Ricardo Leite
Em 2004, o então ministro da Cultura do governo Lula, Gilberto Gil, propôs um conceito novo de dispersão e produção de cultura, os Pontos de Cultura. A proposta, no entanto, foi incompreendida por grande parte da sociedade. Mais ainda, alguns chegaram a tratar com zombaria a ideia do ministro.
Em 2016, um grupo do Cassino, balneário de Rio Grande, pensou em unir mídias sociais, a ideia do ponto de cultura e conceitos como economia solidária. Um dos criadores do projeto, Angelina Oliveira, explica que a proposta é de criação de um irradiador de produção cultural para o sul do Rio Grande do Sul. O objetivo é “repensar a forma de se relacionar com a produção da cultura”. Ao elucidar como funciona a Maloca Casa Colaborativa e sua nova estrutura da produção cultural, Angelina destaca: “Para nós é bem importante poder falar sobre o projeto para poder descentralizar as informações”.
Tudo começou em julho de 2016 em Porto Alegre, quando no Fórum Internacional de Software Livre foi divulgado o conceito de casa colaborativa. Um local com o objetivo de realizar projetos conjuntos de artistas de diversas manifestações culturais, facilitar a produção, tanto cedendo um espaço físico quanto um local de interação, e também um ponto de encontro diretamente com a sociedade civil.
Para Angelina a importância dos pontos de cultura e de espaços como a Maloca é de facilitador para os trabalhos de artistas locais e criar alternativas, pensadas coletivamente, de economia criativa para a produção cultural.
Organização horizontal e empoderamento
A utilização das mídias sociais também é um processo presente, e uma das bases da Maloca, tendo como um dos quatro organizadores do projeto Daniel Ilha, um desenvolvedor de software que colabora com a área de mídias sociais da Casa. O grupo divulga seus eventos no Facebook, principalmente. Os outros colaboradores são Melissa Velasques (atriz) e Gabriel Martins (tatuador).
A ideia central, indicada nas conversas e também na apresentação que o grupo faz em sua presença digital, é a de organização horizontal e empoderamento da produção cultural, ou seja, tornar a produção da cultura uma lógica da própria sociedade civil, e dos artistas de diversas vertentes. A busca é de realização conjunta de diversos projetos, facilitando a divulgação, espaço físico, financiamento e participação colaborativa.
Une diversos conceitos novos e uma moderna ideia de participação direta da sociedade nos processos de produção. Essas ações já vêm sendo realizadas em outros países e no Brasil, com especial menção a Porto Alegre, onde uma rede de pontos de cultura é reconhecidamente importante, como lembra Angelina.
A Maloca Casa Colaborativa busca organizar em um local a produção cultural do Cassino e da região sul do estado. Servindo como local de organização entre artistas, mas também de espaço no qual exposições, oficinas, brechó e debates podem ser realizados.
Eventos
Projetos contínuos da Maloca incluem a Biblioteca Regina Aquino, formada por livros e periódicos vindos de doações, o acervo de discos de vinil que podem ser ouvidos na sala da Casa e um espaço de resgate da memória cultural de Rio Grande.
Além de outros eventos permanentes, dos sazonais e daqueles pensados junto aos artistas da região. É possível conferir os eventos organizados pela Maloca Casa Colaborativa em seu site e no Facebook.
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