Segundo Ciclo de Palestras DOE aborda a doação de órgãos em Pelotas

As palestras acontecem desde agosto e estão planejadas para continuar até o final do ano.

Por Maria Eduarda Lopes / Em Pauta

Na última quarta-feira (18), ocorreu o Segundo Ciclo de Palestras DOE no Auditório da Beneficência Portuguesa de Pelotas. O evento foi organizado por ONGs dedicadas à conscientização da doação de órgãos e tecidos para transplantes com apoio de hospitais da região. A programação contou com duas palestras e uma mesa redonda, tendo início às 18h.

Cada ciclo é composto por um conjunto de palestras que abordam diferentes assuntos do processo de doação de órgãos, com a finalidade de informar a população sobre as etapas e a situação atual dos transplantes no Brasil, além de compartilhar a trajetória de vida dos transplantados. O primeiro evento foi realizado em agosto deste ano. “Nossa ideia é fazer quatro ciclos entre agosto, setembro, outubro e novembro. Vamos encerrar esse ciclo em novembro com uma caminhada pela causa”, explica a enfermeira da OPO5, Organização de Procura por Órgãos, Larissa Konzgen.

Entre as organizações envolvidas no evento, além da OPO5, estão a Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (ADOTE), a Liga Pelotense Doe Órgãos (LPDO) e a Associação Nacional de Pré e Pós Transplantados (ANPPT). “Temos um grupo de pessoas, que são profissionais ou voluntários, engajados no processo da doação de órgãos, e a fim de conscientizar e educar a população, resolvemos criar essas etapas de palestras para convidar aqueles que simpatizam com o assunto, para que possam então conhecer um pouco de todo o processo e as histórias das pessoas que esperam por um transplante, ou que já o receberam”, explica Larissa.

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Apesar do Brasil ser uma referência na área, ao ter um dos maiores sistemas públicos de transplantes do mundo e ser líder mundial em número de doações, o assunto ainda é considerado um tabu no país e no resto do mundo. Os mitos associados ao processo acabam desinformando e provocando a disseminação de preconceitos e estereótipos, contribuindo para um cenário crítico de recusas. Cerca de 3.000 pessoas morrem por ano na lista de espera por transplantes, conforme dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Até junho, 64.265 adultos e 1.284 crianças estavam na lista de espera do Sistema Nacional de Transplantes.

O processo é composto por várias etapas. A mais importante delas é a manifestação da vontade, ou seja, a pessoa que deseja ser doadora deve comunicar à sua família, pois é ela que toma a decisão final. É justamente a recusa familiar a principal causa da não doação de órgãos. No país como um todo, essa média atual é de 45%.

“Aqui na cidade temos grupos que são engajados nessa causa, mas o ideal seria que mais entidades trabalhassem com a conscientização, porque no momento da entrevista as pessoas ainda não conhecem sobre o processo, o que atrapalha muito a decisão naquele momento de dor. Entrevistamos as famílias em um momento de luto, em um momento de tristeza, então se eles nunca ouviram falar é muito mais difícil. Se as mídias nos ajudassem, o momento da entrevista seria mais confortável e tranquilizador. Mas isso não acontece. São poucas as entidades que trabalham com essa causa. Isso é muito importante para que em algum momento na vida a pessoa já possa ter ouvido sobre a doação de órgãos”, explica Larissa.

Em Pelotas, a Liga Pelotense Doe Órgãos (LPDO) foi fundada em 2022 através do transplantado Phillyp Almeida. “Hoje ela tem um grande significado pra mim, por ser um transplantado e por ter necessitado de um sim à vida, de um gesto de amor e generosidade de uma família em um momento tão difícil. Eu vejo muito um renascimento por meio disso, e um conforto pra família ao doar os órgãos do seu ente querido, um conforto para esse luto”, relata Phillyp. “A importância que a causa faz é devolver, porque assim como eu precisei, muitas pessoas ainda necessitam de um transplante”.

Liga Pelotense Doe Órgãos faz apresentação (Phillyp Almeida e Dânia Borio Xavier). / Foto: Maria Eduarda Lopes/Em Pauta.

A OPO5 faz um apelo à comunidade: “Se não puderem fazer parte do ciclo de palestras, procurem alguma entidade ou instituição que possa conversar e explicar sobre o processo da doação de órgãos. Hoje quem decide sobre o sim ou não é a família. Temos que ser capacitados e temos que conhecer sobre o assunto para poder decidir. O principal é estar informado”.

Os próximos ciclos e inscrições serão divulgados no perfil do Instagram da Associação Nacional de Pré e Pós Transplantados (@anppt.associacao) e no perfil da Liga Pelotense Doe Órgãos (@ligapelotensedoeorgaos).

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