Rinotraqueíte Infecciosa e Meningoencefalite

Os herpesvírus bovinos tipo 1 (BoHV-1) e tipo 5 (BoHV-5) são importantes patógenos de bovinos, associados a várias manifestações clínicas. A infecção pelo BoHV-1 pode causar rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR), abortos, vulvovaginite pustular infecciosa (IPV), balanopostite (IPB), conjuntivite e doença sistêmica do recém-nascido. A infecção pelo BoHV-5 é responsável por surtos de meningoencefalite.

O BoHV-1 e o BoHV-5 estão classificados na família Herpesviridae, subfamília Alphaherpesvirinae, gênero Varicellovirus. Animais infectados, mesmo aqueles com infecção inaparente, tornam-se portadores para o resto da vida, pois ambos os vírus podem estabelecer infecção latente nos gânglios dos nervos sensoriais que pode ser reativada periodicamente. A reativação está, geralmente, associada a fatores de estresse como transporte, parto, desmame ou confinamento e pelo tratamento sistêmico com corticosteróides. Ocorre com ou sem sinais clínicos e há liberação de partículas virais infecciosas. A presença de um bovino portador do vírus é uma fonte de infecção na propriedade. Em rebanhos infectados usualmente ocorrem surtos esporádicos, que causam prejuízos econômicos pela perda de peso, ocorrência de abortos, infertilidade temporária e queda na produção de leite. Os casos de meningoencefalite são responsáveis por um alto índice de letalidade.

As principais portas de entrada do vírus são as superfícies mucosas do trato respiratório e genital. A transmissão é geralmente associada ao contato íntimo com estas superfícies, mas BoHV-1 e BoHV-5 são, também, propagados por aerossóis e secreções corpóreas.

Quando em ciclo replicativo produtivo, o agente causa sintomatologia clínica que reflete em:

  • IBR: Febre, depressão, anorexia, dificuldade respiratória, forçando a respiração pela boca e apresentando salivação abundante, por isso, tosse e descargas nasais serosas que podem se tornar mucoporulentas com a progressão da enfermidade e a ocorrência de infecções bacterianas secundárias, além de redução na produção de leite de animais em lactação e falhas reprodutivas em fêmeas, causando morte e reabsorção do embrião nos primeiros meses de gestação e abortos do quinto ao oitavo mês.
  • IPV/IPB: A Vulvovaginite Pustular (IPV), ocorre em fêmeas, vulva hiperêmica, edemaciada e na maioria dos casos com formação de úlceras recobertas por material fibrinoso de coloração branco-amarelada. Os animais apresentam dor ao urinar e frequentemente cauda erguida e flexionada lateralmente, na tentativa de evitar o contato com as lesões. A Balonopostite Pustular (IPB), em machos infectados as lesões ocorrem na mucosa do pênis/prepúcio, como já descrito para as fêmeas, sendo que em casos agudos o animal se recusa a montar, frequentemente exteriorizam o pênis e apresentam corrimento prepucial, podendo ocorrer hemorragias na mucosa peniana em casos graves.
  • Meningoencefalite: depressão, andar cambaleante, bruxismo, protusão da língua, salivação, flexionamento do pescoço, cegueira, pressionamento da cabeça contra anteparos, ataxia, decúbitos e convulsões, sendo que estes sinais se manifestam em crises, intensificando-se gradativamente. O curso clínico dura poucas horas a vários dias, e culmina com decúbito, convulsões e morte.

Em caso de suspeita do agente, deve-se realizar coleta de sangue dos animais em questão (de 5-8 ml) em tubos de coleta sem composto anticoagulante, identificados de acordo com o número/nome do animal, e encaminhar ao laboratório em caixa térmica, com gelo reciclável, para conservação do material. O diagnóstico sorológico dos herpesvírus é realizado através da técnica de soroneutralização (SN) que detecta o título de anticorpos contra o agente em questão, no soro animal.

Durante infecções agudas, ocorre a realização de diagnóstico por isolamento viral, para detecção de antígenos em amostras clínicas, assim, o material encaminhado ao laboratório deve ser: suabes nasais e oculares, vaginais, de prepúcio ou coletadas das áreas com lesões evidentes em tecidos (traqueia, pulmões) e fetos inteiros ou tecidos de fetos abortados (pulmões, fígado e rins). As amostras devem ser remetidas ao laboratório em caixa térmica, com gelo reciclável, para conservação do material.

Autoria: Nadálin Yandra Botton e Cristina Mendes Petter