Sérvia bate a Espanha na final e conquista a primeira edição da ATP Cup
Por Luís Artur Janes Silva
No último domingo (12), a Sérvia bateu a Espanha e conquistou o título da primeira edição da ATP Cup, competição organizada pela Associação dos Tenistas Profissionais, que pretende ser o contraponto ao novo formato de disputa da fase final da tradicional Copa Davis, que está na jurisdição da Federação Internacional de Tênis (ITF na sigla em inglês).
Denominada por muitos amantes do esporte das raquetes como a Copa do Mundo do Tênis, a ATP Cup foi realizada na Austrália, entre os dias 2 e 12 de janeiro de 2020. Com grande participação da torcida, relembrando os bons tempos da Davis, os organizadores do novo torneio permitiram o contato direto dos técnicos com os jogadores que atuavam nas quadras. Esta proximidade de torcedores e orientadores deu um charme especial à ATP Cup.
Composta por vinte e quatro seleções, a primeira fase da ATP Cup teve seis grupos, formados por quatro times. Os campeões de cada chave e mais os dois melhores segundos colocados garantiram passagem às quartas de final da competição. As cidades australianas de Perth, Brisbane e Sydney sediaram os confrontos da fase inicial. Mas, a partir das quartas de final, apenas Sydney abrigou os participantes da ATP Cup. Dentro dos grupos da primeira fase, os países disputavam três jogos entre si (dois de simples e um de duplas) e quem vencesse duas partidas ficava com o ponto do confronto.
Argentina, Uruguai, Chile, Estados Unidos, Canadá, África do Sul, Austrália, Japão, Espanha, Grã-Bretanha, Noruega, Rússia, Moldávia, Geórgia, Polônia, Bulgária, Sérvia, Croácia, Grécia, Áustria, Itália, França, Bélgica e Alemanha foram os participantes da ATP Cup. Dentre os ausentes, destaque para os suíços, que teriam uma equipe fortíssima, com Roger Federer e Stan Wawrinka, que optou por não disputar o campeonato, abrindo vaga aos noruegueses.
Enquanto isso, a Alemanha e a Grécia foram as grandes decepções da ATP Cup. Mesmo contando com Alexander Zverev (número sete do mundo) e Stefanos Tsitsipas (número seis), respectivamente, ainda assim, alemães e gregos ficaram nas últimas posições do Grupo F, que também teve a anfitriã Austrália e o bom time do Canadá. Em que pese terem disputado a chave mais equilibrada do torneio, os germânicos sucumbiram à má fase de Zverev, que se notabilizou apenas na discussão que teve com seu pai e técnico. Além disso, os alemães chegaram a perder dois jogos de duplas, mesmo atuando com os especialistas Kevin Krawietz e Andreas Mies.
Pior que a Alemanha, a Grécia do ótimo Tsitsipas conquistou apenas uma vitória em nove jogos, fazendo a mesma campanha de Uruguai e Moldávia, e constituindo o trio de países com resultados mais fracos da competição. Tsitsipas também deu vexame ao quebrar uma raquete e atingir de raspão o braço de seu pai e treinador, em atitude lamentável.
As quartas de final da ATP Cup foram compostas por Sérvia (que teve Novak Djokovic), Espanha (que contou com Rafael Nadal), Austrália (que teve Nick Kyrgios e Alex de Minaur), Grã-Bretanha, Canadá (de Félix-Auger Aliassime e Denis Shapovalov), Rússia (de Daniil Medvedev e Karen Khachanov), Bélgica e Argentina. Os sérvios, os espanhóis, os russos e os australianos vinham de vitórias em todos os confrontos da fase inicial. Além disso, a Espanha e a Austrália triunfaram nas nove partidas que disputaram nesta fase. Mas, mesmo chegando às quartas de final sem derrotas, tanto espanhóis quanto australianos sofreram para passar às semifinais. Nadal chegou a ser derrotado pelo belga David Goffin em sets diretos (6-4, 7-6). Enquanto isso, a Austrália também conheceu um revés diante da Grã-Bretanha.
Nas semifinais, Sérvia e Rússia fizeram o confronto dos países que atropelaram seus adversários na fase anterior. Mas o esperado equilíbrio ruiu diante de uma Sérvia inspirada, que bateu o time de Daniil Medvedev e Karen Kachanov nos três jogos que disputaram. No outro lado da chave semifinal, a Espanha esqueceu o susto do confronto contra os belgas e atropelou a Austrália, derrotada três vezes.
Na final, a Sérvia largou mal, mas recuperou-se para conquistar o caneco da primeira edição da nova competição. Roberto Bautista Agut iniciou o confronto aplicando dois sets a zero em Dusan Lajovic, o tenista número dois da Sérvia no torneio (7-5, 6-1), que havia sido impiedoso diante do russo Karen Khachanov na semifinal. Na segunda partida da final, a Espanha perdeu a chance de confirmar o título. No jogo mais esperado da ATP Cup, o melhor tenista do mundo, Rafael Nadal, enfrentou o segundo do ranking, Novak Djokovic. No set inicial do duelo, Djokovic quebrou o serviço de Nadal no primeiro game e reinou absoluto até fechar com 6-2.
Alegadamente cansado, Nadal foi sensacional no segundo set, levando a parcial ao tie-break, que foi vencido por Djokovic, que marcou 7-4 e fechou o set em 7-6. Assim, a decisão da ATP Cup ficou para o desafio das duplas. O incansável Djokovic formou equipe com Viktor Troicki. Os sérvios enfrentaram e venceram o duo espanhol, formado por Feliciano López e Pablo Carreño Busta (6-3, 6-4), garantindo o caneco aos balcânicos.
A vitória sérvia significou a redenção de Troicki, que foi considerado culpado pela eliminação de seu país na fase final da Copa Davis, realizada em novembro passado, na cidade de Madri. Além disso, confirmou o ótimo momento de Novak Djokovic, que iniciou devagar, mas venceu todos os jogos que disputou na ATP Cup. Foram seis triunfos de simples e dois nas duplas. Nadal também ganhou os dois jogos de duplas dos quais participou, mas caiu em dois confrontos de simples.
Com todos estes fatores colocados na balança, os aficionados do tênis esperam um grande Aberto da Austrália, o primeiro Grand Slam da temporada, que inicia no dia 20 de janeiro. Em suma, um cansado Nadal pode perder o primeiro lugar do ranking para um motivado Djokovic, mas um descansado Federer pode surpreender e conquistar um Slam no ocaso da sua carreira.