Guitarra e fado em Coimbra

Reportagem de Gabriela Schander –

Localizado na Torre de Anto, o museu revive a memória ativa da tradição coimbrense em Portugal – 

  

      A cidade de Pelotas é fortemente influenciada pela cultura portuguesa e, para quem for a Portugal, nada melhor do que conhecer um pouco mais das nossas raízes culturais. Entre construções ainda preservadas que remetem ao século XII, ruas estreitas e paisagens exuberantes, a cidade de Coimbra, localizada na região central de Portugal, é berço de uma das expressões culturais mais fortes em terras lusófonas: o fado coimbrense.

Guitarra utilizada pelo mestre Carlos Paredes

       Situado na Torre de Anto, na Sé Velha de Coimbra, o museu Núcleo da Guitarra e do Fado de Coimbra está integrado ao programa do Museu Municipal de Coimbra, o qual tem o objetivo de promover o conhecimento e divulgação da cultura local de forma gratuita. Ali, os quatro pisos, idealizados por cantores, instrumentistas, compositores e violeiros, contam a tradição do estilo desde os primórdios até a atualidade.

       O museu conta com interações multimídia, as quais os visitantes podem acessar informações sobre artistas e músicas, além da possibilidade de assistir entrevistas e ouvir alguns fados que estão disponíveis. Além disso, o museu possui artigos raros para apreciação, como a guitarra de Carlos Paredes e a letra manuscrita de uma canção de Zeca Afonso, dois dos maiores expoentes do fado de Coimbra.

       A entrada é gratuita e além de conhecer um pouco mais sobre a história do estilo e apreciar os instrumentos, ainda proporciona ao visitante uma vista privilegiada da cidade de Coimbra.

 O fado de Coimbra: canções de protesto

     Oriundo do fado de Lisboa, o fado coimbrense, datado seu início no século XIX, é resultado da junção de diversas culturas locais das diferentes regiões do país. Com raízes populares e, quase que, em sua totalidade, ligadas ao meio acadêmico, o estilo era ensinado de geração à geração como uma tradição familiar. As primeiras escolas de fado surgem apenas em 1978.

     Os anos 20 podem ser considerados a época da “geração de Oiro” para o fado coimbrense. Isso se deu pelo fato de haver uma renovação e transformação dos temas, a forma de cantar, tocar e entoar os cantos pelas ruas da cidade.

     Após, os anos seguintes, até a década de 50, foram considerados decadentes para o estilo. A depressão econômica e a Segunda Guerra Mundial contribuíram para o declínio da produção artística. Somente então, a partir de 1950, surge a segunda “geração de Oiro”, com artistas revigorados e com novas perspectivas para o estilo musical.

     Já em 1970, o fado ganha uma nova característica: passa a ser usado como canções de intervenção e protesto no meio acadêmico. Os cantos eram entoados como forma de resistência e contestação, passando, portanto, a carregar um forte viés de aliado à luta política e social.

     Atualmente, o fado mantém sua tradição ligada à Academia, mas também ocupa outros espaços e correntes estéticas, já em formato contemporâneo. Na baixa Coimbra, é fácil encontrar locais que fazem serenatas diárias com o estilo.

     A tradição se mantém e o fado coimbrense é uma memória cultural ativa. Depois disso, que tal ouvir um fado de Coimbra?

 

Núcleo da Guitarra e do Fado de Coimbra

Localização: Rua de Sobre Ribas (Torre de Anto), Coimbra, Portugal

Horário de funcionamento: terça a sábado 10h-13h/14h-18h

Entrada: gratuita

Site do museu.

Locais para assistir espetáculos de fado em Coimbra

À Capella (diariamente às 21h30)

Fado ao Centro (diariamente às 18h)

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