Semana em Pauta: do incêndio de Notre Dame à censura do STF

Por Júlia Müller

A segunda quinzena do mês de abril começou com tragédia internacional, tirando os escândalos envolvendo o Brasil do foco da mídia (mesmo que por um breve momento). As pautas nacionais voltaram ao holofote principal após o adiamento da votação da Reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.

O Supremo Tribunal Federal também dividiu a atenção das notícias com a votação polêmica: na segunda-feira (15), o ministro Alexandre de Moraes determinou que fosse retirada da rede reportagem publicada pela revista Crusoé – fato que gerou polêmica com direito a hashtags relacionando a decisão com o regime militar. Três dias depois, o STF revogou a proibição.

E o caso da vereadora assassinada em março do ano passado, Marielle Franco, ainda está sob investigação. A pergunta “quem mandou matar Marielle?” parece estar longe de ser respondida. Alguns avanços ocorreram nas investigações durante essa semana, a Justiça do Rio autorizou a quebra de sigilo dos usuários que pesquisaram por meio do Google informações sobre a vereadora dias antes do crime.

#DitaToga

Dando o pontapé inicial na semana, na segunda-feira (15) a revista Crusoé teve a reportagem “O amigo do amigo de meu pai”, que citava o presidente do Supremo Tribunal Federal Antonio Dias Toffoli, retirada da rede. A matéria falava de um documento da Operação Lava Jato que o delator Marcelo Odebrecht afirmava ser de Toffoli. O ministro Alexandre Moraes estipulou uma multa diária de R$ 100 mil em caso de descumprimento da ordem judicial, além de ordenar que a Polícia Federal ouvisse os responsáveis do site e da revista em até 72h.

As críticas à decisão foram rápidas, contabilizando mais de 100 mil tweets com as tags #stfvergonhanacional e #ditatoga. Paralelo a isso, as discussões dentro da cúpula do Judiciário decidiram, já na quinta-feira (18), pela revogação da proibição.

       Levantamento aponta cem mil ataques ao STF em apenas duas hashtags | O Globo

       ‘O amigo do amigo de meu pai’: publicamos a reportagem da Crusoé que o STF censurou | The Intercept Brasil

400 dias sem Marielle

A quinta-feira (18) marcou os 400 dias da data em que a vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, foi assassinada. As investigações do caso estão em andamento. Na quarta-feira (17), a Justiça do Rio determinou a quebra de sigilo dos internautas que buscaram informações sobre Marielle dias antes do crime, que ocorreu em março do último ano. Para que a decisão fosse tomada, o Tribunal fluminense recusou a argumentação da Google, na qual apontava a medida como sendo institucional.

Apesar da boa nova, a Polícia Civil divulgou essa semana que os PMs suspeitos de envolvimento no assassinato possivelmente combinaram os depoimentos dados na Divisão de Homicídios. Ronnie Lessa, sargento reformado, e Élcio de Queiroz, ex-PM, estão presos desde o dia 12 de março.

       Justiça autoriza quebra de sigilo de quem pesquisou sobre Marielle na internet dias antes do crime | G1

       Polícia acredita que suspeitos da morte de Marielle combinaram versões em encontro no dia de depoimento | G1

Ficou pra semana que vem

Uma das principais propostas do atual governo ainda engatinha a passos lentos entre os parlamentares. A votação do parecer da reforma da Previdência foi adiada para a próxima semana por conta do pedido do relator, deputado Marcelo de Freitas (PSL-MG), acatado pelo presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. A proposta do deputado é para que ele analise algumas sugestões de mudança no texto, feitas por líderes partidários.

        Presidente da CCJ diz que votação da Previdência ficará para semana que vem por falta de acordo | G1

Os resquícios dos 80 tiros

Na madrugada da quinta-feira (18), o catador de materiais recicláveis, Luciano Macedo, faleceu por complicações do fuzilamento realizado por militares do Exército contra um carro na última semana. Luciano estava internado em internado em estado grave no Hospital Estadual Carlos Chagas, no Rio de Janeiro, e havia passado por uma cirurgia no tórax um dia antes da morte, por conta de problemas no pulmão.

         ‘O Exército matou meu filho’, diz mãe de catador baleado por militares em Guadalupe | O Globo

Tragédia Internacional

O final da tarde de segunda-feira dos parisienses chamou a atenção de todo o mundo. Perto das 18h50, a catedral de Notre-Dame foi atingida por um incêndio de grandes proporções, iniciado no sótão do símbolo histórico da cidade. Quem não estava lá ficou sabendo do fogo pelas redes sociais, diversos usuários publicaram vídeos das chamas no Twitter. Estruturas como a ‘Santa Coroa’, o órgão e peças de mármore foram preservadas. O presidente Emmanuel Macron anunciou em pronunciamento oficial que a catedral será reconstruída por meio de uma campanha nacional.

          Vídeo 360º: A catedral antes do incêndio (Notre-Dame cathedral before the fire) | BBC News

          Fotos: confira o interior da catedral depois do fogo | reprodução de BBC News

          Incêndio em Notre-Dame: o que se sabe sobre a tragédia que consumiu catedral em Paris | BBC News

Também merecem atenção

  • De R$ 998 para R$ 1.040: o governo federal anunciou a proposta de aumento do salário mínimo para o ano de 2020. O detalhe do projeto é que o aumento se dá somente pela inflação, ou seja, sem aumentos reais (acima da inflação), conforme vinha sendo implementado nos últimos anos. Caso aprovado pelo Congresso, será a primeira vez que o valor ficará acima de R$ 1 mil.

Governo propõe salário mínimo de R$ 1.040 para 2020, sem aumento acima da inflação | G1

  • O dia 19 de abril é data do controverso Dia do Índio. A celebração, que em muitas vezes se resume nos pequenos do ensino básico retornando às casas após a aula com cocares de papel, foi avaliada como ‘folclórica e preconceituosa’ pelo escritor indígena Daniel Munduruku, em entrevista a BBC News.

          Por que (e por quem) o ‘dia do índio’ é contestado | Nexo Jornal

 

 

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