Polícia Federal desarticula garimpo ilegal no Amapá em operação, escrivã compartilha desafios enfrentados e impacto das ações

A Polícia Federal tem realizado ações em diversos estados com o objetivo de combater essa atividade ilegal

Por Carolina Ferreira / Em Pauta

Imagens do garimpo São Domingos. – Foto: Arquivo pessoal /Juliana Ferreira

A operação Águas de Prata ocorreu nos dias 4 e 5 de abril, no Amapá, no garimpo denominado São Domingos,  localizado no município Pedra Branca do Amapari. O objetivo da operação era destruir o maquinário utilizado na extração ilegal de ouro, consequentemente encerrando as atividades do garimpo no local. A ação contou com a colaboração do Exército, que disponibilizou um helicóptero para auxiliar na operação, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA).

Entrevistamos a escrivã Juliana Ferreira, integrante da equipe da operação contra garimpo ilegal no Amapá. Em detalhes, ela nos revela como foi a preparação para uma missão dessa magnitude e quais foram os desafios enfrentados durante a ação.

Juliana relata que os desafios da operação começaram antes mesmo de chegarem ao local do garimpo ilegal. Devido ao período chuvoso, a região isolada e de difícil acesso tornou-se ainda mais complicada. A equipe, composta por mais de 100 policiais federais, utilizou os três meios de acesso disponíveis: vias aéreas, fluviais e terrestres. No entanto, mesmo com essas opções, a PF enfrentou obstáculos para chegar no local. As estradas estavam em condições precárias, o que levou ao atolamento de viaturas, exigindo o uso de tratores para retirá-las da lama. Na via fluvial, os policiais precisaram desembarcar das embarcações em diversos trechos do rio, para passar pelas cachoeiras sem danificar os barcos.

Ao chegar no local, a equipe da Polícia Federal encontrou o garimpo praticamente vazio, com algumas pessoas fugindo para a mata, como relatado por algumas equipes. No entanto, a abordagem foi realizada de forma pacífica e tranquila, sem qualquer tipo de violência ou confronto.

Imagens do garimpo São Domingos. – Foto: Arquivo pessoal / Juliana Ferreira

No que diz respeito à preparação para uma operação como essa, Juliana contou que a Polícia Federal realiza, em primeiro lugar, um estudo de caso minucioso, com o objetivo de antecipar e estar preparada para todos os cenários possíveis. No planejamento é avaliado o número de policiais necessários para a operação, levando em consideração o alto risco envolvido, uma vez que o local era isolado e desconhecido pela equipe. Além disso, havia a incerteza em relação ao número de pessoas presentes no local e se essas pessoas estavam armadas, o que aumentou a necessidade de precaução na abordagem.

Outro fator importante que a equipe da Polícia Federal leva em conta é o fato de que muitas pessoas que vivem nos garimpos ilegais têm laços profundos com o local, tendo nascido e crescido ali. Por essa razão, é essencial que a abordagem seja realizada com cautela e que a equipe esteja preparada para lidar com as particularidades da comunidade local, incluindo crianças e idosos. 

A operação Águas de Prata contou com o auxílio do exército, que disponibilizou helicóptero. – Foto: Arquivo pessoal /Juliana Ferreira

De acordo com Juliana, é fundamental que os garimpos ocorram em áreas regularizadas e de forma legal. Porém, também é importante entender a dimensão social dessa situação:

“O que eu acho mais relevante é justamente o fato de que, por mais que seja algo ilegal, e a gente tem que inibir esse tipo de tarefa, precisamos ter ciencia de que é algo muito cultural e é algo que as pessoas fazem há muitos anos. É só isso que eles sabem fazer, eles cresceram no garimpo e criaram os seus filhos lá. É necessário que a gente veja esse lado, pois ao mesmo tempo em que estamos desativando um garimpo queimando as máquinas, também estamos falando um pouco da história de cada pessoa que vive nesse local, e acho que essa é a principal questão social envolvida nisso.” 

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