Reportagem de Ronaldo Quadrado Gomes –
A Companhia de Teatro Caboclos da Cidade, em parceria com o grupo musical Adelante, vem apresentando a peça teatral itinerante “Olha o santo!”. A produção foi pensada para que o teatro chegasse à periferia, podendo ser um elo entre a história da cidade e seus moradores. O enredo conta a trajetória de duas irmãs africanas, Mimosa e Xoróca, que vieram como escravas para o Brasil. O contexto é o período de opulência econômica da cidade de Pelotas, quando a escravidão era legalmente aceita. As personagens são parentes das tias Minas, senhoras escravas que, privadas de entrar no Mercado Público Municipal, vendiam seus quitutes no entorno do prédio. Elas falam também de seu desejo de encontrar alguém pra casar.
Seus quitutes são os famosos doces de Pelotas, mas, ao contrário do que se diz, elas esclarecem que a grande maioria são receitas de origem africana e não portuguesas. O quindim, por exemplo, além de ser uma receita para adoçar o paladar, era feito também em homenagem ao Orixá Ogum. Em todas as apresentações, o roteiro abre uma “janela” para contar, também, um pouco da história do bairro em que está sendo realizada.
A companhia já passou pelos bairros Balsa, Getúlio Vargas, Barro Duro e Dunas. Segundo o diretor, que é doutorando da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Hélcio Fernandes, a produção vem trazendo uma série de impactos positivos nas comunidades por qual passou: “Além de poder levar o teatro para mais pessoas, nos alegra em estar contribuindo para que um pouco da história esquecida da cidade possa ser contada”, afirma Hélcio.
Toda a pesquisa foi elaborada pelo diretor e pelo elenco, que conta com Juliane Grinberg (Mimosa) e Francine Mohammed (Xoróca). O grupo musical Adelante é formado por Luan Borba, Vítor Moreira e Toko Ciocca. O grupo ensaia duas vezes por semana e está se preparando para participar do Festival de Teatro de Rua, que terá apresentações dia 24 de outubro no Mercado Público de Pelotas, a partir das 15h.
O Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Procultura) é quem financia o projeto, que foi selecionado, por edital público, entre cem outros e ficou entre os 15 contemplados.
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Comentários:
Parabéns, conterrâneos!
Sou pelotense e moro há muitos anos em São Paulo (SP). Tudo o que eu não aprendi na escola, sobre o passado de nossa cidade, vou descobrindo agora, com o resultado de excelentes pesquisas e trabalhos como o de vocês.
Muito sucesso!
Maria Inês Carniato
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