Diarreia viral bovina

A diarreia viral bovina (BVD), doença causada pelo vírus da diarreia viral bovina (1 e 2) e vírus HoBi-like, gera perdas econômicas significativas para a bovinocultura, as quais estão associadas aos problemas respiratórios, gastroentéricos, e principalmente, reprodutivos. O vírus está amplamente distribuído no rebanho bovino brasileiro.

A transmissão ocorre principalmente por contato direto pela inalação/ingestão de partículas virais ou pela via sexual; e também indireto através do contato com secreções/excreções, materiais contaminados (transmissão iatrogênica) e sêmen contaminado/inseminação artificial. A transmissão vertical é uma consequência frequente da infecção de fêmeas prenhes, e dependendo do período gestacional (40 a 120 dias de gestação) que ocorre pode acarretar no nascimento de animais persistentemente infectados (PI). A prevalência desses animais é de 0,5 a 2% em um rebanho com BVDV, e se constituem nos principais mantenedores e disseminadores do vírus.

De maneira geral, a infecção de machos e fêmeas não prenhes é subclínica ou com sinais brandos nos casos de alguns isolados de maior virulência, podendo provocar um período febril curto, acompanhado de sialorreia, descarga nasal, tosse e diarreia, com recuperação clínica em torno de três semanas. É descrito que 70 a 90% dessas infecções ocorrem sem manifestação de sinais clínicos. Cepas altamente virulentas podem provocar sinais mais severos, como trombocitopenia, úlceras e hemorragia intensa, caracterizando uma forma distinta de BVD, denominada de BVD aguda hemorrágica ou síndrome hemorrágica; contudo, corresponde a minoria das infecções.

A suspeita de infecção pelo BVDV ocorre em propriedades que apresentam principalmente problemas reprodutivos, tais como, perdas embrionárias, abortos, malformações fetais, nascimento de animais fracos ou morte perinatal. Além disso, casos de doença entérica e/ou respiratória com componentes hemorrágicos, erosões e ulcerações no trato digestivo também são sugestivos de infecção. As manifestações clínicas podem surgir em animais de qualquer idade, mas os bovinos jovens são os principais afetados.

A detecção direta do agente, caracterizando uma infecção transitória ou persistente pode ocorrer pelo método de ensaio imunoenzimático (ELISA) e RT-PCR (reação em cadeia da polimerase), a partir do soro, sangue ou tecidos. Métodos de diagnóstico indireto (a partir do soro do animal) são utilizados com frequência para o monitoramento do rebanho, uma vez que a identificação de soropositividade de um animal indica apenas exposição prévia ao agente, seja pelo contato com um vírus de campo, cepa vacinal ou imunidade materna/passiva. Animais infectados de forma aguda geralmente soroconvertem de 10 a 14 dias após a infecção inicial, assim, a sorologia pareada pode confirmar a infecção. Em propriedades que aderem a vacinação, métodos para a detecção de anticorpos anti-BVD, como ELISA e soroneutralização (SN), podem ser importantes para identificação inicial de animais PI, que geralmente são soronegativos.

Autoria: Francielle Liz Monteiro