“Som da Liberdade” repercute mundialmente com polêmica envolvendo teorias conspiratórias            

Sucesso de bilheteria no Brasil em outubro, filme acumulou a marca de R$ 30 milhões na terceira semana de estreia nacional         

                                            Por Gabriel Medeiros     

 

Ator Jim Caviezel interpreta protagonista Tim Ballard e vem sendo acusado de integrar movimento de extrema direita   Fotos: Divulgação

 

Alerta: Esta resenha contém alguns spoilers sobre a trama do filme

O filme “Som da Liberdade” (“Sound of Freedom”), dirigido por Alejandro Gómez Monteverde, ainda gera discussão e debates em diversos lugares ao redor do mundo, sobretudo no Brasil. Baseado em uma história real, o longa trata de um assunto pouco comentado nas mídias: a exploração sexual e o tráfico internacional de crianças e adolescentes. Por se tratar de um assunto polêmico e extremamente sensível, o filme se tornou alvo de diversas críticas associadas aos atores do filme, assim como o seu tema sensível, principalmente nos Estados Unidos.

O ator Jim Caviezel interpreta o personagem protagonista Tim Ballard, um ex-agente federal dos Estados Unidos, que dedicou toda a sua carreira profissional para prender centenas de pedófilos nos EUA. À medida que o filme passa, torna-se perceptível como o trabalho está sendo desgastante para Tim, que já não se encontra mais satisfeito apenas prendendo os criminosos. A trama se desenrola quando Tim prende o que parecia ser apenas mais um pedófilo, em um flagrante pelo compartilhamento de vídeos e imagens pornográficas de crianças e adolescentes. Nesse momento, Tim presencia vídeos e fotos das crianças em situações de exploração sexual e passa a ser consumido pelo desejo de resgatar todas os jovens totalmente vulneráveis nessa situação.

 

Personagem principal  propõe-se a resgatar crianças e adolescentes vulneráveis pelos abusos e exploração sexual

 

Polêmica

Em uma cena comovente, Tim pede ao seu chefe para lhe ceder recursos financeiros para realizar a operação de encontrar os traficantes e pedófilos e achar todas as crianças sequestradas. Depois disso, o filme se desenrola em um ritmo contínuo, com o protagonista utilizando de todos os métodos para encontrar as crianças, o que também gerou questionamentos do público e dos críticos, pois o protagonista, em algumas sequências longas, teve que se disfarçar como pedófilo para encontrar a localização exata dos pequenos.       

Com o foco em trazer à tona o que acontece na vida real, a obra alerta os telespectadores, sobretudo pais ou responsáveis pelas crianças e adolescentes, sobre a existência e a periculosidade do tráfico internacional de crianças e adolescentes, assim como a exploração sexual, ambas intrinsecamente ligadas uma à outra.

Apesar do tema ser de grande relevância mundial, uma vez que a exploração sexual de crianças acontece diariamente nos quatros cantos do mundo, a obra foi pouco divulgada pela mídia no início de seu lançamento, no dia 4 de julho, feriado da Independência, nos Estados Unidos. Mesmo com a pouca divulgação, não demorou para estar entre os primeiros colocados de bilheteria na semana nos EUA e posteriormente no mundo.

O sucesso é atribuído às polêmicas envolvendo o ator Jim Caviezel que vem sendo acusado por críticos e internautas de fazer parte do movimento americano QAnon. De acordo com os integrantes do movimento, políticos americanos e mundiais pedófilos e satanistas, em busca de uma fórmula do rejuvenescimento, teriam travado uma “guerra secreta” contra Trump e seus apoiadores, durante o mandato do ex-presidente estadunidense. Esses criminosos supostamente ocupariam cargos no alto escalão do governo em vários países, inclusive Estados Unidos, além de exercerem cargos de comando em empresas e na imprensa. Para alimentar ainda mais os rumores, usuários da internet descobriram que a estrela do filme, Jim Caviezel, realmente participou de uma conferência temática do QAnon, em 2021. Sem falar nos registros, na imprensa, de depoimentos do ator citando o movimento conspiratório.

Tendo em conta os boatos em alta sobre a relação do movimento Qanon com o filme e a sua temática sensível, a mídia americana não teve outra opção a não ser comentar sobre a obra. Foram tecidas críticas ao ator, diretor e roteiro do filme, associando-os ao estereótipo de um filme cristão, conservador e de extrema-direita. Entretanto, o próprio diretor do filme, Alejandro Gómez, veio a público manifestar-se sobre as taxações que a mídia americana estava levantando sobre o longa, alegando que o seu filme nada tem a ver com política ou teorias conspiracionistas.

Para Alejandro, o que está em jogo em seu filme, é justamente a questão do tráfico internacional de crianças juntamente com a exploração sexual, ao qual, o diretor mexicano objetivou por alertar toda a população mundial sobre o assunto, através do filme.

Em meio a diversas taxações, críticas, teorias conspiracionistas, a obra de Alejandro, iniciada no ano de 2015, estourou nas diversas plataformas de mídias sociais, com diversas pessoas falando sobre a história do longa e suas polêmicas inflamadas, gerando repercussão mundial para um assunto pouco comentado entre os membros de uma sociedade: a exploração sexual e o tráfico internacional de crianças e adolescentes. Nesse aspecto, a obra torna-se relevante pela sua coragem de jogar luz sobre um assunto, que muitas vezes é ignorado entre os líderes mundiais e seus governos, abrindo diversas possibilidades para que a sociedade em geral cobre seus líderes por políticas públicas e mudanças necessárias para proteger a sua população do crime de tráfico internacional e exploração sexual de menores.

Em tais circunstâncias, o longa-metragem, apesar das polêmicas, cumpre com o papel de alertar e conscientizar a população, principalmente pais ou responsáveis, sobre a exploração sexual infantil, demonstrando a triste realidade vivida por milhares de crianças e adolescentes que já sofreram ou sofrem diariamente com esses crimes que vão contra o direito da liberdade de todo o ser humano.

 

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