Debate sobre feminismo

Texto de Alexia Ribeiro e Manoela Duarte –

Crítica – Livros

Chimamanda Adiche trata do feminismo a partir das suas próprias experiências

“O problema da questão de gênero é que ela prescreve como devemos ser, em vez de reconhecer como somos. Seríamos bem mais felizes, mais livres para sermos quem realmente somos, se não tivéssemos o peso das expectativas do gênero”.

 

     Simples. Rápido. Direto. Eficaz. “Sejamos todos feministas”, da autora nigeriana Chimamanda Ngozi Adiche, explora a questão de gênero exatamente desta forma. Com exemplos pessoais e de experiências próximas à autora, o livro explica questões básicas sobre gênero e é um bom ingresso ao assunto.

     Publicado no Brasil em 2015 pela Companhia das Letras e disponível gratuitamente em formato digital no site da Amazon,  a obra é a adaptação de uma palestra de Chimamanda para o TEDxEuston realizada cinco anos atrás. Atualmente, o vídeo original, disponibilizado no Youtube pelo canal do Tedx Talks  tem mais de três milhões e setecentas mil visualizações e, além de ser publicado como livro, faz parte da música Flawles, da cantora americana Beyoncé.

     Em sua segunda participação no Ted, Chimamanda aborda o feminismo começando pelo que definiu como um “diálogo necessário” – mesmo acreditando que pudesse ser um assunto não muito popular. E isto é o que vemos em seu texto. Questões sociais, culturais e econômicas são tratadas por ela e exemplificadas de maneira a deixar claras as várias formas de tratar as diferenças entre os gêneros.

     Com artefatos muitas vezes sarcásticos, o tema é explorado de diferentes maneiras e em diferentes cenários – que percorrem da criação de meninas e meninos, da escolha e do acolhimento no trabalho à problematização de fracas justificativas feitas socialmente para manutenção de uma cultura que oprime e limita o sexo feminino.

     Sem uma linguagem rebuscada demais, Chimamanda quer ser ouvida por diversos públicos e pelos diferentes gêneros. O desenvolvimento do livro não é uma narrativa ficcional nem nos exemplos trazidos. É lúcido e de fácil inserção no cotidiano de quem quer que esteja lendo. Nem por isto é superficial. Em poucas páginas e com simplicidade, temos bases suficientes para o início de uma reflexão e de um debate sobre o feminismo – do que ele trata e porque ele é fundamental para a construção da sociedade que precisamos.

     Temos na obra uma lembrança do que perdemos com a desigualdade política, social e econômica entre os sexos e um pedido para que sejamos todos feministas.

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