UMA COMUNIDADE DE CONHECIMENTO

Seminário Escola Sem Machismo expôs a dificuldade de se construir uma educação sem opressões de gênero.

Por Mariana Hallal e Marina Amaral

Essa foi uma das frases que marcaram a manhã do dia 26, no Auditório da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O Núcleo de Gênero e Diversidade (NUGEN) e a Assembleia Legislativa do RS promoveram o seminário “Escola sem machismo”, após diversos casos envolvendo atitudes machistas nas instituições de ensino em todo o Estado. Esse evento contou com a participação da deputada estadual Manuela d’Ávila (PCdoB), que propôs uma audiência pública, em parceria com a Procuradoria Especial da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, com o tema “Os direitos das mulheres e o combate ao machismo nas instituições de ensino”.

A deputada, que já havia visitado a Faculdade em fevereiro deste ano, palestrou ao lado de Rejane Jardim, Cristina Rosa e Luciana Custódio. Manuela começou a conversa com vídeos que mostram estudos feitos com crianças com menos de dez anos e como o machismo nos acompanha desde a infância (ao ser pedido para meninos e meninas representarem diversas profissões por meio de desenhos, a maioria é representada por homens). Rejane Jardim, professora de História na Universidade, afirmou que as mulheres sofrem por serem mulheres, e citou o caso da professora Cláudia Hartleben, desaparecida desde abril de 2015. Cristina Rosa, criadora de um projeto que tem como objetivo contar histórias infantis com protagonistas femininas para meninas, levou diversos livros e mostrou que há 37 anos existem livros com histórias femininas. Luciana Custódio, presidente do Conselho Municipal da Mulher, explicou como é difícil falar de feminismo na periferia, um lugar onde, para uma mulher estar em posição de poder, ela precisa se relacionar com os donos das bocas de fumo.

Manuela estava acompanhada da filha, Laura. Ela acredita que a maternidade não deve ser um obstáculo aos desejos profissionais da mulher. Também afirmou que um dos maiores empecilhos ao ingresso da mulher no mercado de trabalho é a lida doméstica. “São poucas as mulheres que têm alguém para dividir as tarefas do lar”, pontua.

A vereadora Fernanda Miranda também contribuiu com o evento.

A ausência de debate acerca de questões de gênero nas escolas e o programa Escola Sem Partido também foram alguns dos alvos das críticas das palestrantes. A presidente do Conselho Municipal da Mulher, Luciana, ressaltou a importância de não apenas estudar sobre alguns assuntos – como é o caso do feminismo e o machismo presente no âmbito escolar –, mas também se importar com eles.

A audiência pública proposta pela deputada Manuela d’Ávila e as palestras que estão acontecendo, foram motivadas pelas situações machistas que foram denunciadas por mulheres nas instituições de ensino de todo o Estado. Entre elas, o constrangimento sofrido por estudantes das duas maiores universidades do Rio Grande do Sul que levaram suas filhas para as salas de aula, e os assédios e abusos praticados por professores de diferentes níveis escolares que foram denunciados em um grupo nas redes sociais.

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