Oscar 2024: os destaques da noite e as vitórias de Oppenheimer
Exibida no Brasil pela TNT e Max, a maior premiação do cinema aconteceu no último domingo (10), em Los Angeles. O principal vencedor da noite foi o filme Oppenheimer, de Christopher Nolan
Por Felipe Boettge e Jaime Lucas Mattos / Em Pauta
A 96ª cerimônia do Oscar aconteceu no último domingo (10), sob a apresentação do comediante Jimmy Kimmel, e consagrou Oppenheimer como o grande vencedor da noite, levando sete estatuetas. A premiação foi transmitida no Brasil através da TNT e ainda está disponível para assistir no streaming Max, por tempo limitado.
O evento, que entregou 23 prêmios, teve poucas surpresas, consagrando filmes e profissionais que já estavam sendo cotados para a vitória, como adiantado pelo Em Pauta.
Um dos destaques da cerimônia foi o modelo de apresentação dos vencedores nas quatro categorias referentes aos trabalhos de atores e atrizes. Em cada uma das categorias, cinco antigos vencedores – incluindo o ganhador de 2023 – foram ao palco discursar sobre os indicados antes de entregar o prêmio ao novo ganhador. Dentre os vinte artistas que participaram deste momento, estiveram Regina King (Se a Rua Beale Falasse), Lupita Nyong’o (12 Anos de Escravidão), Sam Rockwell (Três Anúncios para um Crime), Mahershala Ali (Moonlight), Nicolas Cage (Adaptação), Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida), Charlize Theron (Monster – Desejo Assassino) e Jessica Lange (Céu Azul).
Com um discurso emocionante, Da’Vine Joy Randolph foi premiada como Melhor Atriz Coadjuvante, por seu trabalho em Os Rejeitados. O prêmio foi entregue pela vencedora desta mesma categoria no ano anterior, Jamie Lee Curtis (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo). Ke Huy Quan (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo) entregou o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante a Robert Downey Jr., por sua interpretação a Lewis Strauss em Oppenheimer.
Oppenheimer também consagrou Cillian Murphy como Melhor Ator Protagonista, com prêmio entregue por Brendan Fraser (A Baleia). Michelle Yeoh (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo) entregou o prêmio de Melhor Atriz Protagonista a Emma Stone, por sua interpretação como Bella Baxter em Pobres Criaturas. Vale mencionar que esta categoria foi postergada para ser a penúltima da noite, para segurar a audiência, devido à alta expectativa na disputa entre Stone e Lily Gladstone pelo prêmio.
Os momentos musicais divertiram a noite, especialmente com relação às performances de músicas do filme Barbie. Billie Eilish subiu ao palco ao lado de um piano e de seu irmão e parceiro musical, Finneas, para cantar a premiada por Melhor Canção Original, “What Was I Made For?”, música que reflete os conflitos de identidade e de propósito da boneca Barbie.
No entanto, o momento de maior destaque musical foi a performance de Ryan Gosling para a música “I’m Just Ken”, que levantou o auditório e certamente marcou a história do Oscar. Em uma apresentação que não deve nada à cena do filme, a “Kenergy” dominou o palco e a plateia, entregando um verdadeiro show musical que facilmente se tornou o melhor momento da noite. Contando com 65 dançarinos e a participação surpresa de outros atores de Barbie, como Simu Liu, Ncuti Gatwa, Kingsley Ben-Adir e do lendário guitarrista do Guns N’ Roses, Slash, o momento foi levado a uma proporção que não o permitirá ser esquecido.
Oppenheimer, que conta a história de J. Robert Oppenheimer (Cillian Murphy), com suas controvérsias, polêmicas com o comunismo durante a guerra fria e toda sua participação no evento que mudou a história da humanidade, a criação da bomba atômica. Conquistando sete prêmios dentre os 13 que estava indicado, o filme levou a melhor nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Protagonista, Melhor Montagem, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Edição de Fotografia, confirmando as expectativas e consagrando a obra de Christopher Nolan como a grande produção de 2023.
Pobres Criaturas, segundo filme mais indicado da noite, também foi o segundo mais premiado, levando quatro estatuetas. O filme narra uma modernização de Frankenstein, em que a protagonista é Bella Baxter (Emma Stone), uma mulher trazida de volta à vida após um acidente, que tem uma grande curiosidade em desbravar o mundo fora da propriedade do seu “criador”, o cientista Dr. Godwin Baxter (Willem Dafoe). Os percalços enfrentados por Bella transformam sua visão de mundo e sua própria identidade. Além do prêmio conquistado por Emma Stone, o filme ainda ganhou nas categorias de Melhor Cabelo e Maquiagem, Melhor Direção de Arte e Melhor Figurino.
Vale mencionar que a premiação de Melhor Figurino foi uma das mais engraçadas da noite já que foi apresentada por um John Cena completamente nu e envergonhado, que ganhou a ajuda de Jimmy Kimmel após anunciar os indicados, usando uma cortina como vestido. A piada vai além da brincadeira sobre a importância do figurino, também remetendo a um acontecimento que marcou a história do evento. Em 1974, o fotógrafo e ativista Robert Opel, conseguiu subir ao palco, fingindo ser um jornalista, e passou correndo completamente nu e fazendo um sinal de paz com as mãos durante a apresentação da categoria de Melhor Filme.
Zona de Interesse, filme britânico ambientado durante o holocausto, foi o terceiro mais premiado, levando duas estatuetas, nas categorias de Melhor Filme Internacional e Melhor Som. Jonathan Glazer, diretor do filme, fez um paralelo da ambientação de Zona de Interesse às mortes que acontecem na Faixa de Gaza nos últimos anos.
Outro diretor que trouxe o assunto sobre guerra para o palco foi o diretor ucraniano Mstyslav Chernov, que discursou sobre o conflito Rússia X Ucrânia quando recebeu o prêmio de Melhor Documentário, por 20 dias em Mariupol. O documentário acompanha jornalistas ucranianos presos na cidade sitiada de Mariupol na luta para continuar o seu trabalho de documentação das atrocidades da guerra. “Eu serei provavelmente o primeiro diretor neste palco a dizer que eu desejava nunca ter feito esse filme. Eu gostaria de poder trocar isso pela Rússia nunca ter invadindo a Ucrânia, nunca ocupando nossas cidades”, disse o diretor.
Na categoria de Melhor Animação, também não houve surpresas. O Menino e a Garça desbancou o Homem-Aranha e conquistou o segundo Oscar de Hayao Miyazaki, este que, ao que tudo indica, será o último filme do diretor. Miyazaki não compareceu ao evento devido a sua posição contrária aos Estados Unidos, repetindo sua ausência de 2003, quando venceu por A Viagem de Chihiro.
Também do Japão, o vencedor de Melhores Efeitos Visuais foi Godzilla Minus One, sendo o primeiro de quase 40 filmes com o monstro a ser premiado pela Academia. O grande destaque por trás da chegada do filme ao Oscar é o seu relativo baixo orçamento, cerca de 15 milhões de dólares, o que geralmente indica um menor desempenho visual, mas que foi o suficiente para que a equipe entregasse efeitos impressionantes e que são essenciais para o sucesso do filme.
A vitória expressiva de Oppenheimer e Pobres Criaturas acabou deixando poucas opções para os outros grandes indicados da noite. Barbie, que tinha oito indicações, saiu da cerimônia apenas com o prêmio de Melhor Canção Original, enquanto Assassinos da Lua das Flores, que obtinha dez indicações, saiu sem qualquer prêmio. Anatomia de uma Queda (Melhor Roteiro Original) e Ficção Americana (Melhor Roteiro Adaptado) saíram apenas com um prêmio. Além disso, outros filmes completaram a noite de mãos vazias, como Vidas Passadas, Napoleão e Maestro, que ficaram sem subir ao palco.
Para conferir a lista completa de vencedores, acesse o site oficial da premiação (em inglês).
