A dor da colônia Maciel em três atos

Incêndio destruiu boa parte do Museu Etnográfico

Vernihu Oswaldo Pereira Neto

     Pelotas é uma terra cheia de histórias, lar de diversos povos que foram se juntando para fazer aquela que hoje é chamada de Princesa do Sul. No centro os casarões, ladrilhos e pedras. No entorno a beleza rural das colônias, a simplicidade que enche os olhos a cultura europeia que é vista em cada olho azul, em cada sorriso, em cada fio de cabelo loiro, perdidos no meio dos pampas gaúchos. A história dessas colônias é guardada e contada de geração para geração e organizada em museus. Por isso, a dor tomou conta da Colônia Maciel quando ao acordar viram o telhado de seu museu caído e muitas das peças destruídas.

Em conjunto, a Prefeitura de Pelotas, a direção do Museu Etnográfico da Colônia Maciel e a UFPEL abriram no casarão 6, na Praça Coronel Pedro Osório, no Centro de Pelotas, uma exposição sobre o museu. Inaugurada no dia 28 de setembro, a mostra se estenderá até 2 de abril de 2018. 

Organizada em três atos, rememora ao livro “A Divina Comédia” de Dante Alighieri. No primeiro ato da exposição está uma sala com iluminação fraca, onde encontramos o “inferno” as peças destruídas e perdidas, que não passarão por processo de restauro por terem sido muito danificadas. No ato seguinte o purgatório, onde encontramos das ferramentas utilizadas no restauro e peças que ainda passarão pelo processo de restauro. E por fim, no ambiente mais iluminado do museu vemos as peças já restauradas estamos por fim no céu.

Apenas uma peça permaneceu intacta ao desastre. Por coincidência ou não, a peça sobrevivente foi a imagem da padroeira da colônia Maciel.

A exposição conta com apoio dos estudantes do curso de história da UFPEL que ficam de plantão no museu e com os alunos do curso de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis que são os responsáveis pelo restauro das peças.

Enquanto as peças seguem sendo restauradas, a história vai acontecendo lentamente, na velocidade que as estradas de terra permitem. Na velocidade das águas que cruzam toda a colônia e das lágrimas daqueles que viram uma parte de sua história ser destruída. E a santa padroeira, intacta no desastre, segue protegendo a colônia Maciel. Ali! No fim do Brasil, ao sul da linha do Equador, no meio dos velhos pampas gaúchos, onde o velho e o novo continente se encontram, onde a vida é simples, o tempo passa devagar e as águas emolduram vidas.

Visite o site do Museu Etnográfico da Colônia Maciel.

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