por atualizações desde que foi criado, sempre acompanhando as mudanças do mercado audiovisual. Desde a última edição, a cerimônia conta com 30 prêmios no total, sendo 29 produções escolhidas pelo amplo júri formado por profissionais associados à Academia Brasileira de Cinema, e o disputado Grande Otelo de Melhor Filme pelo Júri Popular, escolhido pelo público por meio de votação aberta realizada no site da Academia.
A produção de Cassino
O curta que, segundo Gianluca, envolveu aproximadamente 30 profissionais e voluntários em sua produção — entre eles, familiares, amigos próximos e vizinhos do diretor —, também contou com o apoio do Núcleo de Produção Audiovisual OfCine/IFRS, que contribuiu com o empréstimo de equipamentos e viabilizou a produção com orçamento reduzido.
Nascido da ideia de um plano (trecho de um filme), o cenário escolhido para dar vida ao curta não foi por acaso. As locações envolveram a região em que Gianluca cresceu, mais precisamente na quadra em que viveu durante grande parte da vida. Os cenários incluem sua própria residência, assim como o Colégio Peixoto Primo, localizado ao lado da casa do cineasta. “Imagino que para decupar [organizar o roteiro em cenas] um filme, é preciso entender o lugar que está sendo filmado”, afirmou o diretor.
Com roteiro assinado por André Berzagui, Eleonora Loner e o próprio Gianluca Cozza, Cassino é uma produção Saturno Filmes, e acompanha três amigos que, durante o inverno, passam a invadir casas de veranistas temporariamente desocupadas. Entre conversas sobre amor, cotidianos e desejos, o curta propõe uma reflexão subjetiva sobre os motivos que os levam a agir dessa forma. O filme teve sua estreia na 27º Mostra de Cinema de Tiradentes, passou pelo 52º Festival de Cinema de Gramado e, agora, se prepara para disputar o Grande Otelo, cuja 24ª edição acontece no dia 30 de julho, no Rio de Janeiro.
OfCine e a manutenção da cultura audiovisual em Rio Grande
Ao falar sobre a proposta pedagógica do OfCine — projeto no qual o diretor Gianluca participou enquanto um dos fundadores e realizador dos primeiros encontros, ele destacou que as oficinas de cinema surgem como uma grande ferramenta de conhecimento em um meio que, além de pouco acessível, é elitizado. “Tem muito conhecimento que você só adquire na prática. Existe muito no ‘fazer artístico’ que não existe um manual que explique, e as oficinas são uma proposta de realização e prática”, afirmou. Para ele, além de um contexto que reúne pessoas com interesses em comum, os encontros também fazem parte da construção de uma cultura cinematográfica mais presente na cidade de Rio Grande.
Cassino já está disponível no Porta Curtas, Cozza site de exibição de curtas-metragens nacionais. A produção planeja disponibilizá-lo futuramente no YouTube.
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