O cotidiano e a arte em espetáculos do Curso de Dança da UFPel

As montagens ‘’O ritmo do cotidiano’’ e ‘’Coisas que eu queria te dizer’’, dirigidas pelas alunas Mariana Martins e Francine Sampaio, buscam proporcionar novas experiências em diferentes contextos ao elenco e ao público

Montagem de espetáculo de dança na biblioteca da UFPEL. Foto: Larissa Borges /Em Pauta

Clarissa Ribeiro / Em Pauta

Entre os dias 5 e 11 de outubro, os palcos da Universidade Federal de Pelotas foram marcados pelas montagens de espetáculo ‘’O ritmo do cotidiano’’ e ‘’Coisas que eu queria te dizer’’, dirigidos pelas alunas do curso de Dança Mariana Martins e Francine Sampaio.
Combinando arte, poesia e emoção, os espetáculos do curso proporcionam aos alunos da UFPel e aos espectadores uma experiência única. Além de socializar com o público, os estudantes têm a oportunidade de se tornarem diretores de suas próprias obras, aprimorando suas habilidades em diferentes contextos de trabalho.

Alunas do grupo preparam espetáculo. Foto: Gabriele Winkel / Em Pauta

Com a dança atuante como meio de expressão, as montagens se tornam uma forma de refletir a sua função na sociedade. A proposta de ‘’O ritmo do cotidiano’’, de acordo com a diretora Mariana Martins, procurou aproximar os espectadores da arte da dança por meio do reconhecimento dos movimentos do dia a dia: ‘’A escolha do tema da montagem surge a partir das experiências que tive em estágios durante o curso, com atividades voltadas para dança a partir de movimentos do dia a dia. Dessa forma, pretendeu-se oportunizar reflexões acerca de que todo corpo é capaz de dançar.’’, explica Mariana. Ao trabalhar com movimentos rotineiros e com um elenco formado majoritariamente por pessoas iniciantes na dança, a diretora procurou oportunizar uma vivência diferente e inovadora ‘’Ter essa experiência foi muito importante para mim, principalmente por enxergar nos corpos em cena a potencialidade no dançar de cada uma e conseguir proporcionar que as próprias intérpretes-criadoras se reconhecessem como pessoas que dançam’’, diz.

Além disso, para Anita Manzke, parte do elenco e aluna do primeiro semestre de Teatro, o espetáculo encoraja as pessoas que, por algum motivo, acreditam que não podem dançar: ‘’Quando a gente mostra que sim, todos nós dançamos na nossa rotina, que tudo à nossa volta pode virar dança, abre um espaço para as pessoas se sentirem confortáveis e enxergarem que sim, todos nós podemos estar nesse contexto de dança’’, comenta Anita. O espetáculo buscou aproximar o público da arte e, dessa maneira, reafirmar o papel social da dança nos detalhes, proporcionando um novo olhar e, para Gabriele, uma das espectadoras, o espetáculo ofereceu uma nova perspectiva: ‘’Obtive uma nova percepção sobre a dança. Consegui perceber que ela está no nosso dia a dia, em nossa rotina e em pequenas coisas’’ conta.

Ensaios, ensaios e ensaios para tudo estar certo no espetáculo. Foto: Larissa Hönke/ Em Pauta

Por outro lado, a peça ‘’Coisas que eu queria te dizer’’ aproxima seu público de uma perspectiva sobre a contemporaneidade com sensibilidade e uma reflexão sobre a comunicação. Para Francine, diretora do espetáculo, a forma moderna de se comunicar pode ser restrita e insuficiente: ‘’O meu objetivo é fazer com que as pessoas, os espectadores, o público reflita sobre a escassez da comunicação entre as pessoas hoje em dia por conta das tecnologias que acabam criando uma bolha. E aí a gente deixa de falar pras pessoas o que a gente sente, o que a gente percebe, o que a gente vê, o que a gente não vê.’’, explica Francine.
Ao explorar as cartas como meio de comunicação, a diretora revisitou sua infância e sua dinâmica familiar em momentos difíceis ‘’A escolha do tema da minha montagem aconteceu em questão de ter essa abordagem das cartas dentro da minha família. A gente sempre teve problemas de comunicação entre nós. E aí, a minha mãe e eu começamos a fazer cartas pra poder se comunicar uns com os outros. Então, as minhas partes artísticas da faculdade sempre foram em relação à minha família, à minha vida, uma coisa mais pessoal’’, conta.

Além disso, para aumentar a interação com seu público, Francine, em parceria com sua orientadora Josiane Corrêa, solicitou uma senha para a entrada do espetáculo: Uma carta com coisas que nunca foram compartilhadas a alguém, como forma de ingresso. ‘’Como fala sobre cartas, e eu tenho as cartas presentes na minha montagem, nós decidimos fazer de um outro formato, que não seja o óbvio’’, explica. A montagem, que explorou os sentimentos e a comunicação de todas as maneiras, inclusive em suas músicas e
narrações, se faz uma oportunidade de entendermos a sociedade e seu comportamento ‘’Então a Francine explorou a escrita de cartas, instigando o elenco a narrar memórias afetivas, criou coreografias que buscam “falar com o corpo”, selecionou músicas que
comunicam mensagens importantes na visão dela, entre outras possibilidades’’, aponta a orientadora Josiane. ‘’Considero interessante refletir sobre o trabalho dela, pois experimentar diferentes modos de se comunicar faz com que mais pessoas possam receber e recriar as informações disponibilizadas’’
Assim, cada montagem exerceu seu devido papel de expressividade, alcançando o objetivo de impactar e conscientizar o público, tanto em relação ao cotidiano quanto à comunicação.

Grupo de bailarinos do Curso de Dança da UFPEL Foto: Larissa Borges/Em Pauta

 

Comentários

comments

Você pode gostar...