Ser escritor na era digital

Por Esther Louro e Marcela Lorea

O alfabeto surgiu há mais de 5000 anos na Mesopotâmia, desde então a arte da escrita foi se desenvolvendo, passando a ser utilizada não apenas para registrar os acontecimentos, mas também para transportar o leitor para outro mundo. Os livros têm o poder de emocionar o leitor, ao fazê-lo se identificar com o tema tratado. Mas para que esses escritos cheguem até os leitores, eles devem ser publicados. E é precisamente ao tentar achar uma editora que acredite em suas ideias, que os escritores enfrentam uma grande dificuldade.

O desenvolvimento das mídias digitais forneceu uma plataforma alternativa para que os escritores não precisem ficar anos esperando a resposta de uma editora. Atualmente, através de sites, blogs, páginas e mesmo perfis de redes sociais, os escritores podem divulgar seus trabalhos de forma gratuita. Nesse contexto, diversos escritores vêm se destacando e fortalecendo seu nome com a ajuda do universo virtual. Este é o caso de Clarissa Corrêa, a escritora gaúcha possui mais de 135 mil seguidores em sua página do facebook.

Imagem: divulgação (http://www.clarissacorrea.com/)

Imagem: divulgação (http://www.clarissacorrea.com/)

Clarissa Corrêa

Foi com muita simpatia que a escritora e “estrela” do facebook Clarissa Corrêa aceitou conversar conosco. Infelizmente, não tivemos como nos encontrar pessoalmente, pois Clarissa estava na fase final de seu último livro, Um pouco além do resto (2013). Porém, com as novas tecnologias podemos conversar com ela e mesmo digitalmente percebemos, e você também vai perceber nas próximas linhas, que Clarissa é envolta de delicadeza e que tem muito a dizer.

O começo

A escritora, que ainda criança já escrevia cartas para seus pais e familiares, conta que “depois que eu entregava a cartinha ficava ao lado deles, esperando uma lágrima, daí eu cresci e percebi que na verdade o que eu gosto é de causar algum tipo de emoção nas pessoas”. Na época da adolescência, Clarissa escrevia ainda mais, mas infelizmente, seus textos acabavam indo sempre pra gaveta.

Clarissa passou pelos cursos universitários de Turismo, Direito e Psicologia, este último ela abandonou um ano antes da formatura, por não concordar com o sistema, para ela “terapia é libertação e não muleta”. Nesta mesma época, surgiu em Porto Alegre um novo curso de graduação: Formação de Escritores e Agentes Literários, coordenado pelo também escritor Fabrício Carpinejar. E então Clarissa se encontrou. “Me formei. Tenho diploma. Mas não sou escritora por causa disso, já que escrevo muito antes de me formar. Fiz porque foi onde me encaixei, onde me senti em casa, onde concordei com o sistema.”

 

Clarissa, do latim clarus: “clara, brilhante, famosa”

Em 2005, a escritora decidiu criar um blog para mostrar sua produção e ver se causava ‘algum tipo de emoção nas pessoas’. E causou. Em pouco tempo os leitores já pediam um livro de Clarissa. “Organizei o material, coloquei embaixo do braço e fui à luta. Levei muito não, muita portada na cara. Até que um dia deu certo”. Clarissa publicou Um pouco do resto, seu primeiro livro de crônicas, após vieram O amor é poá, livro de frases, Para todos os amores errados, livro de crônicas com o prefácio do jornalista e apresentador Pedro Bial e recentemente Um pouco além do resto, com o prefácio do escritor gaúcho Fabrício Carpinejar.

Após a publicação de seus dois primeiros livros, Clarissa começou a ficar conhecida nas redes sociais. E num belo dia escreveu um texto sobre uma participante do Big Brother, a polêmica Maria da 11ª edição. O texto circulou pela internet e chegou às mãos do apresentador Pedro Bial, que leu um trecho ao vivo no programa. “O engraçado foi que ele não falou meu nome, apenas uma frase. Mas as pessoas procuraram no santo Google, viram que era meu e, segundos após o Bial ter lido a frase os meus seguidores no Twitter começaram a subir. De 1500 foi para 5000 num passe de mágica.”Algum tempo depois a escritora lançou seu terceiro livro e ele escreveu o prefácio:“isso deu um up na minha carreira, me ajudou bastante”, conta Clarissa.

Seguida, citada e compartilhada…

Clarissa que diz ter se adaptado ao avanço tecnológico é hoje uma das escritoras da nova geração mais citada nas redes sociais. Ela nos conta que sua empreitada nas redes sociais começou ainda no Orkut, logo após com a explosão do Facebook criou uma página para divulgar textos e frases.

Para ela, as redes sociais e o blog clarissacorrea.com ajudam muito na divulgação. E Clarissa confessa: “eu adoro, as pessoas me tratam com um carinho gigante, me sinto bem feliz em ver que mudo, por pelo menos breves segundos, a vida das pessoas”.

Para ela, os seguidores de suas redes sociais e os leitores de suas colunas na revista Tpm são praticamente o mesmo público. Clarissa nos contou ainda que acha muito interessante esse movimento de mudança de mídias para acompanhar o público, pois a amplitude etária de seus leitores é muito grande, já que seus textos conquistam desde adolescentes até a terceira idade.

A arte da escrita

“Meus textos têm um tom íntimo, são quase confidências. Mas não são pedaços completamente meus, não. São pedaços de todo mundo, de quem sente, de quem é sensível.” Para ela, escrever não é inspiração, “quem escreve só quando está inspirado não é escritor, é apenas uma pessoa que escreve por hobby.”

Escrever é um trabalho como outro qualquer, tem que ter disciplina, “é brigar feio com a página em branco (…) procurar a melhor palavra em frestinhas que nem sempre conhecemos.” Clarissa explica lindamente seu afazer diário: “o que faço é tentar me colocar no lugar de todo mundo que vive abraçando e beijando suas próprias emoções.”

Vida de escritora, blogueira, redatora publicitária e colunista da revista Tpm e caderno donna

São muitos os afazeres de Clarissa, ela publica em seu blog, alimenta suas redes sociais, assina uma coluna no caderno Donna do jornal Zero Hora, a coluna Confissões e Confusões da Tpm, faz freelances como redatora publicitária e ainda tem uma linha de produtos com as suas frases:Poá.

Em seu blog Clarissa oferece serviços curiosos como produção de discurso de formatura e até votos de casamento: “são textos de amor, homenagens (…) e textos em geral. É super comum e eu adoro, pois me sinto escrevendo roteiros. As pessoas são os principais personagens, eu mergulho na vida deles e escrevo”.

Apesar das incertezas da vida de freelancer, Clarissa nos diz adorar a autonomia que isso lhe traz:“faço meu horário, minha rotina, gosto da minha vida como é hoje. Tenho mais tempo para minha casa, meu marido, minha cachorrinha e meus projetos.” Quando perguntada a respeito das mídias sociais em que atua, Clarissa conta que se adaptou ao avanço tecnológico e acredita que essas mídias são bons instrumentos de divulgação. “Eu adoro, as pessoas me tratam com um carinho gigante, me sinto bem feliz em ver que mudo por pelo menos breves segundos a vida das pessoas.”

 

As emoções que Clarissa nos causa

Em sua página do Facebook Clarissa é seguida por mais de 135 mil pessoas, dentre eles não há distinção de idade, todos se identificam com o que a autora escreve, pois ela fala dos sentimentos das pessoas e sentimento não tem faixa etária:

 

“A Clarissa Corrêa é uma autora que transmite sentimentos, escreve bem o quesentimos, aquilo que muitas vezes não temos coragem de falar ou até mesmo porque nos falte palavras para expressar o que sentimos e desejamos. Enfim, quem manifesta o que sente faz com que nós sejamos entendidos!” Miriam Fonseca, 28 anos

 

“Acompanho a Clarissa há muito tempo. Eu me identifiquei logo de cara, principalmente porque também escrevo e vi nas palavras dela as mesmas coisas que tento transmitir nas minhas: emoção. É a união entre o simples e o sincero, a gente lê e consegue sentir que ela faz aquilo com o coração, e acho que tudo que é feito assim dá certo. Ela consegue passar o que ela vê e vive no mundo de uma maneira bonita, leve, mesmo que seja um texto doído pra se escrever. Ela faz isso com o coração mesmo, acreditando no que faz, e acredito que esse é o maior diferencial que ela tem com relação à maioria das pessoas que tenta fazer sucesso escrevendo hoje em dia. Os textos dela conseguem colocar os meus pés no chão, na realidade mesmo, e às vezes as palavras são tudo o que a gente tem. Nessas horas eu fico feliz que sejam as palavras que ela escreve.” Camila Costa, 22 anos

 

 “Gosto de ler a Clarissa. Ela tem doçura nas palavras mesmo falando sobre as durezas da vida. Às vezes leio uma linha dela e me desperta uma imensa vontade de ir para o papel deixar uma história por lá.” Rita Germano, 32 anos

 

“Quando leio algo que a Ciça escreve, sinto como se fosse escrito para mim! Ela consegue por em palavras muita coisa que sinto e que penso. Parece que sabe o que dizer e na hora certa!!” Regina Silva, 55 anos

 

“Gosto de ler o que a Clarissa escreve pois me identifico com os temas com os quais ela trabalha, como amor e outros sentimentos. Além disso, ela escreve coisas que todo mundo pensa ou já pensou de uma forma clara, que deixa a marca de suas emoções no texto. Não tem como não se encantar !! ”Mila Arriada, 74 anos.

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