Dança promove inclusão social na cidade de Herval

Aluno Vicente, de 4 anos, em apresentação no projeto que estimula expressão artística       Foto: Divulgação

Por Luana de Almeida Medeiros

Em meio a um contexto de discriminação e exclusão de pessoas com deficiência e/ou portadoras de necessidades especiais, também há espaço para aqueles que acreditam na transformação da realidade dessas pessoas através de ações e projetos que promovam a inclusão social. Um exemplo disso é o projeto de dança desenvolvido no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) do município de Herval – RS, em parceria com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), que visa a inserção dos alunos com deficiência na sociedade por meio da arte.

Para entender melhor como funciona esse projeto, é importante conhecer um pouco sobre a história da idealizadora que está por trás desse trabalho, assim como a contextualização e o surgimento desta proposta.

Amor pela arte

A professora responsável pelo projeto, Ivonete Pereira, tem uma longa história com a arte. Em busca de uma vida melhor, sua mãe deixou a cidade de Herval e foi atrás de novas oportunidades para a sua família. Foi quando decidiu morar no município de Rio Grande. Nessa época, Ivonete ainda era uma criança e, em sua nova escola, vivenciou o primeiro contato com o mundo da arte. Lá, ela teve a oportunidade de aprender um pouco sobre dança, canto e teatro e foi, nesse momento, que descobriu sua aptidão para as artes.

Ao longo dos anos, ela percebeu que gostaria de retribuir, de alguma forma, as oportunidades que havia tido em sua vida, então decidiu que iria dividir seu conhecimento com crianças e adolescentes carentes, e mostrar que é possível transformar vidas através da arte.

No início de sua carreira, como professora de dança, estruturou o seu primeiro grupo artístico com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, na cidade de Herval. Os recursos para manter o grupo eram escassos na época, mas com a ajuda e as doações da comunidade, o projeto se manteve durante muito tempo. Em 2007, foi convidada para participar do Programa Escola Aberta, no qual se manteve por sete anos. Em seguida, foi chamada para dar aulas de dança na Casa das Oficinas – Projeto CTRL-A (Inclusão e Arte), mantida pela Prefeitura de Herval. Em ambos, ela teve a oportunidade de se qualificar por meio de alguns cursos profissionalizantes oferecidos pelas próprias entidades.

Atualmente, continua atuando no CRAS (antiga Casa das Oficinas), onde desenvolve alguns projetos em parceria com a escola municipal Padre Libório Poersch, com o Lar do Idoso e com a APAE, além de seu projeto voluntário desenvolvido nas escolas do interior. Vale ressaltar que, esses 20 anos de dedicação à arte e às causas sociais renderam para Ivonete duas menções honrosas, a primeira na Câmara Municipal de Herval e a segunda no prêmio Preta G, em Pelotas, pelo seu trabalho de ativismo social.

“Eu queria ter mais condições de ajudar as crianças do que prêmios na parede. Resgatar e incluir essas crianças na sociedade é o meu propósito”

Professora Ivonete Pereira; diretora da Apae Neura Silva; diretora da escola municipal Ernesto Che Guevara, Brígida da Silva e o aluno Vicente Soares

Inclusão Social

O projeto de inclusão social com as crianças e adolescentes da APAE é desenvolvido há mais de cinco anos. Os ensaios são realizados todas as quintas-feiras, das 9h às 11h, no prédio do CRAS e, também, no prédio da APAE. Para obter um melhor resultado, os ensaios são realizados individualmente, respeitando as particularidades e as limitações de cada aluno.

Segundo a professora de dança, o maior objetivo deste projeto é despertar nos alunos as mais variadas sensações, emoções e sentimentos que se possa experimentar através da arte, de forma a aumentar a autoestima desses alunos e promover a integração social.

A diretora da APAE, Neura Lúcia Silva, destaca a importância desse projeto para dar visibilidade às crianças e adolescentes que participam desse trabalho, de modo a despertar a empatia daqueles que não têm muito conhecimento sobre o assunto e motivar o aumento da participação das famílias envolvidas. De acordo com a diretora, “cada um tem um potencial a ser desenvolvido” e o objetivo deste projeto é “fazer a integração dessas crianças e adolescentes na sociedade, como um todo”.

A mãe do aluno Vicente Maciel, de 4 anos, Leane Soares, viu no projeto a oportunidade de seu filho desenvolver, da melhor forma possível, os seus aspectos físicos, cognitivos e emocionais. “Ele melhorou bastante a fala, desenvolveu a dança, a criatividade e convive mais com outras crianças”.

Em dezembro deste ano, o aluno Vicente participará de um concurso de dança na cidade de Bagé, juntamente com a professora responsável pelo projeto. Os alunos também vão ter a oportunidade de divulgar o trabalho desenvolvido em um festival de arte promovido pelas APAEs. A data ainda não foi divulgada.

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