O calendário que continua apertado

Por Mateus Bunde

O futebol brasileiro atual vem sendo abastecido de críticas por seu funcionamento em geral. O baixo nível técnico das partidas, as “Super Arenas” vazias, endividamento dos clubes e o principal desespero de técnicos: o calendário do futebol brasileiro.

As críticas em relação ao calendário são diversas, e quase nenhum elogio é feito. Extensão dos estaduais, encurtamento do Campeonato Nacional, competições semestrais e a não paralisação nas chamadas datas fifa (Datas FIFA são os dias destinados, no calendário FIFA, aos jogos das seleções de cada país). O fato do enxugamento do calendário deve-se ao grande número de partidas realizadas no ano. Essa superlotação de jogos pode ocasionar lesões e desgaste extremo aos atletas.

Calendário de 2015

A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) divulgou, no mês de agosto, o calendário do futebol brasileiro para o ano de 2015. A principal novidade é a respeito do período que compreende a realização de pré-temporada dos clubes, que terá duração de 25 dias, de 7 a 31 de janeiro, com início dos estaduais programados para o mês seguinte.

As exceções ficam por conta da região Nordeste, que contará com 12 dias, devido à disputa da Copa do Nordeste, e do Norte e Centro-Oeste, que terá disponível 15 datas, em razão da realização da Copa Verde. Em conseqüência do ajuste e regularização aos dias de pré-temporada, os jogadores terão mais tempo de férias, que compreenderá entre 8 de dezembro – um dia após o término da Série A – a 6 de janeiro.

A imagem a seguir ilustra os dias que compreenderão o período de cada competição:

Foto: Reprodução Globo Esporte

Imagem: Reprodução Globo Esporte

Bom Senso F.C. faz duras críticas ao novo calendário

Segundo publicação oficial, o Bom Senso F.C (movimento dos jogadores de futebol) criticou o novo calendário proposto pela CBF. De acordo com o documento, até mesmo um aspecto que parece positivo, como a adoção de pré-temporada de 21 dias, foi uma medida tomada, segundo o Bom Senso, muito mais pensada em evitar prejuízos às emissoras de televisão (que viram as audiências futebolísticas diminuírem drasticamente no mês de janeiro) do que na saúde física dos jogadores.

O movimento alegou que o calendário foi “espremido”, pois, apesar do tardado início dos estaduais – se comparado ao ano passado – o número de datas destinadas às partidas se torna a mesma. Além disso, os atletas reclamam que nenhuma competição teve seu formato alterado e que há clubes que poderão disputar até 84 partidas no ano (43% a mais do que qualquer clube alemão, salienta no documento).

Jogadores e técnicos fazem coro ao movimento

 

Foto: Assessoria/SPFC

Foto: Assessoria/SPFC

 

Melhor jogador do mundo de 2007, jogador da seleção brasileira nas copas de 2002, 2006 e 2010 e ex-jogador de Milan e Real Madrid. Ricardo Izecson dos Santos Leite, o Kaká, após 12 temporadas na Europa, voltou ao Brasil pra jogar pelo São Paulo e não foi mole nas críticas ao calendário do futebol nacional. “Penso que seleção é um prêmio, e ele chegou para mim neste momento. São dois jogos, e estou muito feliz por receber esse prêmio. Vou ficar fora do São Paulo em três jogos, mas acho que temos um grupo forte para suprir essas ausências. Aí volta de novo a questão do calendário, que precisa ser revista, para não prejudicar os clubes. Lá fora, os jogos param. Isso precisa ser discutido para não ficar só no plano de ideias e projetos”, disse Kaká em entrevista coletiva.

O comandante de Kaká no São Paulo, Muricy Ramalho, reforçou o argumento do craque sobre o calendário atual proposto pela CBF. “Não adianta falar a mesma coisa de sempre. O que se faz com um time como o São Paulo, que joga três vezes em uma semana, é um absurdo. A cada jogo, perdemos um jogador. E vai chegar o momento em que vamos estourar todo o mundo. Estou cansado disso”, afirmou em entrevista coletiva após a vitória sobre o Criciúma, no último fim de semana. 

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