NÓS
Por Graça Vignolo de Siqueira
Sinopse:
“Adelaide (Lupita Nyong’o) e Gabe (Winston Duke) decidem levar a família para passar um fim de semana na praia e descansar na casa de veraneio. Eles viajam com os filhos e começam a aproveitar o ensolarado local, mas a chegada de um grupo misterioso muda tudo e a família se torna refém.”
É bom saber se assistiu ao filme Corra! de Jordan Peele. Sim? E Gostou? Então vá sem medo assistir seu novo sucesso. Assistiu e não gostou? É melhor ficar em casa. Mas caso não conheça seu trabalho vale a pena.
A trama inicia e você não entenderá os fios pendentes. Relaxe. Lá adiante tudo se explica. Adelaide e Gabe são um casal que resolve aproveitar o clima de verão e sair com as crianças. A casa da família é agradável, fica perto da praia e não tem o que dar errado.
Já desde o início preste atenção na dualidade. Torres Gêmeas, número 11 repetidas vezes, o reflexo no espelho, tesouras, aranha de brinquedo e aranha de verdade.
Já bem instalados, a noite chega e com ela quatro pessoas são avistadas no escuro e na frente da casa. Gabe resolve encarar aquele grupo, que parece ser composto de dois adultos e duas crianças. Mas quando chega bem perto ele encontra pessoas iguais a ele e sua família.”
Falar da linda queniano-mexicana Lupita Nyong’o (Pantera Negra), é desnecessário. Afinal, ela ganhou o Oscar 2013 de Melhor Atriz Coadjuvante por 12 Anos de Escravidão.
Winston Duke estreou em Pantera Negra e também está muito bem no personagem. Mas quem chama a atenção é a menina Shahadi Wright Joseph, de 13 anos, que consegue ser melhor ainda na sua dupla.
Ainda não sou psicóloga, mas reconheço que o filme é um prato cheio para análises. Não só pela dualidade, mas pela certeza de que ninguém é totalmente bom, nem totalmente mau.
Os duplicados existem no subterrâneo dos Estados Unidos, são denominados de Atrelados e frequentam os vastos túneis abandonados pelos seres humanos da superfície.
Há toda uma referência ao outro. Lupita declarou para a Entertainment Weekly que: “O monstro sempre é o outro, a outra cultura, o outro país, o outro espectro político, a outra religião, o outro gênero”. As metáforas estão presentes constantemente. A própria invasão domiciliar lembra as pequenas violências que praticamos diariamente na sociedade.
Outra menção feita é sobre o Movimento USA For Africa de 1986. Até hoje é comentado o tanto que a mídia participou, mas no final a arrecadação não chegou nem perto do esperado.
O filme é um suspense de qualidade, mas você deve ir preparado. Na sala em que estava, a maioria da plateia sabia o que tinha ido assistir, embora umas quatro pessoas tenham se retirado na metade do filme.
Tem uma trilha sonora muito boa e com isso chega a ser desconcertante. Mais um ponto para a escolha de Jordan. Você não levará sustos, mas ficará estarrecido com o final.
Nota: 9,5