Vegetarianismo: motivações, dúvidas e dificuldades

Por: Estevan Garcia

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), no ano de 2012, 8% da população brasileira – aproximadamente 15,2 milhões de pessoas – se declarava vegetariana, em seus mais variados níveis. Pressupõe-se que do ano da pesquisa para cá o número de adeptos do regime alimentar tenha aumentado. No entanto, o assunto – que não é novidade na sociedade – ainda gera estranheza e dúvidas entre boa parte da população. Essas interrogações, infelizmente, acabam refletindo no mercado alimentício de muitas cidades brasileiras.

Sobre as possíveis motivações

As motivações para se deixar de comer carne são inúmeras. Uma delas é que, segundo dados do site da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), são abatidos 10 mil animais terrestres por minuto no Brasil para a produção de carnes. Entre os animais os campeões nesse ranking macabro, estão os frangos, bois e porcos, animais com complexa capacidade cognitiva e que sentem dor, sofrimento e alegria – tanto quanto nossos cães e gatos. O setor pecuário, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), é o maior responsável pela erosão de solos e contaminação de aquíferos do mundo. O desmatamento e os gases do efeito estufa também ficam por conta do setor pecuário: a maior parte do desmatamento da Amazônia e 14,5% das emissões de gases do efeito estufa oriundos de atividade humana estão ligadas diretamente ao setor. Quanto aos estragos sociais, também são preocupantes: em um mundo onde muitas pessoas passam fome, são utilizados de 2 a 10 kg de proteína de origem vegetal para produção de 1 kg de proteína de origem animal. Além disso, o maior consumo de alimentos de origem vegetal e a restrição de produtos de origem animal, ainda segundo a SVB, têm efeitos positivos na saúde do ser humano.

Sobre as classificações do vegetarianismo

Cabe aqui esclarecer alguns pontos. O vegetarianismo é dividido em quatro classificações:

1) Ovolactovegetarianismo: pessoas que em seu regime alimentar excluem todos os tipos de carne, mas consomem ovos, leite e laticínios;

2) Lactovegetarianismo: pessoas que em seu regime alimentar excluem todos os tipos de carne, mas consomem leite e laticínios;

3) Ovovegetarianismo: pessoas que em seu regime alimentar excluem todos os tipos de carne, mas consomem ovos;

4) Vegetarianismo estrito: pessoas que em seu regime alimentar não fazem uso de nenhum produto de origem animal.

Muitas vezes, os vegetarianos estritos são chamados de veganos. Porém, a filosofia do veganismo vai além disso: consiste em não consumir qualquer produto que gere sofrimento e/ou exploração animal. Os veganos não se atêm apenas à alimentação: se preocupam, por exemplo, em não consumir produtos de fábricas as quais utilizam da exploração de animais em testes de laboratório, com o uso de roupas que não tenham alguma origem animal, entre outros.

Sobre as fontes de proteínas

Outro ponto importante de ser esclarecido é sobre as possíveis fontes de proteína. Afinal, quem é vegetariano com certeza já ouviu o comum questionamento: “E de onde você tira as proteínas?”. Os alimentos de origem animal – principalmente a carne – são sim ricas fonte de proteínas. No entanto, não são, nem de perto, as únicas. Em entrevista para o site de notícias UOL, a nutricionista especialista em alimentação vegetariana Ana Ceregatti fez uma lista de onze alimentos de origem vegetal ricos em proteínas:

1) Pistache: 20,9 gramas de proteína a cada 100 gramas do alimento;

2) Amêndoas: 21 gramas de proteína a cada 100 gramas do alimento;

3) Castanha de caju:15,3 gramas de proteína a cada 100 gramas do alimento;

4) Quinua: 14 gramas de proteína a cada 100 gramas do alimento;

5) Aveia crua em flocos: 13,0 gramas de proteína a cada 100 gramas do alimento;

6) Lentilha: 9 gramas de proteína a cada 100 gramas do alimento;

7) Grão-de-bico: 8,8 gramas de proteína a cada 100 gramas do alimento;

8) Tofu: 8,2 gramas de proteína a cada 100 gramas do alimento;

9) Feijão fradinho (ou feijão de corda): 8,2 gramas de proteína a cada 100 gramas do alimento;

10) Feijão carioca: 4,8 gramas de proteína a cada 100 gramas do alimento;

11) Feijão preto: 4,5 gramas de proteína a cada 100 gramas do alimento.

Vale salientar que esses não são os únicos.

Sobre a adequação do mercado alimentício nas cidades

Embora o número dos adeptos ao regime alimentar na sociedade brasileira seja considerável, o mercado alimentício de muitas cidades, no geral, ainda deixa a desejar para este nicho de clientes. Anahí Silveira, 22 anos, estudante de jornalismo, se tornou ovolactovegetariana há três anos e há pouco mais de um ano aboliu do seu dia a dia qualquer produto de origem animal. Segundo ela, no último ano, principalmente, na cidade de Pelotas, as opções de mercado aumentaram consideravelmente: “é bem raro chegar a um lugar e perguntar se há algo vegano pra comer e ninguém saber te responder. Da mesma forma, estabelecimentos que antes não ofereciam opções, hoje moldaram seus cardápios ou até mesmo, se ainda não é feito, aceitam sugestões abertamente – até porque é mais um nicho de mercado que se abre”, afirma. No entanto, aponta que existe outro lado: “percebo que sair à noite pra comer é meio que um dilema por aqui. Não tem pizzarias, restaurantes ou muitas lancherias – com serviço que tu possas comer no local – oferecendo essas opções. Tem público pra esse nicho de mercado, mas não tem engajamento dos estabelecimentos, na minha opinião”.

Gengiscan Pereira, 19 anos, estudante de teatro, é ovolactovegetariano há mais de um ano. Segundo ele, não há uma grande variedade de opções de locais para comer na cidade. O estudante aponta outra dificuldade: “Os preços é que são o problema. Geralmente esse tipo de lugar acaba sendo mais caro do que lugares mais comuns”.

Além disso, conta que é muito difícil encontrar opções vegetarianas em restaurantes não especializados no ramo: “Encontro uma dificuldade gigante, quando saio com família ou amigos, de encontrar algo que eu coma”, conta.

Pensando nisso, listamos aqui algumas das opções de serviços especializados no assunto da cidade de Pelotas.

Libre

Endereço: praça coronel pedroosório, 61- a.

Telefone: (53) 3222-4205

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Teia ecológica

Endereço: Praça Coronel Pedro Osório

Facebook.

Eco

Endereço: Rua Gonçalves Chaves, nº 708.

Telefone: (53) 3028 1500

La cósmica

Endereço: Rua Santa Cruz, 1114.

Telefone: (53) 3025-1642

Facebook.

Duendes mágicos (delivery)

Facebook/deliciasdosduendes

Telefone: (53) 8458-0608

 

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