Indústria fonográfica segue tentando adaptar-se à Internet

Por Vicente Pardo

Desde o surgimento do Napster, primeiro programa de compartilhamento de arquivos de música pela Internet, em 1999, a pirataria virtual ganhou destaque nos debates entre grandes gravadoras e o público. 15 anos depois, artistas e selos perceberam que é preciso coexistir com o comércio de músicas pela web. Tal comportamento reflete no surgimento de diversas alternativas na rede para o consumo musical. Sejam as lojas virtuais, como iTunes e Amazon, ou o serviços de stream, com destaque para o Spotify.

O Spotify é um serviço de streaming (transmissão pela internet) que foi lançado em 2008, e hoje, já possuí mais de 40 milhões de usuários ao redor do planeta. Nele é possível acessar um acervo de milhões de músicas, de forma gratuita e sem infringir nenhum tipo de lei de direitos autorais. Os lucros do Spotify vêm de publicidades entre as músicas e assinaturas, que garantem aos contratantes algumas facilidades.

Este lucro é revertido em pagamento aos artistas, que recebem em torno de US$0.006 até US$0.0084 por execução de suas músicas no serviço. O valor pode parecer pequeno, mas quando trata-se de um grande nome da indústria, as cifras podem transformar-se facilmente em US$425,000 mensais, de acordo com o site SpotifyArtists. Mensalmente, cerca de 70% dos lucros obtidos pelo Spotify são revertidos a gravadores e distribuidores.

O peso do novo álbum de Taylor Swift

Apesar de a Internet oferecer maneiras de músicos lucrarem com suas produções, alguns artistas ainda colocam em cheque o real impacto que o comércio pela web tem em sua arte, e principalmente em suas finanças. O debate voltou a entrar em evidência esta semana, quando a cantora Taylor Swift retirou do Spotify todas suas músicas catalogadas, justamente na semana de lançamento de “1989”, o quinto álbum de sua carreira.

"1989", novo álbum de Taylor Swift, não deverá estar no catálogo de dispositivos de streaming. Foto: Reprodução (http://bit.ly/1wuPMsc)

“1989”, novo álbum da cantora, não deverá estar no catálogo de dispositivos de streaming. Foto: Reprodução (http://bit.ly/1wuPMsc)

O novo trabalho de Taylor chegou às lojas, no dia 27 de outubro, envolto numa cortina de expectativa por parte do mercado. De acordo com a revista Billboard, o registro da cantora pop deve bater o recorde de melhor primeira semana de vendas desde 2002, além de dar a Taylor Swift o título de melhor semana inicial de uma artista feminina, tirando o posto que desde 2000 é do álbum “Oops!… I Did It Again”, de Britney Spears. É estimado que “1989” venda cerca de 1.3 milhões de cópias em seus primeiros dias no mercado.

“O valor de um álbum é, e continuará sendo, baseado na quantidade de coração e alma que o artista colocou no trabalho dele (…) Pirataria, compartilhamento de arquivos e streamings têm encolhido os números de vendas dos álbuns pagos”, afirmou Taylor em entrevista ao jornal Wall Street Journal, justificando a razão pela qual ela retirou suas músicas do Spotify. Apesar de aparentar ser uma decisão voltada para impulsionar as vendas de seu novo lançamento, a cantora também comentou que a arte é algo importante e raro, e coisas assim devem ser valorizadas.

O Spotify manifestou-se através de um blog, afirmando que cerca de 16 milhões de seus usuários executaram músicas de Taylor no último mês e que eles estão torcendo para que a cantora “… mude sua opinião e junte-se a nós para construirmos uma nova economia musical que funcione para todos”. O serviço também lançou uma lista de reprodução chamada “O que ouvir enquanto a Taylor está longe”, uma forma bem humorada de lidar com a situação.

Escute a primeira música de trabalho do novo álbum de Swift:

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