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Letícia Conter – Gato Malhado & Andorinha Sinhá

Ano passado ouvi comentários sobre esse texto e adaptações dele para teatro, mas foi só durante a quarentena que parei para ler pela primeira vez. É uma história de Jorge Amado, que ele mesmo descreve como “uma história de amor”.
Uma das grandes dificuldades que tive foi em resumir a história em apenas uma página, pois a original tem setenta, e cada detalhe deixa a narrativa ainda mais bonita. Todos os personagens são animais ou elementos da natureza. Vento, Manhã, Tempo são personificados e tem uma história própria. Infelizmente os resumi em duas frases.
O amor de Gato Malhado e Andorinha Sinhá metaforicamente acompanha as estações do ano. Na primavera acontece o desabrochar, depois há um envolvimento maior no calor do verão, até que no outono começam os primeiros dias cinzas, até o fim, na chegada do inverno, triste e sombrio.
Por isso optei por narrar a história utilizando pequenos vídeos que simulassem as estações. Todos foram gravados aqui em casa, ao longo de dois dias, em momentos diferentes, com participação especial da minha gata Emília e de um pássaro de bom coração que parou na minha janela. Na realidade, recebi o apoio de vários pássaros: durante todo o tempo em que gravei a narração eles não pararam de cantar, o que resultou em um efeito muito interessante que parecia proposital.
Senti que não devia alterar o desenrolar da história, por isso, mudei apenas o final. Jorge Amado finalizava o texto com a morte do Gato Malhado, quando este vai se encontrar com a Cobra Cascavel. Ao invés disso, deixei mais abertura para que os dois pudessem estar vivos e felizes, adicionando o sumiço da Andorinha e a impossibilidade do Vento de contar essa parta da história. Aí vai do ponto de vista de quem assiste.